28 Junho 2021
Nos Estados Unidos não haverá nenhuma política nacional para negar a comunhão aos políticos católicos que, como o presidente Joe Biden, não se opõem às leis sobre a interrupção da gravidez. Depois das tensões no mundo católico estadunidense, provocadas pela decisão dos bispos de aprovar um documento sobre o "significado da Eucaristia", a Conferência Episcopal divulgou um texto de esclarecimento, que exclui qualquer medida nesse sentido, explica um artigo do Washington Post.
A reportagem é publicada por La Repubblica, 26-06-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Não haverá nenhuma política nacional de negação da comunhão aos políticos. A intenção é apresentar uma compreensão clara dos ensinamentos da Igreja e dar aos fiéis uma maior consciência de como a Eucaristia pode transformar as nossas vidas, aproximar-nos do Criador e da vida que ele deseja para nós", lê-se em um Q&A, texto com perguntas e respostas sobre o sentido do texto votado pelos bispos católicos estadunidenses em 18 de junho.
Naquela ocasião, no final da conferência episcopal da primavera do hemisfério norte, 168 bispos haviam votado a favor da redação de diretrizes sobre a comunhão. Outros 55 votaram contra e seis se abstiveram, ao final de um acalorado debate online entre aqueles que pediam para agir "com coragem" para defender os valores centrais da fé e aqueles que alertavam contra o risco de politizar a Eucaristia, transformando-a "em instrumento de um feroz confronto partidário".
Mas agora o Q&A visa aliviar as tensões, explicando que as orientações serão dirigidas "a todos os católicos" para que "apoiem a vida e a dignidade humana e outros princípios fundamentais da moral católica e seu ensinamento social". A questão da possibilidade de negar a comunhão a políticos católicos, especialmente democratas, que não se opõem às leis sobre o aborto, há muito divide o mundo católico estadunidense. Falou-se a respeito quando John Kerry estava concorrendo à presidência, mas a questão voltou à tona com a eleição de Joe Biden, um católico praticante que vai à missa e se comunica todos os domingos. Um presidente, convém recordar, a quem o Papa telefonou pouco depois da sua eleição "para lhe oferecer as suas bênçãos e felicitações".
Em maio passado, o Vaticano advertiu os bispos estadunidenses de que a definição de procedimentos contra políticos católicos corria o risco de causar divisão. Em apoio à sua exortação, o Vaticano também citou um documento de 2002 assinado pelo Papa João Paulo II e pelo então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o futuro Papa Bento XVI.
Assim, no final, os bispos escolheram uma linha mais prudente para evitar uma fratura. Biden sempre se mostrou confiante sobre isso. "É um assunto privado, não acredito que vá acontecer", disse ele a repórteres, quando foi questionado há alguns dias lhe seria negada a comunhão. Além disso, o cardeal Wilton Gregory interveio na assembleia dos bispos garantindo que os sacerdotes de sua arquidiocese de Washington DC nunca negariam a comunhão a Biden. "A escolha que temos diante de nós - disse ele - é seguir o caminho da unidade ou ir em direção a um documento que não conduzirá à unidade, ao contrário, a prejudicará".
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Estados Unidos, a marcha a ré dos bispos: sim à comunhão a Biden e políticos pró-aborto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU