24 Mai 2021
O Papa redesenha o caminho: começa nas dioceses, termina em Roma. Não apenas um encontro entre pastores, mas um processo em etapas. A reforma do processo que terá início nas dioceses está em andamento. A consulta de todas as Igrejas locais do mundo e depois dos continentes. A escolha de “ouvir o povo”.
A reportagem é de Gianni Cardinale, publicada por Avvenire, 22-05-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
O próximo Sínodo dos Bispos, programado para outubro de 2022, que tem a sinodalidade como centro, será adiado por um ano. A fase final, celebrada como de costume em Roma, acontecerá de fato em 2023. E isso porque o itinerário sinodal começará "por baixo" e terá duas fases antecedentes: primeiro em um plano diocesano e nacional, depois em nível continental. A novidade, aprovada pelo Papa Francisco no último dia 24 de abril, foi anunciada ontem por uma Nota da secretaria geral do Sínodo dirigida pelo cardeal Mario Grech. O documento recorda que o Sínodo dos Bispos “é o ponto de convergência do dinamismo da escuta mútua no Espírito Santo, conduzida em todos os níveis da vida da Igreja”. E explica que a nova articulação das diferentes fases do processo sinodal possibilitará “a verdadeira escuta do povo de Deus”, garantindo “a participação de todos no processo sinodal”. Porque o Sínodo “não é apenas um evento, mas um processo que envolve em sinergia o povo de Deus, o Colégio Episcopal e o Bispo de Roma, cada um segundo a sua função”.
Aquela que será a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos tem como tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. O caminho para a celebração do Sínodo será, portanto, articulado em três momentos, entre outubro de 2021 e outubro de 2023, passando por uma fase diocesana e outra continental, que darão vida a dois Instrumentum laboris diferentes, até aquela conclusiva em nível de Igreja universal. A abertura do Sínodo acontecerá tanto no Vaticano como em cada diocese. O caminho será inaugurado pelo Papa Francisco no Vaticano nos dias 9 e 10 de outubro. Com as mesmas modalidades, domingo, 17 de outubro, será aberto nas dioceses, sob a presidência do respetivo bispo. A fase diocesana do Sínodo terá lugar entre outubro de 2021 e abril de 2022. O objetivo deste momento é "a consulta ao povo de Deus para que o processo sinodal se realize na escuta da totalidade dos batizados, sujeitos do sensus fidei infalível in credendo".
Precisamente para "facilitar a consulta e a participação de todos", a secretaria geral do Sínodo enviará um documento preparatório, acompanhado de um questionário e de um vade-mécum com propostas para a realização da consulta em cada diocese. Antes do próximo mês de outubro, cada Bispo nomeará um diocesano responsável pela consulta sinodal, que poderá servir de ponto de referência e conexão com a Conferência Episcopal e acompanhará a consulta na Igreja particular em todos seus passos. Enquanto cada Conferência Episcopal, por sua vez, nomeará um responsável que possa atuar como referência e ligação tanto com os responsáveis diocesanos quanto com a secretaria geral do Sínodo.
A consulta nas dioceses será feita "através dos órgãos de participação previstos pelo direito”, sem excluir “as demais modalidades que se julguem oportunas para que a própria consulta seja real e eficaz”. A consulta em cada diocese terminará com um encontro pré-sinodal que será o momento culminante do discernimento diocesano. Em seguida, cada diocese enviará suas contribuições à Conferência Episcopal. Depois disso terá início um período de discernimento dos pastores reunidos em assembleia, “os quais são chamados a ouvir o que o Espírito suscitou nas Igrejas que lhes são confiadas”. No processo de redação da síntese também vai participar o responsável da Conferência Episcopal para o que se refere ao processo sinodal e sua equipe, bem como representantes eleitos para participar da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo, em Roma, uma vez ratificados pelo Papa.
Antes de abril de 2022, a síntese, juntamente com as contribuições de cada Igreja particular, será enviada à secretaria geral do Sínodo. Antes do próximo mês de setembro, a secretaria geral providenciará a redação do primeiro Instrumentum laboris. Esse texto será discutido em nível continental - esta é a segunda fase do itinerário sinodal - realizando assim "um novo ato de discernimento à luz das peculiaridades culturais específicas de cada continente".
Também antes de setembro de 2022, cada encontro internacional das Conferências Episcopais nomeará, por sua vez, uma pessoa responsável que pode atuar como referência e ligação. Em seguida, haverá um discernimento pré-sinodal nas Assembleias continentais, com critérios de participação dos bispos residenciais e de outros membros do povo de Deus que ainda precisam ser estabelecidos. Para o mês de março de 2023, as Assembleias se encerrarão com a redação de um documento final, que será enviado à Secretaria Geral do Sínodo.
A Nota recomenda que, no mesmo prazo, paralelamente às reuniões pré-sinodais em nível continental, se realizem também assembleias internacionais de especialistas, que possam enviar as suas contribuições a Roma. O roteiro prevê que antes de junho de 2023 a secretaria geral do Sínodo fará a preparação do segundo Instrumentum laboris, cujo texto será enviado aos participantes na Assembleia Geral que constitui a fase final, em nível da Igreja universal, do itinerário sinodal. A celebração do Sínodo dos Bispos em Roma, especifica a Nota, terá lugar em outubro de 2023 e seguirá os procedimentos estabelecidos na Constituição Apostólica Episcopalis communio. O inédito e articulado itinerário sinodal delineado ontem manterá, portanto, empenhados o povo de Deus e as estruturas eclesiais no curso do próximo biênio. Será necessário ver como esse processo se entrelaçará tanto com os caminhos sinodais nacionais já realizados (como na Alemanha) ou já em curso de preparação (como na Itália e Irlanda), e com os Sínodos diocesanos já convocados ou em via de celebração.
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O Sínodo recomeça “de baixo” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU