24 Março 2021
O recente encontro privado do Papa Francisco com um grupo de jovens ativistas franceses revela o método de trabalho do papa.
A reportagem é de Loup Besmond de Senneville, publicada por La Croix International, 22-03-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A reunião causou uma grande agitação.
O Papa Francisco recebeu um grupo de jovens ativistas sociais franceses no dia 15 de março que vieram enaltecer os méritos da economia social e da transição ecológica.
O Papa aproveitou a ocasião para encorajar essa geração a “começar uma revolução”, enquanto também condenava - como costuma fazer - os excessos das finanças.
Francisco também foi citado como tendo feito certos comentários sobre Marine Le Pen, a política de extrema-direita mais popular da França. Isso também gastou muita tinta.
E, no entanto, não havia nenhum vestígio dessa reunião na agenda oficial do papa.
A lista das audiências papais, que é publicada diariamente no site do Vaticano, observou que em 15 de março Francisco encontrou-se com autoridades eleitas da República de San Marino, o embaixador de Montenegro e duas autoridades do Vaticano.
Mas não houve menção ao grupo francês.
Essa audiência é reveladora do método de trabalho do papa. Por um lado, existem os encontros oficiais e anunciados publicamente. Mas, por outro lado, existem também as chamadas reuniões de trabalho.
Foi o que aconteceu com a audiência privada de 45 minutos que Francisco concedeu aos visitantes franceses. De certa forma, fazia parte do trabalho de bastidores do papa, destinado a ajudar a alimentar sua reflexão.
Durante essas reuniões, o papa tende a fazer muitas anotações e não falar muito. Quando ele interrompe seus convidados, geralmente é para pedir-lhes um esclarecimento ou para que digam a grafia correta do nome de alguém.
Desde sua eleição para o papado, o papa tem realizado cada vez mais esse tipo de reunião.
Além de contar com a Cúria Romana, onde os dicastérios trabalham todos os dias para ajudá-lo, Francisco pede regularmente a especialistas que conhece pessoalmente para trabalharem em vários assuntos.
Mesmo que isso signifique ter vários grupos trabalhando em paralelo, o papa promove isso para que ele possa ouvir vários pontos de vista.
“Ele tem suas próprias redes de informação”, sorri um cardeal.
“Ele tem um lado de Mitterrand”, disse um diplomata europeu, recordando que o falecido presidente francês François Mitterrand costumava ter vários grupos trabalhando nas mesmas questões.
Mas o método do papa obviamente irrita algumas pessoas no Vaticano. E eles não têm vergonha de acusá-lo de trabalhar dando voltas neles.
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O encontro de Francisco com jovens ativistas franceses. O método de trabalho do Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU