25 Novembro 2020
Apesar de redução de até 17% no auge das medidas de confinamento social, ganhos não são duradouros; Agência da ONU diz que possível queda de 7,5% não será suficiente para baixar gases de efeito estufa na atmosfera.
A reportagem é publicada por ONU News, 24-11-2020.
As emissões de dióxido de carbono na atmosfera continuam em níveis recordes, mesmo após uma suspensão temporária de atividades industriais por causa da pandemia de Covid-19.
A informação foi confirmada pela Organização Meteorológica Mundial, OMM.
Queda relacionada aos bloqueios é insignificante em longo prazo. (Foto: Trinn Suwannapha | Banco Mundial)
O Boletim de Gases de Efeito Estufa revela que o nível de CO2 continuou em alta após ter atingido a média global histórica anual de 410 partes por milhão, ppm, no ano passado.
Este ano, a desaceleração industrial devido à pandemia não reduziu os níveis recordes de gases de efeito estufa. O aquecimento provocado na atmosfera aumenta as temperaturas e leva a condições climáticas extremas, ao derretimento de geleiras, à subida do nível do mar e acidificação do oceano.
Para a OMM, os bloqueios reduziram as emissões de muitos poluentes e gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono. Mas qualquer impacto nessas concentrações não supera as flutuações normais de ano a ano no ciclo do carbono e nem a alta variabilidade natural nos depósitos naturais de carbono como a vegetação.
Lagoa glaciar na Islândia, que está derretendo. (Foto: Laura Quiñones | ONU News)
De acordo com o secretário-geral da agência, Petteri Taalas, o CO2 permanece na atmosfera por séculos e no oceano por mais tempo ainda. Ele explicou que a última vez em que a Terra por uma concentração similar de gás carbônico foi entre 3 a 5 milhões de anos atrás, quando a temperatura estava entre 2° a 3° C mais quente e o nível do mar 10 a 20 metros maior do que hoje.
O especialista adverte, entretanto, que na época “não havia 7,7 bilhões de habitantes” no planeta. Taalas destaca que o mundo superou o limite global de 400 partes por milhão em 2015, e apenas quatro anos depois supera 410 ppm, um aumento inédito nos registros da OMM.
O chefe da agência da ONU realçou que a queda nas emissões relacionada aos bloqueios é apenas uma pequena mancha no gráfico de longo prazo, sendo necessário um nivelamento sustentado da curva.
Para ele, a pandemia não é uma solução para as mudanças climáticas, mas fornece “uma plataforma para uma ação climática mais sustentada e ambiciosa para reduzir as emissões a zero por meio de uma transformação completa dos sistemas industriais, de energia e de transporte.
Taalas disse que não se deve perder tempo considerando as mudanças necessárias “economicamente acessíveis e tecnicamente possíveis e afetariam nossa vida cotidiana apenas marginalmente”.
Estimativas apontam para redução da emissão global entre 4,2% e 7,5% este ano. (Foto: NASA)
De acordo com o Projeto Carbono Global, emissões diárias de CO2 podem ter sido reduzidas em até 17% globalmente devido ao confinamento da população no período mais intenso de paralisação.
Estimativas preliminares apontam para uma redução da emissão global anual entre 4,2% e 7,5% este ano. A incerteza sobre a perspectiva da redução total das emissões em 2020 deve-se a falta de clareza sobre a duração e a severidade das medidas de confinamento.
A OMM explica que de forma geral uma redução de emissões nesse valor não baixará o nível de CO2 atmosférico, mas continuará a subir, embora em um ritmo ligeiramente reduzido em torno de 0,08 a 0,23 ppm por ano.
O Boletim destaca que esse cenário se encaixa na variabilidade natural de 1 ppm dentro do mesmo ano, significando que no curto prazo o impacto dos confinamentos não pode ser distinguido da variação natural.
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A COVID-19 não reduziu os níveis recordes de gases de efeito estufa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU