28 Outubro 2020
O Vaticano não quer discutir com os leigos as objeções da Santa Sé ao Caminho Sinodal alemão, assim como as críticas dos católicos do país à instrução da Santa Sé sobre a evangelização nas paróquias. Ao menos essa é a tese do prefeito da Congregação para o Clero, Beniamino Stella, que enviou uma carta ao presidente do episcopado alemão, Georg Bätzing para convocar, unicamente, os bispos, a Roma.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 27-10-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Uma frase que pode ser dada em novembro... se é que os bispos alemães aceitam o veto de Stella. De fato, Bätzing apontou que a presença de leigos “é apropriada” nesta situação, posto que “bispos, padres, diáconos e leigos são igualmente chamados na instrução”.
Na carta, publicada em Herder-Korrespondenz (HK), o cardeal Stella defende que “os bispos são os interlocutores necessários para esta congregação”, e assegura que, para tomar esta decisão, conversou com o papa Francisco. A Congregação considera que apenas os padres podem dirigir o cuidado pastoral das paróquias, algo que choca frontalmente com a sinodalidade que Bergoglio aposta, e que é uma das bases do Caminho Sinodal Alemão.
Volta ao clericalismo
Isso gerou o protesto da Conferência Episcopal Alemã, cujo vice-presidente Franz-Josef Bode, qualificou a instrução como “ruptura com o apreço ao serviço dos leigos na Igreja”. O texto é, na opinião de Bode, “uma volta ao clericalismo”.
Não obstante, o porta-voz do episcopado, Mathias Kopp, anunciou que a resposta à carta de Stella seria discutida entre bispos e representantes de leigos e mulheres. De fato, a Comunidade de Mulheres Católicas da Alemanha (KFD) criticou duramente o rechaço do Vaticano à participação dos leigos. “O Vaticano prefere falar de nós antes de falar conosco”.
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