24 Outubro 2020
"O azul do Oceano Índico que banha a Província de Cabo Delgado em Moçambique é um cenário lindo! Tem lugares que a água do mar forma um degrade em diversos tons que encantam nosso olhar. Mais belo ainda quando o azul do mar junta-se ao azul do céu… Mas toda essa beleza da natureza, presente de Deus, está sendo desrespeitada desde outubro de 2017", escreve Edegard Silva Júnior, missionário saletino brasileiro que trabalha na Missão de Muidumbe na Diocese de Pemba.
Conforme já noticiado, a Província de Cabo Delgado, há três anos enfrenta uma guerra com muitas consequências. Mais de 2.000 pessoas morreram e 300.000 foram deslocadas. Pemba, a capital da Província, é uma cidade portuária e desfruta o título da 3ª maior baía do mundo. Nesta baía, temos presenciado sobretudo estes dias, cenas que nos fazem cortar o coração. Em pequenas embarcações e sem nenhuma condição, milhares de pessoas chegam em barcos, fugindo da violência e ataques. São “amontoados” de pessoas, misturados com o pouco que podem carregar. O povo da região foge dos ataques e busca socorro e proteção para suas vidas.
Mapa de Moçambique, destaque para Cabo Delgado e Pemba. (Fonte: Wikimedia Commons)
Dia 21 de outubro, Dom Luiz Fernando Lisboa, bispo da Diocese de Pemba esteve nesta praia localizada no bairro de Paquitequete para acompanhar a chegada das embarcações. O bairro de Paquitequete é o principal local de desembarque dos deslocados internos que chegam das aldeias e comunidades, vítimas dos ataques terroristas. O quadro é dramático. “Somente hoje já é o oitavo barco que chega. A situação já era calamitosa e hoje não sei como classificá-la”, diz Dom Luiz Fernando.
Dom Luiz Fernando Lisboa, bispo de Pemba visita Acampamento de deslocados pela guerra em Cabo Delgado. (Foto: Edegard Silva Júnior)
Esta realidade mexe com todos nós. Fazemos aquilo que é possível. Neste momento é imprescindível a solidariedade para o apoio humanitário neste contexto da guerra. A Diocese de Pemba através da Caritas Diocesana, desenvolve ações emergenciais para amenizar um pouco esta dor. Na hora do desembarque as “cenas” são muitas e o nosso olhar não é capaz de registrar o clamor que vem de tantos lados. Impressiona o número de jovens entre os deslocados que vão procurando abrigo em casa de parentes ou conhecidos. Tem família que hospeda entre 20 a 30 pessoas nas minúsculas casas… O mesmo acontece em muitas outras cidades da região e sobretudo no Distrito de Metuge, local que reúne um dos maiores acampamentos de deslocados da guerra.
Praia de Paquitequete em Cabo Delgado. (Foto: Edegard Silva Júnior)
Aos cristãos e pessoas de boa vontade cabe ser presença nestes locais. Pode ser que naquele momento não nos venha uma palavra. Quem sabe o verso da poesia expresse este momento: “como eu não sei rezar, só queria mostrar meu olhar, meu olhar, meu olhar”.
Precisamos tornar esta guerra conhecida em outras partes do mundo e organizar ações de solidariedade para salvar vidas. Devemos também, elevar a Deus nossa prece pelo fim da guerra e pela paz em Cabo Delgado. A Diocese de Pemba tem muitos amigos e amigas em muitas partes do mundo. Faça chegar aos seus contatos informações sobre esta triste realidade que estamos vivendo.
As famílias fogem levando consigo o pouco que podem carregar. (Foto: Edegard Silva Júnior)
A situação nos acampamentos é muito triste e cruel. A realidade em que “vive” cada família é muito precária. Tem gente que está dormindo num espaço feito só com a rede mosquiteira. É bom lembrar que estamos na época em que o sol é muito forte. Quem puder fazer alguma doação, neste momento é de suma importância. A Diocese de Pemba dispõe de contas bancárias em euro, dólar e em real. Neste momento necessitamos desse gesto solidário. Cabo Delgado quer paz!
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Moçambique. O drama dos deslocados pela guerra em Cabo Delgado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU