30 Setembro 2020
Organização católica faz um chamado aos bispos para incluir os leigos na preparação do Sínodo sobre sinodalidade, marcado para 2022, em Roma.
A reportagem é de Claire Lesegretain, publicada por La Croix International, 28-09-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A Conferência Católica de Batizados Francófonos (CCBF), um grupo fundado em 2009 para promover a voz dos leigos na Igreja, fez um pedido aos bispos da França para abrir um diálogo com todos os católicos na preparação da próxima assembleia do Sínodo dos Bispos em Roma.
Como podemos pensar uma Igreja da França inteiramente sinodal se somente 1.8% dos praticantes podem falar? Esse é o tema central do primeiro encontro da CCBF em 2020, que ocorreu em 26 de setembro, em um subúrbio de Paris.
Por causa das medidas para impedir a propagação do coronavírus, cerca de 60 pessoas compareceram para esta primeira sessão - no ano passado foram 230.
A segunda sessão será até o final do ano e discutirá “o lockdown e a liturgia” e “os abusos na Igreja, os danos do clericalismo”.
Embora o público da primeira sessão fosse muito menor do que o esperado, dezenas de outras pessoas acompanharam pelo Youtube. Cinco oradores diferentes realizaram conferências que exploraram maneiras de abrir caminhos para o futuro.
Entre eles estavam Julia Knop e Dorothea Sattler, duas teólogas alemãs que estão envolvidas no atual “caminho sinodal” da Igreja na Alemanha.
Explicaram em que medida este “caminho” pode contribuir para a Igreja universal, pois “permite o exercício de uma forma de sinodalidade ainda não prevista no direito canônico”.
Knop observou que a Igreja na Alemanha tem recursos significativos à sua disposição (o número de praticamente ainda está em 10%) com “leigos acostumados à participação democrática e ao diálogo interdisciplinar”.
Mas ela admitiu que esse caminho sinodal parece difícil de ser concebido na França por causa da secularização e da ausência de um corpo oficial e unido dos leigos (como o Comitê Central dos Católicos Alemães ou, na sigla em alemão, ZdK).
Jean-Louis Schlegel, um conhecido editor católico na França, disse que outra dificuldade se deve ao desaparecimento dos chamados “católicos de mente aberta” em favor de “católicos identitários”.
Afirmou que os primeiros “distanciaram-se gradualmente da liturgia (...) enquanto os sacerdotes - e depois os bispos - foram recrutados principalmente pelos últimos”.
Ele disse que os bispos mais velhos eram “inquestionavelmente mais abertos do que os mais jovens” e seriam a favor de reformas estruturais. Mas ele lamentou que “eles tenham pouco a dizer” hoje na Conferência Episcopal Francesa (CEF).
Robert Scholtus, um teólogo ex-superior da casa de estudos carmelita, compartilhava dessa visão até certo ponto.
Ele insistiu que a teologia na França deveria “sair de sua auto-segregação” e contribuir para “o advento de um cristianismo inteligente e inteligível, vivo e visionário que pode libertar os crentes de um cristianismo de segunda mão, de uma relação infantil com a autoridade”.
Isso levou os participantes a questionar a possibilidade de um cisma dentro da Igreja da França.
O padre Nicolas de Brémond d'Ars, sociólogo, destacou que seu medo não era rebuscado, baseado no fato de que os conflitos não podem ser resolvidos, pois os católicos permanecem isolados em “suas ilhas culturais e políticas”.
“Que órgãos de governo, que modelos de democracia participativa na Igreja permitirão expressar e resolver esses conflitos?”, questionou.
No final do dia, o CCBF destacou, em comunicado, “o aumento considerável daqueles que partilham a sua abordagem e desejam que a Igreja se renove”.
Então urge para que os bispos franceses “comecem um diálogo hoje” com todos os católicos em seus país “para negociar e acordar sobre o método e formação da delegação francesa” que participará no trabalho preparatório e viagem a Roma para o Sínodo sobre a Sinodalidade.
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Católicos franceses querem abrir conversas com os bispos sobre a preparação para o próximo sínodo sobre a sinodalidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU