Jovens têm algo a ensinar à Igreja sobre sinodalidade, escreve Papa Francisco

Papa Francisco encontra Yadira Vieyra, uma delegada sinodal de Chicago, antes de uma sessão do Sínodo dos Bispos sobre os jovens, em 2018, no Vaticano. | Foto: CNS photo/Vatican Media

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09 Setembro 2020

Os jovens católicos estão dando à Igreja uma lição valiosa sobre o verdadeiro significado da “sinodalidade”, escreveu o Papa Francisco.

A reportagem é de Cindy Wooden, publicada por Catholic News Service, 08-09-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

“Eles nos pediram de mil modos que caminhemos ao lado deles: nem atrás deles, nem à frente deles, mas ao lado deles! Nem acima deles, nem abaixo deles, mas no mesmo nível deles!”, escreveu ele na introdução de um novo livro italiano de artigos sobre a pastoral juvenil.

O padre salesiano Rossano Sala, um dos secretários especiais do Sínodo dos Bispos de 2018 sobre os jovens, escreveu o livro “Intorno al fuoco vivo del Sinodo - Educare ancora alla vita buona del Vangelo” [Ao redor do fogo vivo do Sínodo: educar ainda para a vida boa do Evangelho].

O “discernimento” foi um dos temas-chave do Sínodo e da Christus vivit, a exortação apostólica pós-sinodal de Francisco, de 2019.

No livro de Sala, Francisco escreveu que não está tentando “transformar todo membro do povo de Deus em um jesuíta”, a ordem religiosa que se especializou no ensino do discernimento espiritual ou na leitura orante dos sinais dos tempos e na busca de saber como Deus quer que os indivíduos e a Igreja respondam a eles.

Algumas pessoas, disse ele, pensam que “o convite urgente ao discernimento é uma moda deste pontificado, destinada a passar rapidamente”, mas Francisco insistiu que a prática espiritual é essencial hoje, quando as coisas estão mudando rapidamente, muitas pessoas estão se esforçando e, assim, muitos precisam escutar o Evangelho.

Escutar e dialogar são os primeiros passos essenciais, escreveu o papa. “Sobretudo hoje é mais do que nunca necessário entrar em uma escuta honesta das alegrias e das lutas de cada membro do povo de Deus e, sobretudo, de cada jovem.”

“A Igreja como um todo ainda tem muito trabalho a fazer” para aprender a escutar, disse ele, “porque muitas vezes, em vez de sermos ‘especialistas em humanidade’, acabamos sendo considerados pessoas rígidas e incapazes de escuta”.

Mas o Evangelho mostra que escutar é a primeira atitude de Jesus, disse ele, e deve ser a primeira resposta ao encontro com outra pessoa feita à imagem de Deus e amada por Deus.

O diálogo é o segundo passo natural, disse ele. “Ele nasce da convicção de que, no outro, naquele que está na nossa frente, estão sempre recursos de natureza e de graça.”

“O diálogo é o estilo que exalta a generosidade de Deus, porque reconhece que a sua presença está em todas as coisas e que, portanto, é preciso encontrá-lo em cada pessoa, tendo a coragem de lhe dar a palavra”, escreveu o papa.

A revolução digital, a crise climática, a migração e “a chaga dos abusos” já sinalizaram para a Igreja que muitas coisas devem mudar, escreveu Francisco. Depois, chegou a pandemia da Covid-19, “transformando a existência de todos e que não sabemos bem aonde vai nos levar”.

Uma coisa é certa, disse ele: as lideranças e os membros da Igreja devem se empenhar no “discernimento para garantir a proximidade com o povo de Deus, para reformar a economia e as finanças, para conceber novas formas de solidariedade e serviço”.

Sem estudar a realidade e considerá-la na oração, disse o papa, a resposta corre o risco de ser apenas “a última moda do momento, ou nos refugiaremos em práticas do passado incapazes de interceptar a situação singular das pessoas e dos jovens de hoje”.

Francisco disse que a escolha de focar a “sinodalidade” na próxima assembleia geral do Sínodo dos Bispos, em 2022, é um resultado natural do Sínodo sobre os jovens.

Há uma “necessidade urgente de redescobrir a graça batismal” de todos os católicos e o seu chamado a serem “discípulos missionários”, disse ele. Abraçar a “sinodalidade” com todos os membros da Igrejacaminhando juntos”, compartilhando intuições e respeitando os papéis próprios de cada membro, é uma forma de reconhecer essa graça e responder a ela de forma mais eficaz.

 

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