03 Julho 2020
Em uma carta, os líderes da Federação Luterana Mundial convidam as Igrejas membros da comunhão a enfrentar os desafios do contexto pós-Covid-19, trabalhando juntas e apoiando os mais vulneráveis.
A reportagem é publicada por Riforma, 01-07-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O presidente da Federação Luterana Mundial (FLM), o arcebispo Dr. Panti Filibus Musa, e o secretário geral, o Rev. Martin Junge, enviaram uma carta aos líderes de todas as Igrejas membros, na qual expressam seu agradecimento pelo testemunho de fé das comunidades luteranas, enquanto enfrentam dificuldades sem precedentes.
“Estamos vivendo tempos de desafios e de mudança”, escrevem, “mas o chamado de Deus à missão permanece ininterrupto.”
Os líderes da FLM evidenciam que as Igrejas encontraram a forma de manter uma vida vibrante de culto e oração, enquanto não podiam se reunir fisicamente, e discutiram novos argumentos teológicos que surgiram a partir desses desafios.
Ecoando as palavras do antigo salmista, eles dizem: “Na verdade, Deus foi uma fortaleza poderosa, que protegeu a Igreja da incerteza paralisante e a inspirou a um testemunho criativo”.
Na carta, Junge e Musa também enfatizam como a pandemia ressaltou desigualdades e injustiças profundas, “incluindo o racismo que emergiu com particular virulência”. Em particular, o agradecimento vai às Igrejas de todo o mundo que “se opõem firmemente ao racismo e a outras formas de discriminação, à violência contra as mulheres, incluindo a violência sexual, e à injustiça”.
Por mais difícil que seja o contexto, Musa e Junge afirmam na carta que “agora é o momento de ser Igreja” e de compartilhar os seus “ricos tesouros e talentos” com “as pessoas e as comunidades que desejam que a vida seja novamente plena”.
“Agora é o momento de nos reunirmos”, exortam os líderes da FLM, e de compartilhar “palavras de fé, esperança e amor” com aqueles que “sofrem ansiedades e medos”.
Recordando as dificuldades que o mundo enfrentou após a Segunda Guerra Mundial, Musa e Junge lembram que a FLM foi fundada em 1947: um tempo em que as economias estavam paralisadas, e os sistemas políticos, em discussão, enquanto “medo, ansiedade e desespero marcavam o humor do tempo”.
Enquanto o mundo tentava se recuperar do trauma da brutalidade generalizada e retomar as relações entre povos e nações, as Igrejas luteranas compartilharam a consciência de que “somente unindo-se e cooperando elas seriam capazes de responder aos desafios teológicos, pastorais e diaconais da época. Elas entenderam que a sua presença local de compaixão, cura e reconciliação exigia uma expressão global que nutrisse e reforçasse o seu testemunho”.
A partir dessa herança, Musa e Junge encorajam as Igrejas membros a “continuar cultivando e apoiando a comunhão das Igrejas. Aproximem-se, permaneçam em contato, trabalhem juntas, sustentem as estruturas regionais e globais como locais de aprendizado mútuo, partilha de recursos e testemunho global”.
No atual contexto de incerteza e mudança, a cooperação entre as Igrejas luteranas é particularmente importante, ressaltam Musa e Junge. Diante dos desafios de encontrar “novas linguagens, novas formas, novas expressões para tornar vivo o Evangelho no mundo de hoje, os cristãos podem confiar no Espírito Santo enquanto se comprometem com um processo de reforma em curso”.
Assim como os fundadores da FLM assumiram um grande compromisso a serviço dos refugiados e dos deslocados no período pós-guerra, Musa e Junge encorajam hoje as Igrejas da comunhão luterana e as suas agências diaconais a continuarem oferecendo juntas “um ministério de compaixão, serviço e justiça” entre refugiados e vulneráveis, particularmente os gravemente afetados pelas consequências da pandemia.
Os dois líderes luteranos concluem a carta convidando todas as Igrejas membros “a prosseguir com confiança e esperança” rumo à próxima Assembleia da FLM, que será realizada em Cracóvia, Polônia, em setembro de 2023, com o tema “Um corpo, um espírito, uma esperança”, que remete às palavras do apóstolo Paulo (Efésios 4,4).
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“Agora é a hora de ser Igreja” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU