02 Junho 2020
A Conferência Episcopal das Filipinas uniu esforços contra o abuso sexual infantil on-line, alertando as famílias para que estejam vigilantes e limitem o tempo dos filhos na internet.
A reportagem é de Joseph Peter Calleja, publicada por UCA News, 01-06-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Este alerta ocorre após um aumento no número de casos, enquanto os filipinos permanecem confinados em decorrência da pandemia de Covid-19.
Os pais devem estar cientes do “vírus venenoso” que ataca os jovens em meio à pandemia, disseram os bispos.
“São os traficantes de seres humanos, pessoas que cometem crimes sexuais, o pior e mais venenoso vírus do mundo, aproveitando todas as oportunidades para almejar nossos jovens e até crianças que se encontram entediadas em casa e não têm nada a fazer senão navegar na internet”, disseram os bispos em um comunicado.
De março a maio, os casos de exploração sexual infantil aumentaram nas Filipinas, com um recorde de 279,166 casos, informou o Ministério da Justiça do país.
Em 30 de maio, a polícia prendeu uma mulher de 34 anos na cidade de Caloocan, em Manila, por vender vídeos e fotos de seus filhos nus na internet.
A mulher não identificada teria postado vídeos e fotos de seus dois filhos de 8 e 12 anos com um primo deles, de 4 anos, em um sítio eletrônico adulto.
Os investigadores disseram que a mãe vendia os vídeos por quantias que variam de 5 mil a 10 mil pesos (100 a 200 dólares) a pedófilos em sua maioria europeus.
A pessoa geralmente solicita imagens e filmagens explícitas de crianças. Ela também perguntará a idade, explicou o inspetor de polícia Aldrin Marcelo.
Marcelo disse que os pais ou parentes envolvidos nesse tipo de abuso acreditam que não estão prejudicando os filhos, pois não há contato físico entre eles e o predador.
“Muitos pensam que, não havendo contato sexual, é permitido apenas gravar vídeos ou tirar fotos das crianças”, disse Marcelo à UCA News.
As autoridades acreditam que a pobreza é o principal motivo por que os pais estão cada vez mais vendendo seus filhos on-line, já que muitos perderam o emprego devido ao impacto econômico causado pela pandemia.
“Vemos que muitos dos que praticam o abuso sexual on-line são famílias que vivem abaixo da linha da pobreza. Talvez eles realmente não tenham escolha a não ser fazer isso com os filhos. Esses pais precisam de dinheiro para comer”, disse a assistente social Amanda Grajo à UCA News.
Relatórios dizem que o abuso sexual infantil on-line triplicou nas Filipinas durante a pandemia de coronavírus, na medida em que famílias pobres tentam ganhar dinheiro com facilidade.
Mapa das Filipinas (Foto: Fui Viagens)
A polícia diz que prendeu recentemente 300 pessoas por violar leis de proteção à criança, como a Lei de Antipornografia Infantil e a Lei Contra o Abuso de Menores.
Dom Ruperto Santos, presidente da Comissão de Pastoral para Migrantes e Itinerantes, comparou a Igreja a uma mãe que se manifesta e defende as vítimas vulneráveis da exploração sexual on-line.
“Ela [a Igreja] fala para confortar, consolar e confrontar aqueles que causam sofrimento. Nunca acabaremos vítimas, mas vencedores dos vírus do tráfico e da exploração sexual on-line”, afirmou o prelado.
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Filipinas. Bispos alertam contra predadores sexuais on-line - Instituto Humanitas Unisinos - IHU