06 Março 2020
“O que se debate na luta pelo 5G é o controle da economia mundial. Pequim já tem mais reservas em dólares do que os Estados Unidos e está disposto a lutar para submeter o Big Data ao seu ditame”, escreve Luis María Anson, jornalista e escritor, em artigo publicado por El Cultural, 28-02-2020. A tradução é do Cepat.
A Guerra Fria entre os impérios soviético e estadunidense abalou o mundo por quarenta anos. Tanto Moscou, quanto Washington pretendiam se impor na supremacia derivada do armamento atômico. Com a queda do Muro de Berlim, os Estados Unidos da América, vencedores da Segunda Guerra Mundial, também conquistaram a vitória na I Guerra Fria.
E bem. A II Guerra Fria já começou. Washington e Pequim lutam a dentadas para se impor no controle do 5G. “O domínio dessa tecnologia - escreveu Pablo Pardo – implica assumir o poder político, estratégico e econômico do mundo”. O 5G permitirá à potência que o controlar desencadear ataques cibernéticos que desmantelem toda a economia de qualquer país. A bomba atômica, a bomba de hidrogênio e os mísseis nucleares significam explosões tímidas em comparação com o que o 5G pode desencadear. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, acredita que a chave para a supremacia no século XXI é o 5G e que a Europa deve colaborar com os Estados Unidos para não ficar marginalizada e fora do jogo na II Guerra Fria, que já estourou.
A China leva vantagem. Huawei e ZTE galopam à frente das empresas norte-americanas. O presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, não pode parar o sangramento com base em proibições. Precisa de pesquisa científica que supere os chineses. O que se debate na luta pelo 5G é o controle da economia mundial. Pequim já tem mais reservas em dólares do que os Estados Unidos e está disposto a lutar para submeter o Big Data ao seu ditame. Um empresário espanhol de formação consistente - José María Álvarez-Pallete - sabe o que significa o 5G e a inteligência artificial e situou a Telefónica na vanguarda do mundo, com um êxito internacionalmente reconhecido.
Em questão de meses, a China desencadeará a tempestade do 5G na vida cotidiana, apesar dos esforços dos Estados Unidos em paralisar a corrida oriental. O 5G multiplica o download de dados em 50% acima do 4G. Se navegará a 1,2 gigabytes por segundo. Pelo celular ou pelo relógio de pulso serão controladas as novas casas inteligentes, será possível ligar o ar condicionado, desligar o aquecimento, operar o carro a distância, pedir o que se deseja aos bancos, controlar a conta corrente ou repor a geladeira com os produtos necessários transportados por um drone e recebidos em casa por um robô. Trata-se da internet das coisas. Facilitará a vida de tal maneira que os cidadãos se renderão a quem controlar o 5G, sem perceber que robotizam a nação inteira, abrindo a possibilidade de que sejam lançados ataques cibernéticos capazes de desintegrar qualquer economia nacional.
Marta Peirano, em seu livro El enemigo conoce el sistema, enfatiza que estamos diante do espião mundial. A vida de bilhões de cidadãos dos cinco continentes estará à disposição de quem controlar o 5G. A cidadania do mundo e a economia de todos dependerão da nação que dominar a tecnologia de quinta geração.
Conforme Katharine Viner escreveu em um artigo certeiro, a partir de sua experiência à frente do jornal britânico The Guardian, “estamos presos a uma série de batalhas confusas entre forças opostas: entre verdade e falsidade, entre o fato e o boato, a bondade e a crueldade, entre os poucos e os muitos, entre os conectados e os alienados, entre a plataforma aberta da web como seus arquitetos a conceberam e os jardins fechados do Facebook e outras redes sociais, entre o público informado e a multidão equivocada”.
O mundo já está debatendo o cenário da II Guerra Fria. O Ocidente caminha atrás do Oriente, que, com a Índia na cola, a China dirige 1,4 bilhão de habitantes. Qin Shi Huang Di, e seus sonhos imperiais, retornaram com seu exército de 10.000 soldados de terracota e a sombra alargada da Grande Muralha. Nos anos devastadores que virão, saberemos quem finalmente se eleva com o império mundial.
O Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove o XIX Simpósio Internacional IHU. Homo Digitalis. A escalada da algoritmização da vida, a ser realizado nos dias 19 a 21 de outubro de 2020, no Campus Unisinos Porto Alegre.
XIX Simpósio Internacional IHU. Homo Digitalis. A escalada da algoritmização da vida.
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5G: estoura a II Guerra Fria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU