Fila de desocupados atinge 11,9 milhões de pessoas, segundo o IBGE. Número de trabalhadores com carteira avança no início deste ano.
A reportagem é de Heloísa Mendonça, publicada por El País, 28-02-2020.
A fila do desemprego no Brasil diminuiu no início deste ano. A taxa de desocupação no país ficou em 11,2% no trimestre encerrado em janeiro, atingindo 11,9 milhões pessoas, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve uma queda de 0,8 ponto percentual. Já na comparação ao trimestre encerrado em outubro, o recuo foi de 0,4 ponto percentual.
A melhora gradual no mercado de trabalho foi impulsionada, no entanto, pela diminuição do número de pessoas procurando trabalho e também pelas contratações temporárias nos últimos meses do ano passado. O grupo de pessoas consideradas fora da força de trabalho, que já não têm interesse em buscar emprego e nem estão trabalhando, avançou 1,3%, atingindo um novo recorde de 65,7 milhões de pessoas.
“Essa interrupção na procura de trabalho foi decisiva. A inatividade cresceu mais que a própria força de trabalho e ocupação. Isso explica o movimento da taxa [de desemprego]”, disse a gerente da pesquisa, Adriana Beringuy, que ressaltou que o movimento dos que desistem de procurar um posto de trabalho é comum em janeiro, já que é um mês de férias escolares.
Informalidade cai e cresce emprego com carteira assinada
Os dados divulgados pelo IBGE mostram dados mais alentadores para o mercado formal de trabalho. O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (excluindo trabalhadores domésticos) cresceu 1,5% em relação ao trimestre terminado em outubro e chegou a 33,7 milhões. Com mais carteiras assinadas e menos gente procurando emprego, a taxa de informalidade recuou no país e atingiu 40,7% da população ocupada, representando um contingente de 38,3 milhões de trabalhadores informais.
O número de trabalhadores por conta própria chegou a 24,6 milhões de pessoas e ficou estável em relação ao trimestre anterior. Já em relação ao mesmo período do ano anterior, houve alta de 3,1% (mais 745 mil pessoas). Já a população subutilizada, que trabalha menos do que gostaria, caiu 2,7% ante o trimestre encerrado em outubro, e 3,4% na comparação anual.
O rendimento médio do brasileiro ficou, no entanto, praticamente estagnado. A renda média real do trabalhador foi de 2.361 reais no trimestre encerrado em janeiro contra os 2.317 reais do trimestre encerrado em outubro, segundo o IBGE.
Leia mais
- No Brasil das reformas, retrocessos no mundo do trabalho. Revista IHU On-Line, N°. 535
- RS tem 104 mil pessoas que buscam emprego há pelo menos dois anos
- Cerca de 25% dos desempregados procuram emprego há mais de dois anos. A porcentagem equivale a 2,9 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE
- A falta de empregos remunerados afeta quase 500 milhões de pessoas
- Programa de estímulo à contratação de jovens alivia empresas e prejudica desempregados
- A mentira da década
- Retomada econômica extremamente tímida - o desemprego continua resistente. Entrevista especial com Walter Rodrigues
- Mais de 3 milhões de brasileiros procuram emprego há dois anos ou mais
- Uma sociedade de desalentados
- Em dois anos de reforma trabalhista, emprego CLT vira miragem
- Menos empregos geram… bicos muito piores!
- IBGE: Brasil bate recorde com 38 milhões de trabalhadores na informalidade
- Com MP do INSS de Bolsonaro, só as empresas saem ganhando
- Flexibilização de direitos não resulta na criação de novos postos de trabalho, afirma Anamatra
- Como iludir falando verdades
- Desemprego que não cai, informalidade e desânimo: recessão dos pobres é mais longa que a dos ricos
- Pesquisa de Emprego e Desemprego do DIEESE e Seade descobriu o que estava oculto
- MP da Liberdade Econômica. "Não podemos ter um governo que diga que tudo aquilo que garante a saúde e a dignidade do trabalhador é um obstáculo a ser superado". Entrevista especial com Ruy Braga
- Desemprego aumenta e RS tem mais de 500 mil pessoas sem trabalho
- PED 451 – Há mais de três décadas, leitura inovadora sobre a dinâmica do mercado de trabalho
- Trabalho sem salário fixo e com jornada reduzida avança e já representa 12% das novas vagas formais
- Baixo investimento e alto desemprego: as armadilhas da estagnação econômica
- Emprego formal evapora e frustra discurso de recuperação
- O recorde do desemprego e da subutilização da força de trabalho no Brasil
- A crise mais prolongada e profunda do emprego formal no Brasil
- Desemprego de longo prazo cresce 42,4% entre 2015 e 2019
- Geração de emprego continua desafio para 2019. 27 milhões de pessoas querem trabalhar e não encontram vagas ou estão subutilizadas
- “É assustadora a bomba-relógio que temos pela frente”. 80% dos trabalhadores brasileiros são pobres e vivem com renda de até 1.700 reais. Entrevista especial com Waldir Quadros
- "Só em 2033 o desemprego no Brasil retrocederá para abaixo de 10%"
- O mercado sonha e o povo vive o desemprego e a queda de salário
- Cerca de 3,3 milhões de brasileiros procuram emprego há pelo menos dois anos
- Novo índice do DIEESE mede condição do trabalho
- Alto índice de subutilização enfraquece relações de trabalho
- 14 horas numa fila por um emprego: “As contas e a barriga não esperam”