15 Novembro 2019
Pelo terceiro ano consecutivo, celebra-se a Jornada Mundial dos Pobres, uma convocatória posta em marcha por iniciativa do papa Francisco e que se comemora em todo o mundo, domingo 17 de novembro. Esta edição tem como objetivo “ser testemunhos da esperança cristã no contexto de uma cultura consumista e de descarte, orientada a acrescentar o bem-estar superficial e efêmero” em que faça possível “uma mudança de mentalidade para redescobrir o essencial dar corpo e efetividade ao anúncio do Reino de Deus”.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 13-11-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A Conferência Episcopal Espanhola e a Cáritas se unem em mais um ano para celebrar essa Jornada e oferecer materiais que sirvam para dar protagonismo aos pobres e que possa ser vivida por toda a Igreja – dioceses, paróquias, comunidades, movimentos, associações, instituições – como um momento único de evangelização.
O lema sob o qual se convoca essa III Jornada é “a esperança dos pobres nunca se frustrará”.
A ideia de impulsionar a Jornada nasceu em 13 de novembro de 2016, coincidindo com o fechamento do Ano Santo da Misericórdia quando, na Basílica de São Pedro, o Santo Padre celebrava o jubileu dedicado às pessoas marginalizadas. De maneira espontânea, ao finalizar a homilia, Francisco expressou seu desejo de "que hoje seja a Jornada dos Pobres".
Essa convocatória – que é celebrada a cada ano e em toda a Igreja universal no último domingo do tempo ordinário, o 33º domingo, prévio à festa de Cristo Rei – é uma ocasião idônea para colocar em destaque o protagonismo dos mais pobres na vida das comunidades.
Como recorda o Santo Padre em sua mensagem, “os pobres não são números aos que se possa recorrer para alardear com obras e projetos. Os pobres são pessoas as quais se precisa ir ao encontro: são jovens e anciãos que se pode convidar para entrar em casa para compartilhar uma comida; homens, mulheres e crianças que esperam uma palavra amistosa. Os pobres nos salvam porque nos permitem encontrar o rosto de Jesus Cristo”.
Francisco se refere a todos aqueles que hoje em dia encarnam os rostos da pobreza, como são as “famílias que se veem obrigadas a abandonar sua terra para buscar formas de subsistência em outros lugares; órfãos que perderam seus pais ou que foram separados deles, violentamente, por causa de alguma brutal exploração; jovens em busca de uma realização profissional, os quais se impede o acesso ao trabalho por causa de políticas econômicas míopes; vítimas de tantas formas de violência, desde a prostituição até as drogas, e humilhadas no mais profundo do seu ser”.
Junto a todos eles, aponta também “os milhões de imigrantes vítimas de tantos interesses ocultos, tão frequentemente instrumentalizados para fins políticos, aos quais se nega a solidariedade e a igualdade”, assim como “as numerosas pessoas marginalizadas e sem lar que perambulam pelas ruas de nossas cidades”.
“Considerados geralmente como parasitas da sociedade, aos pobres, não se dá perdão e nem sequer à pobreza; são vistos como uma ameaça ou gente incapaz, somente porque são pobres”, denuncia o Papa, que põe o foco no escândalo que supõe a invisibilidade da qual são objeto. “Se chegou até o ponto de teorizar e realizar uma arquitetura hostil para desfazer-se de sua presença, inclusive nas ruas, últimos lugares de acolhida”, afirma.
A Fundação FOESSA analisou de maneira exaustiva em seu VIII Relatório sobre Exclusão e Desenvolvimento Social na Espanha, publicado no último mês de junho, qual é a verdadeira dimensão da precariedade na Espanha, onde se constata que a exclusão, em suas diferentes dimensões, se incrustou na estrutura social. O número de pessoas em exclusão social é de 8,5 milhões, isso é 18,4% da população, o que supõe 1,2 milhão a mais que 2007, afetando principalmente as famílias com crianças, adolescentes, jovens e mulheres. São o rosto da denominada “sociedade estancada”, um grande grupo de pessoas para qual o elevador da ascensão social não funciona.
Todos esses “expulsos”, diz Francisco, “necessitam de nossas mãos para se reincorporarem, dos nossos corações para sentirem de novo o calor do afeto, da nossa presença para superarem a solidão. Simplesmente, eles necessitam de amor”. “A todas as comunidades cristãs e aos que sentem a necessidade de levar esperança e consolo aos pobres, peço que se comprometam para que essa Jornada Mundial possa reforçar, em muitos, a vontade de colaborar ativamente, para que ninguém se sinta privado da proximidade e da solidariedade”, conclui.
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III Jornada Mundial dos Pobres Francisco propõe uma “mudança de mentalidade” para redescobrir o essencial e um compromisso para optar com os pobres - Instituto Humanitas Unisinos - IHU