11 Setembro 2019
Desde que a Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês) classificou o glifosato como “provável carcinógeno” em 2015, congressistas dos Estados Unidos têm pressionado para drenar o financiamento do organismo ligado à ONU. E, no Intercept, Lee Fang examina (e cita) documentos que indicam como esse ataque político foi, em parte, “roteirizado pela Monsanto”, recentemente comprada pela Bayer: “Arquivos recém-divulgados pelo escritório de advocacia Baum Hedlund incluem e-mails, documentos e transcrições de depoimentos da empresa, mostrando que os advogados e lobistas da Monsanto orientaram os legisladores, coordenando esforços para questionar a credibilidade da IARC e reduzir o apoio dos EUA ao organismo internacional”.
A estratégia incluiu antagonizar os reguladores. A Monsanto enviou lobistas para influenciar “funcionários-chave” da EPA (Agência de Proteção Ambiental dos EUA), e do Departamento de Agricultura, por exemplo, para criar dúvidas sobre o processo científico da IARC. Um funcionário do Departamento de Saúde também foi visitado.
E tem mais: os documentos sugerem que houve “ameaças investigativas para moldar a ciência usada para pesquisar o glifosato e outros compostos químicos controversos, como parte de uma campanha maior para silenciar os críticos e desacreditar a IARC”. Algumas dessas estratégias vieram à tona no ano passado, quando a Monsanto foi criticada por escrever estudos científicos de forma apócrifa sobre a segurança do glifosato, que foram apresentados como pesquisas independentes. Um consultor da empresa chegou a ser pego fingindo ser um jornalista que trabalhava para a BBC.
O agrotóxico Roundup, à base de glifosato, é hoje o principal herbicida do mundo e a “galinha dos ovos de ouro” da Monsanto. Além de vender o produto, a empresa também fabrica as sementes transgênicas para plantações resistentes a ele.
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Sem pudor. A Monsanto e o Roundup à base de glifosato - Instituto Humanitas Unisinos - IHU