11 Junho 2019
Domingo, 15 de junho, na missa de Santa Marta celebrada pelo Papa Francisco com todos os núncios aposentados, haverá também o ex-núncio nos Estados Unidos, Carlo Maria Viganò, o arcebispo que final do agosto passado colocou o Papa na mira, pedindo sua renúncia, pela gestão do agora ex-cardeal norte-americano Theodore McCarrick?
A reportagem é de Maria Antonietta Calabrò, publicada por Huffington Post, 10-06-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Se a resposta for "sim", estaremos diante de um verdadeiro golpe teatral, visto que, como acontece agora a cada três anos, todos os "embaixadores" do Vaticano foram convocados a Roma para se encontrar com o Papa e a reunião de três dias será encerrada justamente por uma missa concelebrada por todos os ex-núncios.
No momento, entretanto, Viganò parece ter "desaparecido". O Washington Post entrou em contato com ele via e-mail e via Skype (em uma conta não identificada pelo seu nome) e realizou uma entrevista "a distância" e ao longo de vários meses, visto que Viganò se recusou a se encontrar pessoalmente com os dois jornalistas Chico Harlan e Stefano Pitrelli que assinaram o artigo que sai na véspera da Assembleia dos Bispos norte-americanos em Baltimore.
O ex-núncio reitera que Francisco mente em relação ao caso McCarrick, inclusive na última entrevista concedida à Televisa. E que "a verdade aparecerá" e enfatiza que "os resultados de uma investigação honesta" - anunciada pelo Vaticano, mas ainda não concluída, como confirmado recentemente pelo cardeal Parolin - "seriam desastrosos para o atual papado", mesmo se erros tivessem sido cometidos por João Paulo II e por Bento XVI. Francisco deveria renunciar a menos que admita seus erros e peça perdão". Ele finalmente retornou à "máfia gay" que no Vaticano "sabotou todo esforço de reforma".
Viganò, por outro lado, é sucinto quanto à investigação conduzida pelo Post sobre o arcebispo do West Virginia, Michael J. Bransfield (acusado de abusos sexuais), que segundo uma investigação do Vaticano teria dado grandes somas de dinheiro como "liberalidade" a bispos e cardeais para garantir para si proteções.
Também não há qualquer menção à causa apresentada em meados de maio por algumas vítimas de abusos contra o Vaticano por uma suposta cobertura dada pelo Núncio Viganò ao arcebispo de Minneapolis, John Clayton Nienstedt.
Um dos bispos que deu o maior apoio ao testemunho do monsenhor Viganò é Athanasius Schneider, do Cazaquistão, que no verão passado disse que "não há uma razoável e plausível causa para duvidar da verdade contida nos documentos". Ele, portanto, pediu "inclemência e transparência" na limpeza da igreja dos demônios, em particular das "panelinhas e redes homossexuais" na cúria. E justamente Schneider está entre os signatários de uma nova carta em defesa das 40 verdades da fé, tornada pública em 10 de junho, segunda-feira de Pentecostes, e que tem como principal promotor o cardeal norte-americano Burke, patrono da Soberana Ordem de Malta, um dos principais "inimigos" conservadores do Papa.
Os outros signatários são o cardeal Janis Pujats, emérito de Riga, Letônia; His Tomash Peta, Arcebispo de Santa Maria em Astana, Cazaquistão; Jan Pawel Lenga, bispo emérito de Karaganda, Cazaquistão; e precisamente Athanasius Schneider. Poucos nomes e curiosamente todos cazaques.
Em suma, novos ataques estão chegando do Ocidente e do Leste contra Francisco.
Enquanto isso, para Matteo Salvini, vencedor das eleições italianas, muito próximo do cardeal Burke, algo poderia estar sendo preparado no Vaticano. Se não for uma audiência (que não lhe cabe, pois não é chefe de Estado ou de governo), poderia haver um encontro com o Papa, que é o bispo de Roma e o primaz da Itália. Foi isso que o cardeal Angelo Becciu sugeriu, depois de repreendê-lo: "Quem invoca os santos e reza deve fazê-lo pelo bem de todos". Ele, Salvini, respondeu nesta segunda-feira em relação aos migrantes: "O Papa nos exorta a salvar vidas, é o que estamos fazendo".
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O retorno de Viganò e o ataque cazaque - Instituto Humanitas Unisinos - IHU