Os ultraconservadores voltam à carga e censuram o Papa por sua “intencional ambiguidade”

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Por: André | 15 Julho 2016

No último fim de semana, apareceram notícias sobre o envio de um manifesto assinado por 45 acadêmicos e clérigos católicos ao cardeal Angelo Sodano em que pedem ao Papa Francisco repudiar de forma “definitiva e final” os “erros” de doutrina supostamente introduzidos no texto da Amoris Laetitia.

A reportagem é de Cameron Doody e publicada por Religión Digital, 14-07-2016. A tradução é de André Langer.

Nesta quarta-feira, foram divulgados detalhes de outra maquinação contra o Pontífice, e desta vez através de um vídeo produzido pelo portal estadunidense Life Site News, no qual 16 líderes mundiais “pró-vida” pedem ao Papa Francisco para que acabe com a “confusão” provocada pela Exortação Apostólica em temas relacionados ao matrimônio e à família.

Entre os protagonistas desta última “Súplica ao Papa” (este é o nome da campanha; em inglês, Plea to the Pope) – que, ao contrário da solicitação dos 45, resolveram revelar suas identidades – encontram-se o conhecido bispo conservador Athanasius Schneider, auxiliar da diocese de Maria Santíssima, no Cazaquistão, e o professor ultratradicionalista Roberto de Mattei. “Estamos vivendo um tempo especial de uma profunda crise de fé”, opina Schneider no curta-metragem. “Não é nenhum segredo. Isso está muito claro. Muita gente, simples fiéis, está sofrendo com a situação de confusão”, afirma o bispo cazaquistanês.

Embora as pessoas que aparecem no vídeo afirmem seu amor e fidelidade à pessoa do Papa, acabam acusando-o de nada menos que “intencional ambiguidade”, usando a frase de John-Henry Westen, editor do Life Site News e principal organizador da iniciativa. “Houve muita ambiguidade... deixando as coisas sem serem resolvidas para que houvesse confusão. E eu creio que isto faz muito mal”, disse Westen.

Mas este novo grupo de reacionários não se contentou com criticar simplesmente Francisco. Pelo contrário, aproveitaram sua plataforma para, de passagem, vituperar cristãos anglicanos. Por exemplo, Christine Vollmer – membro fundadora da Pontifícia Academia para a Vida e fundadora também da Aliança para a Vida latino-americana – considera que “a contracepção já destruiu um número de Igrejas. Hoje, a Igreja anglicana está vazia. Tem poucas vocações. E é porque a relação vital entre o amor de um homem e uma mulher e o amor à Igreja... se rompeu na Igreja anglicana. E agora parece que está rompendo também na Igreja católica”.

Roberto de Mattei, por sua vez, qualifica, no vídeo do Life Site News, a Amoris Laetitia como um texto de “consequências catastróficas”. “O terrível impacto deste documento é que há, atualmente, muitas almas que se encontram em uma profunda crise de consciência... A vida espiritual de almas hoje está em grave perigo. Temos que reagir a isto”, opina o professor, que, além disso, é o fundador da Associação Lepanto.

O vídeo, que pode ser visto, em inglês, clicando aqui, está repleto de sentimentos como estes citados acima. O curta mostra que as forças “ultraconservadoras” da Igreja, como o próprio Francisco os caracterizou no começo do mês – aqueles que “dizem não a tudo” –, parecem estar ganhando mais confiança. Basta citar, como último exemplo, John Smeaton, presidente da Sociedade para a Proteção das Crianças Não Nascidas, que disse no filme:

“Digo isto com muita reverência ao Santo Padre... [mas] o que ele escreveu justifica atos de adultério. Já chegaram até nós notícias de casais que, em base ao que o Santo Padre escreveu, decidiram renunciar à virtude heroica e cair no pecado mortal objetivo, e depois apresentar-se para comungar”.

É possível imaginar algo mais mísero que culpar o Papa por adultério?

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