17 Abril 2018
Saiba por que os manguezais são importantes para o equilíbrio do meio ambiente.
A reportagem é de João Lara Mesquita, publicada por Mar Sem Fim, 01-05-2017.
Depois dos recifes de corais, considerado o mais rico ecossistema marinho, vêm o manguezal. Eles são importantes não só para a vida marinha e a a qualidade da água do mar. Um sem- número de outros organismos dependem dele para seu ciclo de vida. O mangue, ou suas copas, sequestram óxido de carbono da atmosfera amenizando o efeito estufa, e ainda são ‘barreiras naturais’ contra a erosão.
A importância dos manguezais. Guarás, em risco de extinção, têm o mangue como habitat. (Foto: Bjoertvedt, Wikipédia)
São três tipos: o Mangue-branco (Laguncularia racemosa); o Mangue-vermelho (Rhizophora mangue); e o Mangue siriúba (Avicena schaueriana). Trata-se de um ecossistema de zonas tropicais e sub-tropicais. Eles são formados em água salobra, resultado do encontro da água do mar com a de rios. É uma vegetação pneumatófora, isto é, que respira através das raízes aéreas que ficam acima das águas.
Os mangues são habitat de ostras, cavalos- marinhos, quelônios, peixes-boi, alguns tipos de tubarões, moluscos, crustáceos, aves marinhas, mamíferos, répteis, anfíbios e muitos tipos de peixes. Eles protegem a linha da costa contra a erosão e fenômenos como as ressacas e até mesmo tsunamis. O manguezal filtra a água do mar melhorando sua condição. Suas raízes aéreas retém nutrientes o que os tornam um berçário importantíssimo.
Os manguezais são encontrados em 123 países, cobrindo uma área de 152.360 km2. Mais de dois terços dos manguezais do mundo são encontrados em apenas 12 países, com a Indonésia sozinha respondendo por mais de 20% da cobertura total de manguezal do mundo. O segundo país em extensão de mangues é o Brasil. São cerca de 20 mil Km2 desta vegetação, que se estende desde o Amapá, até a baía da Babitonga, ao norte de Santa Catarina.
A importância dos manguezais. Mangue vermelho (Foto: Jonathan Wilkins, Wikipédia)
O Ministério do Meio Ambiente reconhece a importância do bioma. No relatório “Panorama da Conservação dos Ecossistemas Costeiros e Marinhos do Brasil”, publicado pelo MMA, está escrito que: os manguezais, por sua vez, apresentam elevada diversidade estrutural e funcional, atuando, juntamente com os estuários, como exportadores de biomassa para os sistemas adjacentes
São muitas. A extração descontrolada da vida marinha, como acontece nas RESEX (tipo de unidade de conservação do Brasil), uso da madeira para lenha e outros, aterramento para a construção de casas de veraneio, marinas, portos, etc. E ainda fazendas marinhas, como as que criam camarão. Nestes casos, o mangue é extirpado para, em seu lugar, criarem tanques de reprodução. Outra ameaça é a agricultura muito próxima ao manguezal. Quando chove, a água que cai ‘lava’ o chão, levando agrotóxicos para o mangue. Isso acontece em quase todo o Nordeste brasileiro uma vez que a cana-de-açúcar está praticamente ‘grudada’ aos manguezais. Finalmente a poluição, de forma geral, é outra causa da perda de mangues no mundo.
Até a reforma do Código Florestal “os manguezais eram considerados áreas de preservação permanente segundo o artigo 2° da Lei 4.771/65, o que, por si só, dispensaria a necessidade de criar unidades de conservação para protegê-los. No entanto, a expansão de empreendimentos de carcinicultura ao longo de toda a costa brasileira vem sendo alvo de sucessivas denúncias encaminhadas ao poder público, incluindo ao MMA.
Apesar da constatação do próprio governo, a reforma do Código Florestal, em 2012, derrubou a proteção legal.
Ceará: a carcinicultura detona os manguezais.
A carcinicultura explodiu no Nordeste no final dos anos 80, começo dos 90. Imensas áreas de mangue foram extirpadas para a criação de camarões. A perda de habitats é considerada pela FAO como a principal causa da perda da biodiversidade marinha.
O Estadão trouxe matéria com o seguinte título: “Manguezais perdem 20% de sua área em 15 anos.”
Diz o texto de Giovana Girardi:
“O trabalho, conhecido como MapBiomas (Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil), revela que os manguezais, perderam, entre 2001 até 2016, 20% de sua área em parte por causa da expansão urbana.”
Eles também são extremamente importantes para a diminuição dos gases do efeito estufa. O título da matéria do site Nature World News, já diz tudo…” Dióxido de carbono e manguezais: equivalente a tirar carros das ruas“. No corpo de texto vem a explicação: “a conservação de manguezais não apenas previne a perda de habitats, mas também ajuda a regular as emissões de carbono”.
Ficou provado, depois do tsunami, que as áreas onde havia mangues foram menos danificadas. Por que? Porque os manguezais agem com uma barreira, diminuindo a força das águas que invadiram a parte continental. Mais um serviço prestado: a contenção da erosão natural que ocorre em regiões costeiras.
35.594 acres de mangue equivalem a menos 13 milhões de toneladas de dióxido de carbono!
De acordo com pesquisadores da Universidade de Duke, áreas protegidas na Indonésia mantiveram 35.594 acres de habitats de mangue. Isso impediu a libertação para a atmosfera de cerca de 13 milhões de toneladas de dióxido de carbono.
Como funciona? Pela fotossíntese. Ao produzir o fenômeno, as folhas dos manguezais sequestram dióxido de carbono da atmosfera e os depositam em suas raízes.
Os manguezais crescem em áreas costeiras. Quando produzem a fotossíntese o dióxido de carbono é armazenado nos sedimentos debaixo dos manguezais. Eles também são conhecido como “carbono azul”. Quando os níveis de água abaixam, ou quando o mangue é destruído, este sedimento oxida, e o dióxido de carbono é libertado de novo para a atmosfera.
De todo o carbono biológico, também denominado ‘carbono verde’, capturado no mundo, mais de metade (55%) é capturado pelos mangues, óleos marinhos (sea grasses), salinas, e outros organismos marinhos vivos, que são igualmente conhecidos como carbono azul.
Assista ao vídeo:
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A importância do manguezal. Saiba mais sobre os mangues - Instituto Humanitas Unisinos - IHU