29 Setembro 2017
A vontade protagonizada pelo cardeal conservador Juan Luis Cipriani tem a ver com a polêmica sobre o local em que o Papa Francisco vai presidir uma missa campal durante a sua visita à capital peruana, disse na quarta-feira uma conhecida analista.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 27-09-2017. A tradução é de André Langer.
A analista Rosa María Palacios disse que a questão motiva um conflito dentro da Igreja católica peruana. Cipriani está decidido a agir para que o ofício religioso massivo aconteça na Costa Verde, uma estreita faixa de praia ao pé dos escarpados da cidade.
O vice-ministro do Interior, Ricardo Valdés, declarou dias atrás que a praia estava descartada por problemas de segurança, diante de um possível terremoto, tsunami ou outro problema que coloque em risco a vida do um milhão de fiéis que são aguardados para essa ocasião.
Imediatamente, o polêmico cardeal Cipriani acusou o funcionário de agir de má fé e aterrorizar os fiéis e disse que o que foi planejado e combinado por uma missão do Vaticano é que a missa seja realizada na Costa Verde.
"Aqui há um problema de protagonismo", disse Palacios, que explicou que Cipriani quer que o ato religioso aconteça na área da praia, porque essa pertence à sua jurisdição e ele, portanto, presidiria o ato de massas.
O ministro do Trabalho e coordenador do governo da visita, Alfonso Grados, por sua vez, esclareceu que o vice-ministro Valdés foi apressado, porque a Costa Verde não está descartada e que outra opção tratada no Vaticano seria a pista de pouso da Base Aérea de Las Palmas.
Palacios disse que, se a missa for realizada em Las Palmas, a cerimônia seria presidida pelo bispo castrense Juan Carlos Vera, e não por Cipriani.
O padre Luis Gaspar, representante de Cipriani na organização da visita, insistiu na Costa Verde e alegou que esse local foi aprovado pela equipe de segurança do Papa. Grados, ao contrário, disse que o Vaticano deixou a decisão da escolha do local nas mãos do governo, justamente em função da segurança.
Gaspar confirmou categoricamente o que foi dito pela analista Palacios, ao argumentar que, na área das praias, a jurisdição pertenceria à Arquidiocese de Lima, cujo titular é o cardeal, ao passo que a base está na área religiosa do Vicariato castrense.
"Eu penso que o bispo Cipriani deveria refletir para melhorar o seu último ano como arcebispo. Eu não acredito que em Roma achem graça por verem os bispos peruanos brigarem em público", afirmou Palacios.
A analista lembrou que o cardeal nunca foi eleito presidente da Conferência Episcopal porque não tem o apoio majoritário dos bispos.
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Peru. Os desejos do cardeal de Lima dificultam os planos para a visita do Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU