“Precisamos restaurar o protagonismo dos movimentos de base”, diz Frei Betto

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

05 Agosto 2017

A formação política e o resgate do trabalho de base e de equipes de educação popular são, na visão do escritor Frei Betto, os grandes desafios da esquerda brasileira nos dias de hoje. A análise foi feita nesta sexta-feira (4), durante o 14º encontro Nacional de Moradia Popular, promovido pela União Nacional por Moradia Popular e a União dos Movimentos de Moradia de São Paulo, no centro da capital paulista. “Nós falhamos porque abandonamos o trabalho de formação política e de organização de base a longo prazo”, disse o escritor.

Encontro nacional de movimentos de moradia. Foto: Rute Pina / Brasil de Fato

A reportagem é de Rute Pina, publicada por Brasil de Fato, 04-08-2017.

Durante o debate sobre democracia e o golpe no Brasil, o escritor ressaltou a importância das eleições diretas para a ruptura com o processo de golpe político, cujo ápice se deu com a saída da ex-presidenta Dilma Rousseff, mas pontuou que o problema da crise política e econômica do país não se resolve com o pleito: “É preciso um programa histórico de emancipação e libertação do país.”

“Temos que ter clareza que nossa luta é de longa duração. Anteontem [quarta-feira, dia 2 de agosto], todo mundo ficou esperando que o Congresso e os deputados fossem permitir que o [Michel] Temer fosse responsabilizado pelos graves crimes que cometeu. Mas sair Temer para entrar o Rodrigo Maia é trocar seis por meia-dúzia. Precisamos pensar o processo político popular a longo prazo”, ressaltou.

Na ocasião, Frei Betto também defendeu o fim do corporativismo e a unificação dos movimentos populares: “Ou unificamos e articulamos as lutas sociais brasileiras, ou cada um de nós vai permanecer no seu trilho, sendo atropelado pelo trem do capital e dos interesses internacionais.”

Também presente no evento, Elvio Aparecido Motta, coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), afirmou que os retrocessos nos direitos trabalhistas e a paralisação dos programas de habitação popular evidenciam diariamente o processo de golpe no país. Para ele, o governo golpista de Michel Temer (PMDB) representou a ruptura com as políticas públicas para a classe trabalhadora e pobre do Brasil.

“É preciso construir, através do trabalho de base, a unidade da classe trabalhadora e um pacto de resistência entre o campo e a cidade, para além da pauta da habitação, mas de diálogo e concretude do país que queremos construir”, disse.

A presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT), a senadora Gleisi Hoffmann, reconheceu limitações na atuação dos governos petistas: “Foi a construção lenta de um mínimo de bem-estar social no Brasil, um pequeno. O que nos conquistamos nesse período foi muito pouco frente às necessidades da população brasileira.”

Hoffmann defendeu três temas fundamentais, desafios para a campanha de um possível terceiro mandato do ex-presidente Lula: a reforma da mídia, a tributação do capital financeiro e a democratização do aparelho de Estado.

“Vamos encarar o desafio”, se comprometeu a presidenta do PT com a plateia de militantes de pessoas, que vieram para o encontro de diversos estados do país.

Com o lema “Nenhum direito a menos: em defesa do direito à moradia popular e da função social da propriedade”, o encontro nacional de movimentos de moradia teve início nesta quinta-feira (3) e se encerra no próximo sábado (5).

Leia mais