Peru. Milhares marcham contra ensino de gênero em escolas

Foto: @mmmperu

Mais Lidos

  • "A ideologia da vergonha e o clero do Brasil": uma conversa com William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • O “non expedit” de Francisco: a prisão do “mito” e a vingança da história. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • A luta por território, principal bandeira dos povos indígenas na COP30, é a estratégia mais eficaz para a mitigação da crise ambiental, afirma o entrevistado

    COP30. Dois projetos em disputa: o da floresta que sustenta ou do capital que devora. Entrevista especial com Milton Felipe Pinheiro

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

Por: João Flores da Cunha | 07 Março 2017

Milhares de pessoas foram às ruas do Peru no dia 4-03 para protestar contra a inclusão de temáticas de gênero no currículo da educação básica no país. Sob o lema “não se meta com meus filhos”, setores conservadores da sociedade marcharam contra o que chamam de “ideologia de gênero”.

Houve atos na capital Lima e em cidades do interior do país. As marchas tiveram o apoio de setores religiosos e de congressistas peruanos. “Não se meta com meus filhos” é também o nome do coletivo formado por esses grupos conservadores.

O protesto é contra o Currículo Nacional da Educação Básica, que estabelece as diretrizes para a educação básica do país. O documento foi aprovado em maio de 2016, ainda no governo do presidente Ollanta Humala. Nele, “igualdade de gênero” consta como um princípio educativo, ao lado de termos como “ética”, “democracia” e “consciência ambiental”.

A inclusão da temática de gênero provocou a reação conservadora. Para os grupos responsáveis pelo protesto, o novo currículo representa uma doutrinação dos alunos, e deveria ser revogado pelo governo do presidente Pedro Pablo Kuczynski.

A ministra da Educação, Marilú Martens, vem defendendo publicamente os princípios educativos que constam no projeto educacional. “O Currículo Nacional promove a igualdade de gênero entre homens e mulheres”, segundo ela. Frente aos críticos do plano curricular, que dizem que ele promove a homossexualidade, a ministra afirmou que “a homossexualidade não se ensina, mas o ódio e a discriminação sim”.

Ela denuncia uma campanha de desinformação, em que circulam pelas redes sociais documentos apócrifos como se constassem do currículo nacional. “Preocupa-nos que os pais estejam atemorizados por algo que não existe”, disse à imprensa local. Martens convidou os opositores da iniciativa a visitar o sítio do Ministério da Educação peruano e ler o documento. “O que se promove no currículo nacional é igualdade e respeito para todos”, afirmou.

A iniciativa do governo peruano foi saudada por uma representação da Organização das Nações Unidas – ONU no Peru, que deu seu respaldo à “aprovação de políticas públicas que protegem e promovem a igualdade de gênero e os direitos humanos como uma estratégia essencial para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa para todos e todas”. A nota é do Sistema das Nações Unidas no Peru.

Segundo o órgão, “nos últimos anos, o Estado peruano deu demonstrações de seu compromisso” com o tema da igualdade de gênero, aprovando “políticas orientadas a fortalecer o reconhecimento e o exercício dos direitos humanos, em particular daquelas pessoas que se encontram em situação de maior vulnerabilidade”. Esse “é o caso do Currículo Nacional de Educação Básica, que reconhece e promove os enfoques de gênero, direitos humanos e educação sexual integral nas escolas, a fim de que essa se consolide como um espaço livre de violência, promotor de relações baseadas nos valores de igualdade e respeito a todos os e as estudantes”, de acordo com a representação da ONU.

Leia mais: