01 Mai 2020
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 10,1-10 que corresponde ao Quarto Domingo da Páscoa, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Jesus propõe a um grupo de fariseus um relato metafórico no qual critica com dureza os dirigentes religiosos de Israel. A cena é tirada da vida pastoral. O rebanho está recolhido dentro de um redil, rodeado por uma cerca ou muro pequeno, enquanto um guarda vigia o acesso. Jesus centra precisamente a sua atenção naquela «porta» que lhe permite chegar às ovelhas.
Há duas formas de entrar no redil. Tudo depende do que se pretende fazer com o rebanho. Se alguém se aproxima do redil e «não entra pela porta», mas pula «por outro lado», é evidente que não é o pastor. Não vem para cuidar do seu rebanho. É «um estranho» que vem «roubar, matar e fazer mal».
A atuação do verdadeiro pastor é muito diferente. Quando se aproxima do redil, «entra pela porta», chama as ovelhas pelo nome e elas atendem à sua voz. Tira-as para fora e, quando as reúne todas, coloca-se à frente e caminha à frente delas até aos pastos onde se poderão alimentar. As ovelhas seguem-no porque reconhecem a sua voz.
Que segredo se esconde nessa «porta» que legitima os verdadeiros pastores que passam por ela e desmascara os estranhos que entram «por outro lado», não para cuidar do rebanho, mas para fazer-lhe mal? Os fariseus não entendem de que lhes está falando aquele Mestre.
Então Jesus dá-lhes a chave do relato: «Asseguro-vos que sou a porta das ovelhas». Aqueles que entram no caminho aberto por Jesus e continuam a viver seu evangelho são verdadeiros pastores: saberão alimentar a comunidade cristã. Quem entra no redil deixando Jesus de lado e ignorando a sua causa são pastores estranhos: farão mal ao povo cristão.
Em não poucas igrejas, todos estamos sofrendo muito: os pastores e o povo de Deus. As relações entre a hierarquia e o povo cristão são frequentemente vividas de forma receosa, crispada e conflitiva: há bispos que se sentem rejeitados; há setores cristãos que se sentem marginalizados.
Seria demasiado fácil atribuir tudo ao autoritarismo abusivo da hierarquia ou à inaceitável insubmissão dos fiéis. A raiz é mais profunda e complexa. Criamos entre todos uma situação difícil. Perdemos a paz. Vamos necessitar cada vez mais de Jesus.
Temos que fazer crescer entre nós o respeito mútuo e a comunicação, o diálogo e a busca sincera da verdade evangélica. Necessitamos respirar quanto antes um clima mais amigável na Igreja. Não sairemos desta crise se não voltamos todos ao espírito de Jesus. Ele é «a porta».
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Jesus é a porta - Instituto Humanitas Unisinos - IHU