18 Julho 2018
Casais homossexuais agora podem casar na paróquia mais próxima mesmo que o bispo tenha objeções morais ao casamento gay, segundo a decisão de líderes da Igreja Episcopal, no dia 13 de julho.
A informação é de Eileen Flynn, publicada por Religion News Service, 13-07-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Na Convenção Trienal em Austin, a Casa dos Bispos e a Câmara dos Deputados, órgãos responsáveis por governar a Igreja, aprovaram a resolução controversa depois de dias de debate.
Na nova lei, os casais podem solicitar, na igreja que frequentam, ritos de matrimônio com gênero neutro, que foram aprovados para uso experimental na convenção da Igreja de 2015. O padre da paróquia pode conduzir a cerimônia mesmo que o bispo da igreja se oponha a casamentos homoafetivos, solicitando "apoio pastoral" do bispo de outra diocese, se necessário.
Atualmente, oito dioceses das 101 dioceses episcopais dos Estados Unidos — Albany, NY; Florida Central; Dallas; Florida; Dakota do Norte; Springfield, Illinois; Tennessee e as Ilhas Virgens — não autorizam as liturgias.
O bispo de Long Island, Nova York, Lawrence Provenzano, que ajudou a elaborar a resolução, disse que garante maior inclusão a casais LGBT sem alienar os tradicionalistas. Uma resolução anterior teria tornado o casamento homoafetivo efetivamente parte da teologia oficial da igreja, inserindo as novas liturgias no Livro de Oração Comum.
Isso teria sido "um passo rápido demais", disse Provenzano, para os bispos que biblicamente discordam do casamento homoafetivo e já ameaçaram sair da denominação por causa disso.
"Essa foi uma solução realmente pastoral", observou, "uma decisão consciente de tentar apoiar a todos".
Alguns delegados da convenção que apoiam a igualdade de casamento ainda encontraram falhas na resolução. Um dos bispos estava preocupado que os fiéis episcopais LGBT pudessem se sentir cidadãos de segunda classe sem a adoção oficial das liturgias do novo casamento no Livro de Oração Comum. Outros bispos disseram que poderia ser apenas uma questão de tempo até que as liturgias fossem incluídas oficialmente.
Pessoas que se opõem à resolução levantaram questões sobre redução da autoridade episcopal e sobre um possível cisma dentro da Igreja. O bispo John Howard, da Flórida, disse que sua diocese ainda está se recuperando da consagração de 2003 do bispo Gene Robinson, que é abertamente gay, em New Hampshire, que levou parte do clero episcopal e dos leigos a romperem com a denominação.
O bispo William Love, da diocese de Albany, advertiu que a resolução poderia provocar uma agitação semelhante à de 2003.
"Estou preocupado que quando isto passar as comportas vão abrir mais uma vez, e os processos insidiosos vão continuar", disse, durante o debate.
Ele também disse que seguiria "as palavras de Deus" e que talvez não cumpra a resolução.
Antes do início da convenção geral, os bispos de várias dioceses predominantemente latino-americanas emitiram uma declaração pedindo que os delegados não aumentassem o uso de ritos de casamentos homoafetivos, dizendo que isso forçaria os membros tradicionalistas da Igreja Episcopal a “aceitar práticas culturais e sociais que não têm qualquer fundamento bíblico no culto cristão".
Para Mary Glasspool, bispo auxiliar da diocese de Nova York, a resolução é mais um passo na direção certa. Ela lembrou que casou com sua esposa no consultório do terapeuta porque não havia opção de casar na igreja. Está na hora, mencionou, não só de abraçar a igualdade de casamento, mas de “honrar o dom" dos relacionamentos homossexuais.
Após longas discussões sobre a autoridade eclesiástica, a interpretação das Escrituras e aspectos técnicos da resolução, o bispo de Idaho Brian Thom deu sua opinião como membro da equipe que estudou a questão do casamento nos últimos três anos. O que ele ouviu das pessoas das congregações de todo o país era simples: "As pessoas só querem casar em casa".
Na quarta-feira, não muito tempo depois de os bispos terem votado a favor da resolução, Provenzano disse ao Religion News Service que ficou "surpreso e alegre" pelo "espírito de reconciliação" da convenção, mesmo no meio do debate acalorado.
Encontrar um consenso sobre a resolução sobre o casamento ao mesmo tempo em que reduz as revisões propostas ao Livro de Oração Comum, afirmou, permite que a Igreja se concentre em responder aos problemas críticos do mundo.
"A última coisa que a Igreja precisa fazer no momento é lutar a respeito dos rituais do livro de orações", disse. "Nossa liderança precisa ser melhor do que isso".
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Convenção Episcopal aprova uma 'solução pastoral' a respeito do casamento homoafetivo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU