30 Novembro 2017
O Governo dos Estados Unidos enviou à Espanha, nesta terça-feira, o ex-coronel e ex-vice-ministro da Defesa salvadorenho Inocente Montano, acusado de assassinar cinco jesuítas espanhóis, entre eles Ignacio Ellacuría, durante a guerra civil de El Salvador (1980-1992).
A reportagem é publicada por Religión Digital, 29-11-2017. A tradução é do Cepat.
Fontes diplomáticas apontaram que Montano saiu de um aeroporto de Atlanta (Geórgia), à tarde, rumo a Madri, capital da Espanha, onde chegará em poucas horas.
No último dia 15 de novembro, o presidente do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, John Roberts, autorizou a extradição ao rejeitar um recurso de sua defesa, que tentou em várias ocasiões impedir a entrega do ex-militar, desde que foi aprovada em fevereiro de 2016 por um juiz de Carolina do Norte.
Montano é acusado de ter ajudado a planejar o massacre que ocorreu na madrugada do dia 16 de novembro de 1989, quando forças do Exército salvadorenho assassinaram o espanhol Ignacio Ellacuria, reitor da Universidade Centro-Americana (UCA) e ideólogo da Teologia da Libertação, e outras sete pessoas.
Então, um “esquadrão da morte” invadiu o Centro Pastoral da universidade dos jesuítas, ordenou que fossem ao jardim e se deitassem de bruços no chão, onde apareceram, na manhã seguinte, sem vida e com vários tiros no corpo.
Os outros cinco sacerdotes assassinados são os também espanhóis Amando López, Juan Ramón Moreno, Segundo Montes e Ignacio Martín Baró, bem como o salvadorenho Joaquín López.
Também morreram a cozinheira Elba Julia Ramos e sua filha Celina, de 16 anos, ambas salvadorenhas.
Durante mais de dois anos, Montano esperou a decisão final sobre sua extradição em uma prisão na Carolina do Norte, cárcere no qual já cumpriu uma pena de 21 meses de prisão por ter mentido sobre sua situação migratória nos Estados Unidos, supostamente para não retornar a El Salvador e responder pela matança.
A justiça de El Salvador realizou um julgamento contra Montano e outros 19 militares, mas o juiz da Audiência Nacional espanhola, Eloy Velasco, considerou que foi uma fraude à lei porque os fatos não foram, em sua avaliação, corretamente investigados e, por isso, em 2011, reivindicou a extradição dos acusados.
Os diferentes crimes de guerra cometidos em El Salvador, durante a guerra civil, não foram julgados pela promulgação de uma lei de anistia, em 1993.
Em julho de 2016, a Corte Suprema de Justiça (CSJ) salvadorenha anulou essa lei de anistia, o que supôs a reabertura de processos judiciais como o da matança dos jesuítas, e o caso do magnicídio do arcebispo de San Salvador Óscar Arnulfo Romero (1980), agora beato da Igreja católica.
Em 2016, o juiz Velasco voltou a pedir a extradição dos ex-militares em El Salvador, mas a Corte Suprema de Justiça salvadorenha deixou sem efeito essas ordens de captura, motivo pelo qual os acusados da matança dos jesuítas não foram extraditados.
Montano é, portanto, o primeiro uniformizado salvadorenho que responderá na Justiça espanhola pelo assassinato de Ellacuría e seus companheiros.
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El Salvador. Governo dos Estados Unidos envia à Espanha acusado pela matança dos jesuítas na UCA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU