12 Agosto 2017
Às voltas com sua própria decadência, EUA agem para inviabilizar outros países. Depois do Oriente Médio, Coreia e Irã estão na mira. Que revela esta obsessão pela ruína?
O artigo é de Tom Engelhardt, cofundador do American Empire Project e autor de "Os Estados Unidos do Medo", "O Fim da Cultura da Vitória" e "Governo Sombra: Vigilância, Guerras Secretas e um Estado de Segurança Global num Mundo de uma Superpotência Única", publicado por Outras Palavras, 10-08-2017. A tradução é de Inês Castilho.
Você se lembra. Era para ser guerra do século 21, estilo norte-americano: precisa além da imaginação; bombas inteligentes; drones capazes de eliminar um ser humano cuidadosamente identificado e rastreado praticamente em qualquer lugar da Terra; incursões de operações especiais tão exatamente precisas que representariam um triunfo da ciência militar moderna. Tudo “em rede”. Era para ser um sonho glorioso de destruição limitada combinada com poder e sucesso ilimitado. Na realidade, provou ser um pesadelo de primeira ordem.
Se você quer resumir numa só palavra o que as guerra dos Estados Unidos produziram nesta última década e meia, eu sugeriria escombros. É um termo dolorosamente adequado desde 11 de setembro de 2001. Além disso, para entender a essência de tal guerra neste século, duas novas palavras podem ser usadas: arruinar e arruinamento.
Vou explicar a seguir
Nas últimas semanas, outra grande cidade do Iraque foi oficialmente “liberada” (quase) de militantes do Estado Islâmico. Contudo, os resultados da campanha militar iraquiana apoiada pelos EUA para retomar Mosul, segunda maior cidade do país, não cabem em nenhuma definição comum de triunfo ou vitória. Começou em outubro de 2016 e, com mais de nove meses, foi mais longa do que a batalha de Stalingrado, da Segunda Guerra Mundial. Semana após semana, numa luta de rua em rua, com os bombardeios aéreos dos EUA repetidamente executados em bairros ainda cheios de habitantes aterrorizados, matou um número de civis desconhecido mas potencialmente assombroso. Mais de um milhão de pessoas – sim, você leu corretamente – foram arrancadas de suas casas. Grande parte da metade ocidental da cidade, incluindo suas áreas históricas milenares, transformaram-se em escombros.
Isso deveria ser a definição de vitória como derrota, sucesso como desastre. É também um padrão. Tem sido a história essencial da guerra norte-americana ao terror desde que, no mês pós ataques de 11 de Setembro, o presidente George W. Bush autorizou o uso de fogo aéreo no Afeganistão. Aquele primeira campanha aérea deu início ao que passou cada vez mais a assemelhar-se com o destroçamento em larga escala de partes significativas do Grande Oriente Médio.
Ao não perseguir, simplesmente, o grupo que cometeu esses ataques, mas decidir derrubar os Talibãs, ocupar o Afeganistão e, em 2003, invadir o Iraque, o governo d Bush abriu a notória fonte de problemas naquela vasta região. Uma compulsão imperial para derrubar o governante do Iraque, Saddam Hussein, que já havia sido o homem de Washington no Oriente Médio somente para tornar-se seu inimigo mortal (e de qualquer modo não tinha nada a ver com o 11 de Setembro), revelou-se um dos erros fatais de cálculo da era imperial.
Assim foi a fantasia profundamente enraizada dos oficiais do governo Bush, de que controlavam um poder militar de precisão e alta tecnologia jamais possuído por nenhuma outra nação do planeta ou da história; um poder militar que seria, nas palavras do presidente, “a maior força para a liberação humana que o mundo já conheceu”. Com o Iraque ocupado e militarizado (estilo Coreia) pelas gerações seguintes, os altos oficiais dos EUA presumiram que iriam derrubar o Irã fundamentalista (soa familiar?) e outros regimes hostis na região, criando ali a Pax Americana. (Daí a ironia particular da presente ascendência iraniana sobre o Iraque.) Ao perseguir tais fantasias de poder global, o governo Bush armou, de fato, um rombo devastador no centro nevrálgico do petróleo do Oriente Médio. Na imagem pungente de Abu Mussa, chefe da Liga Árabe na época, os Estados Unidos escolheram entrar direto “nos portões do inferno”.
Nos pouco mais de quinze anos desde o 11 de Setembro, partes de uma faixa crescente do planeta – das fronteiras do Paquistão no Sul da Ásia até a Líbia no Norte da África – foram desestabilizadas de forma catastrófica. Pequenos grupos de terroristas islâmicos multiplicaram-se exponencialmente em organizações tanto locais quanto transnacionais, espalhando-se pela região com a ajuda da guerra de “precisão” norte-americana e da ira que ela provocou entre as populações civis indefesas. Estados começaram a cambalear ou cair. Países entraram em colapso, essencialmente, criando uma onde de refugiados no mundo, à medida em que ano após ano ano os militares norte-americanos, suas forças de Operações Especiais e a CIA foram sendo posicionadas, de um modo ou de outro, em um país após o outro.
Embora os resultados fossem sempre evidentemente desastrosos, os três governos em Washington pós 11/9 pareciam — como tantos adictos — incapazes de tirar as óbvias conclusões. Ao contrário, continuaram a fazer mais do mesmo (com modestos ajustes de um ou outro tipo). Os resultados, evidentemente, foram igualmente desapontadores ou destrosos.
A despeito das dúvidas sobre essa forma de guerra global que o então candidato Donald Trump suscitou, durante a campanha eleitoral de 2016, o processo entrou em escalada nos primeiros meses de sua presidência. Washington, parece, não consegue conter seu ímpeto de perseguir essa versão de guerra em toda sua sinistra imprecisão até suas conclusões cada vez mais imprecisas porém previsivelmente destrutivas. Ainda pior, se as principais figuras militares e políticas em Washington tiverem espaço, nada disso deve acabar em nosso tempo de vida. (Nos últimos anos, por exemplo, o Pentágono e aqueles que canalizam seus pensamentos começaram a falar de uma “abordagem geracional” ou “luta geracional” no Afeganistão). Tantos anos depois de desencadeada, a guerra ao terror mostra todos os sinais de continuar se expandindo e escombros são, cada vez mais, o nome do jogo. Aqui está um registro muito parcial sobre o assunto:
Além de Mosul, várias outras grandes cidades e povoados do Iraque – incluindo Ramadi e Falluja – foram também reduzidas a ruinas. Ao longo da fronteira na Síria, onde uma guerra civil brutal desenvolve-se há seis anos, numerosas cidades e vilas, de Homs apartes de Aleppo, foram essencialmente destruidas. Raqqa, a “capital” do autoproclamado Estado Islâmico, está agora sob estado de sítio. (As forças das Operações Especiais Americanas já estão supostamente ativas dentro de seus muros violados, trabalhando com forças rebeldes aliadas curdas e sírias). A cidade também será “libertada” mais cedo ou mais tarde – o que significa dizer destruída.
Assim como em Mosul, Faluja e Ramadi, aviões norte-americanos vêm atacando posições do ISIS no coração urbano de Raqqa e matando civis, evidentemente em número considerável, enquando transformam em escombros partes da cidade. E tais atividades não pararam de se espalhar nos últimos anos. Na distante Líbia, por exemplo, a cidade de Sirte está em ruínas depois de uma luta semelhante envolvendo forças locais, poder aéreo norte-americano e militantes do ISIS. No Iêmen, nos últimos dois anos, os sauditas vêm conduzindo uma campanha aérea sem fim (com apoio norte-americano), voltada de forma significativa contra a população civil. Estão destroçando aquele país, enquando pavimentam o caminho para uma fome devastadora e uma epidemia de cólera que não pode ser constatada, dadas as condições daquela terra sitiada e empobrecida.
Só recentemente esse tipo de destruição espalhou-se, pela primeira vez, para além do Grande Oriente Médio e partes da África. No fim de maio, na ilha de Mindanao, no sul das Filipinas, rebeldes muçulmanos identificados com o ISIS tomaram a cidade de Marawi. Desde que mudaram para lá, a maioria de sua população de 200 mil pessoas foi desalojada. Quase dois meses depois, eles ainda mantêm partes da cidade, enquanto se engajam na guerra urbana estilo Mosul contra os militares filipinos (apoiados por conselheiros das Operações Especiais dos EUA). No processo, a área foi reduzida, segundo relatos, a escombros no estilo Mosul.
Na maioria dessas cidades arruinadas e regiões em torno delas, mesmo quando é declarada “vitória”, o pior ainda está para ser visto. No Iraque, por exemplo, com o “califado” de Abu Bakr al-Baghdadi agora sendo desmantelado, o ISIS continua a ser uma força guerrilheira verdadeiramente ameaçadora. As comunidades sunita e xiita (incluindo as milícias xiitas armadas) mostram poucos sinais de somar forças, e no norte do país os curdos ameaçam declarar um Estado independente. Lutas de vários tipos estão essencialmente asseguradas e a possibilidade de o Iraque tornar-se um estado falido em larga escala ou vários miniestados devastados continua a ser real, mesmo que o governo Trump esteja supostamente pressionando o Congresso para permitir a construção e ocupação de novas bases militares “temporárias” e outros equipamentos no país (e na vizinha Síria).
Pior: em todo o Grande Oriente Médio, “reconstrução” não é ainda sequer um conceito. Simplesmente não há dinheiro para isso. Os preços do petróleo continuam profundamente deprimidos e, da Líbia e Iêmen ao Iraque e Síria, os países são ou muito pobres ou muito divididos para começar a reconstrução de qualquer coisa. Nem – e isso é um dado – os EUA de Donald Trump lançarão algo equivalente a um Plano Marshall para a região. E mesmo que o fizessem, os anos pós 11 de Setembro já mostram que a versão altamente militarizada da “reconstrução” ou “construção da nação” norte-americana via “corporações guerreiras” foi uma das grandes mentiras do nosso tempo.
É claro que, como mostra a guerra civil da Síria, Washington não pode ser responsabilizada por toda a destruição da região. O próprio ISIS tem sido uma máquina mortífera excepcionalmente brutal e destrutiva, com seu próprio recorde impressionante de devastação urbana. Mas a maior destruição foi ao menos provocada pelos sonhos e planos militarizados do governo Bush e por sua resposta ao 11 de Setembro (a qual acabou convertendo-se em algo como o cenário de sonho de Osama bin Laden). Não esquecer que o predecessor do ISIS, a al-Qaeda no Iraque, foi uma criatura da invasão e ocupação norte-americana naquele país e que o próprio ISIS foi essencialmente formado numa prisão de campo militar norte-americana naquele país, onde seu futuro califa estava confinado.
E se você julga que alguma lição foi aprendida de tudo isso, pense de novo. Nos primeiros meses do governo Trump, os EUA essencialmente decidiram promover uma nova expansão de tropas e forças aéreas no Afeganistão; posicionaram pela primeira vez a maior arma não-nuclear em seu arsenal lá; prometeram aos sauditas mais apoio em sua guerra no Iêmen; aumentaram seus ataques e atividades de operações especiais na Somália; estão se preparando para uma nova presença militar na Líbia; aumentaram as forças e afrouxaram as regras para ataques aéreos em áreas civis do Iraque e em outros lugares; e enviaram operadores especiais e outros contingentes, em número crescente, a ambos países, Iraque e Síria.
Qualquer que seja o presidente, a aposta parece apenas subir quando se trata da “guerra ao terror”, uma guerra de imprecisão que ajudou a desalojar números recordes de pessoas no planeta, com os resultados usuais previsíveis: o avanço da disseminação dos grupos terroristas, a maior desestabilização de estruturas estatais, o que ampliou os números de civis deslocados e mortos, e a transformação em escombros de crescentes partes do planeta.
Embora ninguém negasse o potencial destrutivo de grandes poderes imperiais, historicamente o império norte-americano pode ser único. Da altura de sua força militar nesses anos, ele tem sido absolutamente incapaz de traduzir essa vantagem de poder em algo além de destruição.
Deixem-me falar pessoalmente aqui, já que vivo no pacífico e incrivelmente protegido coração daquele império da destruição e na cidade mesma onde tudo começou. O que me intriga eternamente é a impossibilidade daqueles que governam esse maquinário imperial de absorver o que de fato aconteceu desde 11 de Setembro e tirar dali qualquer conclusão razoáveis. Afinal, muito do que venho descrevendo parece, a essa altura, tristemente previsível.
No mínimo, a natureza “geracional” da guerra ao terror e o modo como ela tornou-se uma guerra permanente de terror deveria a essa altura parecer óbvia demais para discussões. E mais, seja o que for que tenha dito na campanha, Trump designou prontamente para posições chave os próprios generais que estão há tempos mergulhados em fazer a guerra norte=americana pelo Grande Oriente Médio e estão claramente prontos para fazer mais do mesmo. Por que ninguém no mundo, mesmo aqueles generais, imaginaria que tal abordagem pudesse resultar em algo “bem sucedido” está além da minha compreensão.
De muitas maneiras, a destruição situou-se no coração de todo esse processo, a começar com o momento 11 de Setembro. Afinal, a maior intenção desses ataques era transformar em escombros os símbolos do poder norte-americano – o Pentágono (poder militar); o World Trade Center (poder financeiro); e o Capitólio ou alguns outros edifícios de Washington (poder político, já que o avião sequestrado que caiu num campo na Pensilvânia estava sem dúvida dirigindo-se para lá). No processo, milhares de civis inocentes foram massacrados.
De certa forma, muito da transformação do Grande Oriente Médio em escombros, nos últimos, anos poderia ser pensado, embora inconscientemente, como uma campanha de vingança pelo horror e insulto dos ataques aéreos naquela manhã de setembro em 2001, que pulverizaram as torres mais altas de minha cidade natal. Desde então, a guerra americana vem empenhando-se, em certo sentido, em dar a Osama bin Laden o troco em espécie, porém numa escala assombrosa. No Afeganistão, Iraque e outros lugares, um momento chocante mas passageiro para os norte-americanos converteu-se na vida cotidiana de populações inteiras — e inocentes morreram em números que somariam muitos World Trade Centers empilhados um sobre o outro. As origens de TomDispatch, o site que dirijo, também estão nos escombros. Estava em Nova York naquele dia. Vivi o choque dos ataques e senti o cheiro daqueles edifícios queimando. Um amigo viu um avião sequestrado chocando-se com uma das torres e eu fui ao local dos ataques com minha filha nos dias seguintes. Vaguei pelas ruas próximas, construindo visões a partir dos cacos gigantes daqueles edifícios destruídos.
Na frase daquele momento, no imediato pós 11 de Setembro, tudo “mudou”. Num certo sentido, foi assim mesmo. Senti isso — e quem não? Notei o sentimento de medo crescendo nacionalmente e as repetidas cerimônias pelo país nas quais os norte-americanos aclamavam-se como as mais excepcionais vítimas, sobreviventes do planeta e (no futuro) vitoriosos. Naquelas semanas pós 11 de Setembro, tornei-me cada vez mais consciente de como um crescente sentido de choque e um desejo de vingança entre a população estava liberando os funcionários do governo Bush (que vinham há anos sonhando tornar o “superpoder único” onipotente de uma maneira sem precedentes na história) a agir mais ou menos como queriam.
Eu estava dominado por um senso de que o período a seguir poderia ser o pior da minha vida, muito pior do que a era Vietnã (a última vez em que estive de fato mobilizado politicamente). E de uma coisa eu estava certo: as coisas não iam ficar bem. Tinha urgência em fazer algo, embora não tivesse ideia do quê.
No início de outubro de 2011, o governo Bush lançou sua força aérea sobre o Afeganistão, uma campanha que, num certo sentido, nunca acabaria mas simplesmente espalhou-se por todo o Grande Oriente Médio. (A essa altura, os EUA já lançaram repetidos ataques aéreos em pelo menos sete países na região.) Naquele momento, alguém me enviou um artigo de Tamim Ansary, um afegão que havia estado nos EUA por anos mas continuava a acompanhar os acontecimentos em seu país natal. Seu artigo, que foi publicado no site Counterpunch, se mostraria de fato profético, especialmente porque foi escrito em meados de setembro, apenas alguns dias depois do 11 de Setembro. Naquele momento, notou Ansary, os americanos já estavam ameaçando – numa frase adotada na era da guerra do Vietnã – bombardear o Afeganistão até reduzi-lo “de volta à Idade da Pedra”. A que propósito, ele questionava, poderia servir tal campanha, uma vez que, como disse, “novas bombas poderiam apenas sacudir aos escombros das bombas anteriores”? Como ele ressaltou, o Afeganistão, então em grande parte governado pelo sinistro Talibã, havia sido basicamente reduzido a escombros anos antes na guerra por procuração travada ali por soviéticos e americanos até o Exército Vermelho regressar para casa, mancando e derrotado, em 1989. Os escombros que já eram o Afeganistão iriam apenas aumentar na guerra civil brutal que se seguiu. E nos anos anteriores a 2001, pouco foi reconstruido. Então, como Ansery deixou claro, os EUA estavam para lançar sua força aérea pela primeira vez no século 21 contra um país que não tinha nada, um país de ruinas e em ruinas.
A partir desse ato, ele previu desastre. Assim seria. Naquele tempo, aquela imagem de bombardeios aéreos sobre escombros me assombrou, em parte porque era ao mesmo tempo aterrorizante e verdadeira. Por um lado, parecia um sinal nefasto do que poderia nos esperar no futuro; por outro, nada semelhante podia ser então encontrado nas notícias mainstream ou em qualquer tipo de debate sobre como responder ao 11 de Setembro.
Impulsivamente, enviei o artigo com uma nota minha a amigos e familiares — algo que nunca havia feito antes. Seria o início do que se tornou um grupo de discussão e, pouco mais de um ano depois, do TomDispatch.
Por isso, a primeira palavra a capturar inteiramente minha atenção e me colocar em movimento na era pós 11 de Setembro, foi “escombro”. É triste que, quase 16 anos depois, os norte-americanos ainda temam obssessivamente por si mesmos — um medo que ajudou a fundar e construir um estado de segurança nacional de dimensões espantosas. Por outro lado, muito poucos de nós têm qualquer senso das intermináveis experiências estilo 11 de Setembro que nossos militares têm, de forma tão imprecisa, praticado no mundo. As bombas podem ser inteligentes, mas os atos não poderiam ser mais estúpidos.
Neste país, não há basicamente nenhum senso de responsabilidade pela propagação do terrorismo, o desmoronamento de Estados, a destruição de vidas e de maneiras de ganhar a vida, o fluxo corrente de refugiados e a transformação em escombros de algumas das grandes cidades do planeta. Não há avaliação razoável da verdadeira natureza e efeitos da guerra americana no exterior: sua imprecisão, sua idiotice, sua destrutividade. Nesta terra pacífica, é difícil imaginar o verdadeiro impacto da imprecisão da guerra, estilo americano. Dada a forma como as coisas estão indo, é bem fácil, contudo, imaginar o cenário de Tamim Ansari nos anos Trump e naqueles que se seguirão: norte-americanos bombardeando os escombros que criaram por todo o Grande Oriente Médio.
E ainda que distantes, as guerras imperiais encontram caminhos de voltar para casa. Não só na forma de novas técnicas de vigilância, com drones voando sobre o próprio país ou a militarização geral das forças policiais. Sem essas guerras desastrosas e infindáveis, suspeito que a eleição de Donald Trump teria sido improvável. E embora ele não vá perder essa guerra de “precisão” na própria pátria, seu projeto (e dos parlamentares republicanos) – da saúde ao meio ambiente – é visivelmente dirigido a transformar em escombros a sociedade norte-americana. Se ele fosse capaz, certamente criaria uma plutocracia dos escombros em um mundo onde as ruínas são, cada vez mais, a norma.
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O Império na era dos escombros - Instituto Humanitas Unisinos - IHU