19 Agosto 2016
A deputada do Parlasul, Milagro Sala, que está há sete meses na prisão, decidiu suspender a medida a pedido de sua família. O Centro de Estudos Legais e Sociais (CELS) fez uma nova reclamação para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Continua o acampamento solidário dos Padres em Opção pelos Pobres.
A reportagem é publicada por Página/12, 17-08-2016. A tradução é do Cepat.
A dirigente social e deputada do Parlasul, Milagro Sala, presa desde o dia 16 de janeiro passado, suspendeu ontem a greve de fome que havia começado na sexta-feira, em protesto por uma sanção de isolamento com restrição de visitas, e explicou ao juiz de Controle de Jujuy, Isidoro Cruz, que parou o protesto a pedido de sua família.
“Suspendi a greve de fome, não quero que continuem se preocupando”, escreveu em uma carta ao juiz. Por sua parte, a organização Tupac confirmou que “a pedido de seus advogados, que a encontraram fragilizada devido aos cinco dias de greve de fome e diante da preocupação de sua família pelo risco que corria sua vida, Milagro Sala resolveu suspender a medida”. Neste sentido, o agrupamento esclareceu que continuarão “denunciando a ilegal e arbitrária sanção contra ela”. “Na Praça de Maio, continuará o acampamento até que se suspenda a punição”. CELS, Anistia Internacional e advogados do Nordeste argentino expressaram à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) sua preocupação pela “irregular privação de liberdade” de Milagro Sala, “pois se agravaram suas condições de prisão”, a raiz de uma sanção de isolamento com restrição de visitas.
Essa sanção é contrária aos padrões internacionais, “como as disposições das Regras de Mandela ou dos Princípios e Boas Práticas para a Proteção das Pessoas Privadas de Liberdade nas Américas, destacou a apresentação assinada por Gastón Chillier, pelo CELS, Ana Laura Lobo Stegmayer e Gabriel Pereira, por Advogados e Advogadas do Nordeste Argentino em Direitos Humanos e Estudos Sociais, e Mariela Belski, diretora Executiva da Anistia Internacional, Seção Argentina. Os três organismos fizeram a apresentação “no marco” de um trâmite cautelar, já em curso, “relativo à irregular privação da liberdade” de Milagro Sala.
No mesmo sentido, os integrantes do Grupo de Padres em Opção pelos Pobres estão acompanhando a exigência de Sala, e alguns deles o fazem em greve de fome em todo o país e no acampamento da Praça de Maio, como o sacerdote Francisco “Paco” Olivera. “Temos denunciando em nossas cartas públicas o momento político atual tão dramático que vive nosso povo. Em todas essas cartas falamos de uma antipolítica de direitos humanos deste governo nacional, e dizemos, há meses, que Milagro está detida injustamente e que é uma presa política”, disse Olivera. E acrescentou: “Pareceu-nos que não podíamos ficar só nas cartas, quando ela iniciou uma greve de fome. Não sei se com estas medidas tocaremos o coração, ou melhor dito, tocaremos a lei e a razão dos juízes que levam adiante este processo contra Milagro, em Jujuy, ou do poder político nacional, por isso estamos na Praça de Maio e não estamos nos Tribunais. Há claramente decisões políticas que fazem com que hoje Milagro e os companheiros da organização Tupac Amaru estejam presos”, ressaltou. Os Padres em Opção pelos Pobres celebrarão uma missa no domingo, na Praça de Maio.
Na coletiva de imprensa que foi realizada no acampamento, estavam presentes María Elena Naddeo (APDH), Andrés Larroque (FpV), Aníbal Ibarra (ex-chefe de Governo portenho), Lucas Gramajo (Movimento Evita), Javier Andrade (parlamentar da FpV), Graciela Daleo (Teologia da Libertação), Marcelo Yaquet (Peronismo Revolucionário), Karina Nazabal (parlamentar bonaerense da FpV), Victorio Paulón (CTA-Nacional), e os parlamentares portenhos pela FpV-Novo Encontro, José Cruz Campagnoli e Andrea Conde. "Temos nossa democracia profundamente ferida pela prisão ilegal de Sala. É alarmante a atitude do macrismo de apequenar a democracia em todas as suas formas”, disse Conde.
De sua parte, organizações camponesas, sociais, sindicais e personalidades de países latino-americanos lançaram uma campanha de coleta de assinaturas em favor da “liberdade imediata a Milagro Sala e o cessar da perseguição às organizações populares” na Argentina, que serão apresentadas hoje à Chancelaria. “Convocamos as organizações e pessoas que compartilham esta declaração a somar seu apoio a Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.”, destacou o texto assinado pelo ex-presidente hondurenho Manuel Zelaya e a dirigente política colombiana Piedad Córdoba, entre outros.
Em sentido oposto, a deputada nacional por Jujuy da UCR, Alejandra Martínez, afirmou que Sala “está presa porque roubou o povo” e sustentou que a Justiça “entende que pode gerar inconvenientes para a investigação que a mesma esteja em liberdade”.
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Milagro Sala suspendeu a greve de fome - Instituto Humanitas Unisinos - IHU