16º domingo do tempo comum – Ano B – O chamado a agir com compaixão e misericórdia

Arte: Jesus ensina a multidão. James Tissot (1886-1896). Fonte: Wikemedia Commons

Por: MpvM | 19 Julho 2024

"O Evangelho de hoje nos apresenta um momento de profunda intimidade entre Jesus e seus apóstolos (Mc 6,31). Após um período de missão, os apóstolos retornam a Jesus e relatam tudo o que fizeram e ensinaram. Eles estão cheios de entusiasmo e de histórias para compartilhar, conscientes de que sua missão é uma extensão da missão de Cristo na Terra."

A reflexão é de Maria Raquel Dias Hinrichsen, FMVD. Casada e membro da Rama de Matrimônios Missionários da Fraternidade Missionária Verbum Dei, Maria possui graduação em Psicologia (1991) pela PUCRS; especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional (2002) pela FAPA; especialização em Juventudes (2016) pela Faculdade Salesiana Dom Bosco. É aluna do 4º ano do programa de Teologia Semipresencial do Instituto Teológico Verbum Dei (ITVD) Espanha – Madri. Atualmente trabalha como psicóloga clínica e atua como responsável junto com seu esposo da Rama de Matrimônios Missionários VD da Comunidade de Alvorada/RS, coordenando um núcleo da Família Missionária Verbum Dei da comunidade local.

Leituras do dia

1ª Leitura: Jr 23,1-6
Salmo: Sl 22,1-3a.3b-4.5.6 (R. 1.6a)
2ª Leitura: Ef 2,13-18
Evangelho: Mc 6,30-34

Eis a reflexão.

"Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão e moveu-se de compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor." (Mc 6,34)

O Evangelho de hoje nos apresenta um momento de profunda intimidade entre Jesus e seus apóstolos (Mc 6,31). Após um período de missão, os apóstolos retornam a Jesus e relatam tudo o que fizeram e ensinaram. Eles estão cheios de entusiasmo e de histórias para compartilhar, conscientes de que sua missão é uma extensão da missão de Cristo na Terra.

Jesus, ao ouvir seus relatos e perceber o cansaço em seus rostos, convida-os a um momento de descanso e recolhimento em um lugar isolado. Ele entende a importância não apenas da ação missionária, mas também da necessidade de renovar as energias físicas e espirituais dos seus discípulos. Este convite de Jesus revela sua preocupação com o bem-estar integral dos seus seguidores.

No entanto, mesmo procurando um momento de descanso, Jesus e seus discípulos são interpelados pela multidão que os segue ansiosamente. Esta multidão é descrita como “ovelhas sem pastor” (Mc 6,34), sedentas por orientação e esperança. Jesus, movido pela compaixão diante de todo esse panorama, acolhe a multidão e começa a ensinar-lhes muitas coisas. O texto não faz referência ao tema específico do ensinamento, porque é o próprio Jesus o tema e é Ele quem dá o tema – o tema é a compaixão. Ele nos convida a sermos compassivos, a sermos compassivos entre nós, sermos compassivos com a multidão, com a fome e sede de nossa sociedade atual.

Portanto, somos convidados a refletir sobre o equilíbrio entre ação e contemplação em nossa vida cristã. Além disso, somos desafiados a olhar para as multidões ao nosso redor, reconhecendo as necessidades espirituais e materiais daqueles que nos cercam. Assim como Jesus teve compaixão da multidão, todos nós somos chamados a agir com compaixão e misericórdia, levando o amor de Cristo a todos os que encontramos.

Muitos de nossos irmãos e irmãs vivem como “ovelhas sem pastor”. Há um sofrimento social, emocional e espiritual invisível aos olhos da sociedade de mercado onde vivemos. Aqueles que vivem às “margens” da sociedade buscam refúgio em terras estranhas onde a promessa de dignidade é muitas vezes ilusória. São também os enfermos, os descapacitados, os idosos em solidão, os sem tetos, as vítimas de mais diversas formas de violência, as minorias marginalizadas e excluídas por grupos sociais que se sentem superiores, inclusive sendo promovidos por comunidades de fé autodeclaradas cristãs.

Diante de toda esta multidão de desvalidos, como nos comportamos? Como olhamos para eles? Como nos aproximamos? Nosso coração é capaz de se compadecer diante destas realidades? Jesus, conhecendo o coração dos seus apóstolos, entende a importância de continuar formando-os, orientando-os para viver a missão a eles confiada.

Outra perspectiva que podemos aprofundar é a de que a missão dos enviados de Jesus não pode ser realizada à margem dele. Por isso a necessidade urgente de reservarmos diariamente tempo para estar com Jesus, compartilhar o caminho percorrido e aprender com o mestre a ter um coração compassivo diante das “ovelhas sem pastor”.

Longe de vivermos um ativismo pastoral, a proposta de Jesus é amadurecer nossa capacidade de sermos acolhedores e jamais desistirmos de sermos fieis aos que Ele nos confiou. Somos enviados por Ele e a Ele retornamos. Nossa missão não é algo a ser vivido de forma independente, por conta própria, e por este motivo retornamos e compartilhamos, prestamos conta em comunidade, isto é, entre aqueles que confiamos, caminhamos junto e construímos comunidade.

É imperativo que, apesar das muitas exigências que nos chegam de todos os lados, encontremos tempo para estar com Jesus, ouvir suas orientações e compartilhar com ele as alegrias e os desafios do nosso serviço.

Que o dia de hoje e esta semana que começa sejam uma ocasião para continuarmos nos aprofundando no compromisso de nossa fé e missão.

Que Maria nos acompanhe e ampare em nossas jornadas diárias.

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