4º Domingo da Páscoa – Ano C – As minhas ovelhas me seguem e eu lhes dou a vida eterna

Por: MpvM | 06 Mai 2022

 

"Nas nossas comunidades eclesiais há muitas pessoas que têm chorado, que têm estado aflitas e atribuladas e talvez ninguém tome conhecimento disso. Os discípulos (as) de Jesus têm que estar atentos(as) ao outro. Têm de ir ao “próximo” e lhe dar a garantia de que Deus é solidário com os que estão sob muitas aflições. Não há ninguém fora do amor de Deus e por isso deve ser evitado qualquer preconceito e favoritismo."

 

A reflexão é de Aíla Luzia Pinheiro de Andrade, religiosa do Instituto Nova Jerusalém. Ela possui graduação em Licenciatura em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (1998), graduação (2000), mestrado (2003) e doutorado (2008) em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia FAJE/BH. Ela é professora na Universidade Católica de Pernambuco e tem experiência na área de Teologia, com ênfase em Carta Aos Hebreus, atuando principalmente nos seguintes temas: Messianismo, Philon de Alexandria, Flávio Josefo, Judaísmo, Targum, Midrash, Talmud.

 

 

 

Leituras do Dia


1ª Leitura - At 13,14.43-52
Salmo - Sl 99,2.3.5 (R. 3c)
2ª Leitura - Ap 7,9.14b-17
Evangelho - Jo 10,27-30

 

O simbolismo do pastor guia do rebanho exprime ideia de autoridade e companheirismo. A autoridade fundamenta-se numa relação afetiva. Há um conhecimento mútuo. É baseando-se nesses aspectos cotidianos da vida pastoril que a Bíblia destaca, primeiramente, Deus como pastor de Israel e, depois, Jesus como pastor de todos os seres humanos.

 

Na primeira leitura (At 13,14.43-52), os povos das outras nações (os gentios) são acolhidos no rebanho e passam a fazer parte do povo de Deus. Paulo está em sua primeira viagem missionária e chega a Antioquia da Psídia. Uma grande multidão se reuniu para ouvir a palavra de Deus (v. 44). O texto afirma que, vendo a multidão, os adversários de Paulo ficaram cheios de inveja e, insultando-o, se opuseram ao que ele dizia. A menção desse acontecimento tem como objetivo chegar à declaração de que o evangelho foi anunciado primeiro aos judeus; entretanto, já que eles o recusaram, a Boa-Nova foi levada aos gentios.

 

A decisão de proclamar o evangelho entre os gentios fundamenta-se numa ordem do Senhor (At 13,47; Is 42,6; 49,6). A resolução de voltar-se para eles propiciou-lhes grande alegria (v. 48). Contudo, os adversários de Paulo não ficaram passivos: valeram-se da simpatia de algumas mulheres de alta posição social, que induziram os magistrados da cidade a expulsar Paulo e Barnabé.

 

Ao saírem da cidade, os apóstolos realizaram o gesto simbólico de sacudir a poeira dos pés. Antigamente, esse gesto era realizado pelos judeus quando vinham de outras nações para Israel. Como os gentios eram considerados impuros, os judeus, ao entrarem na Terra Santa, sacudiam a poeira das terras estrangeiras que traziam nas sandálias. Ao realizar esse gesto contra os judeus que o perseguiam, Paulo mostrou o contrário, não é a nacionalidade que torna alguém puro ou impuro. Nesse caso, a impureza está nos sentimentos invejosos, nas blasfêmias e atitudes dos opositores de Paulo, o que é demonstrado com o gesto de sacodir a poeira dos pés contra eles.

 

Na segunda leitura (Ap 7,9.14b-17) temos a visão do Cordeiro-pastor e as nações o adorando. João viu uma multidão incontável, de todas as etnias, diante do trono do Cordeiro. As palmas que traziam nas mãos evocam as que eram usadas na liturgia judaica da festa das Tendas (Lv 23,40) para louvar o Deus de Israel.

 

As vestes brancas, alvejadas no sangue do Cordeiro (v. 14), significam que os mártires permaneceram puros, não se deixaram contaminar, seja pela idolatria, seja pela apostasia, e por isso sofreram a morte. Por causa de sua fidelidade, agora estão diante do trono do Cordeiro vitorioso, realizando uma liturgia celeste.

 

Eles nunca mais terão fome, porque lhes foi dado o fruto da árvore da vida. Não sentirão mais sede, pois o Cordeiro-pastor os conduz às fontes de água viva (Ap 7,17; 21,6; Sl 23,1). Nunca serão queimados pelo sol (Is 49,10), porque o sol é o Cordeiro (Ap 21,23; 22,5). Todas essas imagens, em seu conjunto, significam que a perseguição e os sofrimentos não têm a última palavra, não são a realidade última do ser humano. “Deus enxugará toda lágrima” (Ap 7,17; 21,4; Is 25,8). Essa seção do Apocalipse pode ser vista como uma resposta à oração sacerdotal de Jesus em Jo 17,21, quando orou para que seus discípulos estivessem com ele e vissem sua glória.

 

No Evangelho (Jo 10,27-30), Jesus, o verdadeiro pastor, afirma ninguém pode tirar as ovelhas do seu rebanho. Ele conhece as suas ovelhas. Estas escutam sua voz e o seguem. O seguimento só é possível para quem reconhece a voz do Ressuscitado. Os que seguem o Ressuscitado têm a “vida em seu nome”, receberão a vida eterna. Não perecerão, conforme Jesus afirmou no discurso da despedida (Jo 13,12-15). As ovelhas não podem ser arrebatadas da mão de Jesus porque foi o próprio Pai que lhas deu. E as obras do Filho revelam a vontade do Pai, porque eles constituem uma unidade. É tal unidade a fonte da força de Jesus. E essa força é transmitida aos que recebem a sua vida. Por isso o mundo não pode arrebatar aqueles que são de Jesus.

 

Nas nossas comunidades eclesiais há muitas pessoas que têm chorado, que têm estado aflitas e atribuladas e talvez ninguém tome conhecimento disso. Os discípulos (as) de Jesus têm que estar atentos(as) ao outro. Têm de ir ao “próximo” e lhe dar a garantia de que Deus é solidário com os que estão sob muitas aflições. Não há ninguém fora do amor de Deus e por isso deve ser evitado qualquer preconceito e favoritismo.

 

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