A “febre” do ouro que empobrece o Peru

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Por: André | 28 Julho 2012

A crise econômica no país andino é cada vez mais dramática e está estraçalhando a população. O principal fator deste processo degenerativo na região de Madre de Dios é, sobretudo, a exploração dos recursos minerais que enriquecem as multinacionais do precioso metal, prejudicando dramaticamente as populações locais.

A reportagem é de Luca Rolandi e está publicada no sítio Vatican Insider, 25-07-2012. A tradução é do Cepat.

Paolo Moiola, jornalista da Missioni Consolata foi à região no sudeste do país, famosa por sua biodiversidade, para ver de perto o que está acontecendo em termos ambientais por conta da nova “febre” do ouro.

O Peru é o sexto maior produtor de ouro do mundo. Os países que encabeçam a lista são: China, África do Sul, Estados Unidos, Austrália e Rússia. Em 2011, no país andino foram extraídas 164 toneladas do metal precioso, o que equivale a 6% da produção mundial.

Desenvolvem suas atividades na zona, sobretudo, grandes multinacionais como a Barrick Gold (do Canadá) e a Newmont Mining Corporation (dos Estados Unidos), que possui a maior mina de ouro da América do Sul: Yanacocha, em Cajamarca.

Um missionário suíço, o padre Xavier María Arbed de Morsier, fundador e responsável pela Apronia, uma associação que protege os menores da exploração, vive e trabalha desde 1975 em Puerto Maldonado. Denuncia com veemência todos aqueles que exploram sem piedade a população local para extrair ouro das minas.

Em Puerto Maldonado há muitos que compram ouro. Todos os clientes são mineiros informais. Seu trabalho é duríssimo, mas podem ganhar bastante bem. Uma pena que o preço tão elevado deste comércio tenha que pagar o ambiente e a sociedade. É justamente a questão ambiental o primeiro grande perigo na zona de Madre de Dios, onde a extração desenfreada de ouro está colocando em risco a reserva natural de Tombopata, além de prejudicar consideravelmente a biodiversidade de Puerto Maldonado.

Este desastre ambiental também é um desastre social: os mais de 15.000 mineiros vivem em condições pouco dignas; a criminalidade e a prostituição aumentaram; a droga e o alcoolismo são a “companhia” de muitos dos trabalhadores que não conseguem resistir aos duríssimos horários de trabalho da extração. Há também problemas relacionados à maternidade precoce: calcula-se que 35% das novas mães são menores de 18 anos. Com frequência, as jovens mães e seus filhos vivem em um abandono e degradação social insustentáveis, enquanto os missionários tratam de ajudá-los detendo esta situação.

Onde há uma mina de ouro a céu aberto, a destruição é total, indica a reportagem da Missioni Consolata: “em vez de árvores há um deserto; em vez do rio há água envenenada com mercúrio e combustíveis; em vez de uma comunidade civil há uma sociedade degradada”.

Um dos que se opõem a esta lógica de aldeias de plástico e comércio ilegal é César Ascorra, responsável da Cáritas de Madre de Dios, que descreve a Moiola o projeto alternativo de sociedade e de produção para promover modalidades diferentes para a extração e a comercialização do “ouro bom” (Allinccory). Ascorra ilustra a positiva iniciativa para enfrentar a ferocidade das multinacionais e defender a natureza (água e minerais), favorecendo, ao mesmo tempo, as populações.