Por: Jonas | 14 Mai 2014
O Espírito Santo faz com que a Igreja vá “para além dos limites”. Foi o que o Papa Francisco disse durante a homilia da Missa matutina, na capela da Casa Santa Marta, segundo o resumo publicado pela Rádio Vaticana. Mais uma vez, Francisco toma das sagradas escrituras, em especial, das crônicas evangélicas relacionadas à primeira comunidade cristã, trechos de grande atualidade para a Igreja de hoje e para os desafios que deve enfrentar.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 12-05-2014. A tradução é do Cepat.
Francisco comentou a passagem dos Atos dos Apóstolos que menciona Pedro. Há uma comunidade de pagãos que recebe o anúncio do Evangelho e Pedro, que duvidava se deveria ter ou não contato com estas pessoas consideradas “impuras”, torna-se testemunha da manifestação do Espírito Santo sobre elas. Então, o próprio Pedro é duramente criticado pelos cristãos de Jerusalém, escandalizados pelo fato de seu líder se sentar com os “não circuncidados” e, inclusive, batizá-los.
“Algo que não se podia nem imaginar... Se amanhã chegasse uma expedição de marcianos, por exemplo, e alguns deles viessem até nós, estou dizendo marcianos, certo?... Verdes, com esse nariz longo e as orelhas grandes, como são pintados pelas crianças... E um deles dissesse: ‘Mas, eu quero o batismo’. O que aconteceria?”.
O Papa explicou que Pedro compreende o erro quando uma visão lhe ilumina uma verdade fundamental: aquele que foi purificado por Deus não pode ser chamado “profano” por ninguém. E, em seguida, citou as palavras do Apóstolo: “Se, portanto, Deus lhes deu o mesmo dom que deu a nós, por ter acreditado no Senhor Jesus Cristo, quem sou eu para colocar impedimentos a Deus?”.
“Quando o Senhor nos indica o caminho – acrescentou Francisco – quem somos nós para dizer: ‘Não Senhor, não é prudente! Não, façamos assim...?’ E Pedro nessa primeira diocese – a primeira diocese foi Antioquia – toma essa decisão: ‘Quem sou eu para colocar impedimentos?’. Uma bela palavra para os bispos, os sacerdotes e também para os cristãos. Quem somos nós para fechar portas? Na Igreja antiga, inclusive hoje, havia o ministério do ostiário. E o que o ostiário fazia? Abria a porta, recebia as pessoas, faziam-nas passar. Porém, nunca foi o ministério daquele que fecha a porta!”.
O Papa fazia menção a “ostiarius” (do latim “ostium”, porta), ou seja, o religioso que recebeu a primeiro das antigas ordens menores, abolidas pela reforma litúrgica pós-conciliar, ou seja, o “ostiariato”. Ele tinha a tarefa de abrir e fechar as portas da Igreja e de cuidar da mesma, e seu papel era, pois, comparável ao do sacristão.
Francisco recordou que, hoje, Deus também deixa a condução da Igreja “nas mãos do Espírito Santo”. “O Espírito Santo – disse – é o que, assim como disse Jesus, nos ensinará tudo” e “fará com que nos recordemos do que Jesus nos ensinou”.
“O Espírito Santo é a presença viva de Deus na Igreja. É o que faz com que a Igreja ande, o que faz com que a Igreja caminhe. Cada vez mais para além dos limites, para frente. O Espírito Santo com seus dons guia a Igreja. Não se pode compreender a Igreja de Jesus sem este Paráclito, que o Senhor nos envia para isso. E cumpre estas opções impensáveis, impensáveis! Para usar uma palavra de São João XXIII: é precisamente o Espírito Santo o que atualiza a Igreja: verdadeiramente a atualiza e faz com que vá para frente”.
E nós, os cristãos, concluiu o Papa Francisco, “devemos pedir ao Senhor a graça da docilidade ao Espírito Santo. A docilidade a este Espírito, que nos fala no coração, fala nas circunstâncias da vida, fala na vida eclesial nas comunidades cristãs, fala sempre”.
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“O Espírito Santo impulsiona a Igreja para além dos limites”, disse o Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU