20 Outubro 2015
A carta é de Walter Altmann, do Conselho Mundial de Igrejas – CMI, lida durante o Sínodo dos Bispos sobre a Família.
Eis a carta.
Vossa Santidade, o Papa Francisco,
Vossa Santidade, Beatitudes, Eminências e Excelências, Reverendos Padres, Irmãos em Cristo,
Trago saudações da fraternidade de mais de 340 igrejas-membro do Conselho Mundial de Igrejas – CMI, em nome do moderador do Comitê Central, o Rev. Dr. Olav Fykse Tveit.
Durante a abertura deste evento muito importante na vida da Igreja Católica de Roma, o Santo Padre sublinhou: O Sínodo não é uma convenção ou um parlamento, “é uma expressão eclesial, isto é, a Igreja que caminha em conjunto para ler a realidade com os olhos da fé e o coração de Deus”.
A isso eu gostaria de acrescentar que o Sínodo – tal como eu o tenho vivenciado – é também uma grande e maravilhosa comunidade de aprendizado. Ao escutarmos uns aos outros, afirmamos juntos os valores evangélicos que compartilhamos, a forma como eles se manifestam na tradição da Igreja e como podem ser vivenciados e praticados hoje. Ao escutarmos uns aos outros, nós também experienciamos a rica diversidade da Igreja mundial e, ao mesmo tempo, a necessidade de nos aprofundarmos na unidade entre nós em diálogo uns com os outros, e através e com o ministério petrino do sucessor de São Pedro.
Posso lhes garantir que muitas das igrejas membros do CMI acompanham, atentamente, as notícias do Sínodo. E muitas delas estão rezando por vós, que a sabedoria e o poder do Espírito Santo possa guiar e iluminá-los em seus esforços para o melhor da Igreja e dos milhões e milhões de cristãos em todo o mundo.
Quanto ao compromisso de que a “Igreja que caminha em conjunto para ler a realidade com os olhos da fé e o coração de Deus”, o Conselho Mundial de Igrejas vem falando, desde a sua Assembleia Geral de 2013 ocorrida na Coreia do Norte, de uma “peregrinação pela justiça e pela paz”, ressaltando que estamos juntos numa caminhada de fé e que nos encontramos profundamente comprometidos com a justiça e a paz como sinais da vinda do Reino de Deus. Este compromisso em expressar os valores do Reino de Deus como justiça e paz é muito significativo para todos os que vivem juntos em tipos diferentes de vida em família. Esta é o círculo primeiro e mais íntimo de nossas vidas juntos enquanto buscamos trazer justiça e reconciliação. A partir de meu próprio continente – a América Latina – e a partir de da minha experiência como moderador do CMI, sei quantos homens e mulheres, sem esquecer das crianças, necessitam que a Igreja seja uma companheira de inclusão e cura, reconhecendo as nossas diferenças no vínculo do amor. A abertura exigida para a mudança, e para um novo compromisso para com o chamado de Deus hoje, deveria ser uma marca da nossa peregrinação como uma caminhada comum das igrejas.
Em sua própria caminhada ao longo da história, o CMI enquanto comunidade de igrejas-membro experimentou, por frequentes vezes, tensões entre o nosso compromisso com a unidade da igreja e a diversidade de ser igreja em contextos políticos, econômicos, culturais e religiosos diferentes. Discernindo o caminho adiante, no poder do Espírito Santo, nós não mais estamos tomando decisões importantes, mas sim buscando o caminho do consenso. Isso nos auxilia a ver o quanto de fato temos em comum, e o quão pouco é aquilo que continua a nos separar. Buscamos novas aprendizagens, escutando cuidadosamente a todos os que estão partilhando suas vidas e desafios. Apesar das diferenças que ainda existem, o consenso nos ajuda a irmos em frente juntos, respondendo à oração de Cristo de que todos os seus discípulos possam ser um para que o mundo possa crer (João 17,21).
Que Deus vos abençoe e abençoe este Sínodo abundantemente.
Obrigado por esta oportunidade de lhes falar.
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Walter Altmann, luterano, em nome do Conselho Mundial de Igrejas, fala no Sínodo dos Bispos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU