15 Setembro 2025
Na próxima semana, espera-se que as Forças de Defesa de Israel (IDF) convoquem mais 20 mil reservistas, somando-se aos 60 mil já mobilizados. "A cidade é um castelo de cartas, o horizonte de Gaza está mudando", comentou o Ministro da Defesa israelense, Israel Katz.
A reportagem é de Gabriella Colarusso, publicada por La Repubblica, 15-09-2025.
A estratégia era clara: demolir todos os edifícios ainda de pé, forçar os moradores a fugir, apertar o cerco e então avançar as tropas para a Cidade de Gaza. A Força Aérea Israelense deu o primeiro passo: destruir o horizonte da cidade. E agora o exército está pronto para uma operação terrestre. Segundo o jornal Yedioth Ahronoth, centenas de tanques e tratores estão se concentrando ao redor do perímetro da Faixa, prontos para entrar pelo norte. Os batalhões já na cidade, perto dos bairros de Zeitoun e Sheikh Radwan, ao norte, abrirão os portões para acesso pelo oeste. Um movimento de pinça para uma operação que pode durar até quatro meses, diz o Yedioth, sem muita expectativa dos militares: os comandantes alertaram o governo de que a ocupação da Cidade de Gaza não levará à rendição e à destruição do Hamas. O grupo permanecerá na Faixa, ainda com combatentes ativos entre Deir al-Balah e Nuseirat e nos campos de al-Mawasi, e está se preparando para uma guerra de guerrilha.
Líderes militares, incluindo o Chefe do Estado-Maior Zamir, opuseram-se à operação apelidada de "Carruagens de Gideão II", pois colocaria os reféns em risco sem alcançar a quimera da "vitória total". Esta é a opinião compartilhada por grande parte do establishment de segurança: a guerra em Gaza não tem mais objetivos militares a atingir, mas o governo parece não estar disposto a parar. Na próxima semana, espera-se que as Forças de Defesa de Israel (IDF) convoquem mais 20.000 reservistas, somando-se aos 60.000 já mobilizados.
Ontem, vários outros prédios de vários andares na Cidade de Gaza foram atingidos, incluindo o prédio que abriga o maior acervo arqueológico da Faixa de Gaza, relata a École Biblique et Archéologique Française de Jerusalem, que, juntamente com o Patriarcado Latino, tentou a missão quase impossível de resgatar os artefatos mais importantes nos últimos dias. No entanto, a maioria deles não foi realocada, escreve o Haaretz. Pelo menos 68 pessoas foram mortas na Faixa de Gaza somente ontem, 10 delas buscando ajuda. As Forças de Defesa de Israel (IDF) assumiram a responsabilidade pela eliminação de "11 agentes do Hamas nos túneis de Beit Hanoun". O número de mortos desde o início da guerra é de 64.800, a maioria civis.
"A cidade é um castelo de cartas, o horizonte de Gaza está mudando", comentou o ministro da Defesa israelense, Israel Katz. Milhares de pessoas marcharam para o sul na tentativa de sobreviver em uma terra onde "nenhum lugar é seguro", como reiterou a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA). O exército divulgou o número de deslocados: 300.000, que estão se dirigindo para al-Mawasi, a prometida "zona humanitária" que, no entanto, ainda não existe porque os soldados a estão montando em meio a grandes dificuldades.
A questão da evacuação está no centro da propaganda: alguns vídeos não verificados postados nas redes sociais supostamente mostram homens do Hamas impedindo que pessoas deslocadas montem tendas na área de Khan Younis.
O COGAT, coordenador da Autoridade Israelense para os Territórios Palestinos, escreveu: "Enquanto o Hamas pede aos moradores da Cidade de Gaza que não se mudem para o sul, seus membros temem por suas vidas e estão tentando deixar a Faixa", e anexou fotos de várias autoridades civis, incluindo o Ministro Mohammad Madhoun e sua família, o presidente do Comitê de Relações Exteriores, Ismail Ashkar, e o chefe de um comitê governamental, Alaa al-Din Batta, que supostamente tentaram deixar Gaza e exigir a evacuação.
O Hamas responde afirmando que um milhão de habitantes de Gaza se opõem à saída forçada. Os palestinos estão presos no meio do caminho.