Por: Gabriel Vilardi | 03 Julho 2024
A era dos eventos climáticos extremos paira ameaçadora no horizonte. Dia após dia os prognósticos dos cientistas vêm se confirmando com secas e enchentes intensas, acelerado derretimento das geleiras e tempestades descontroladas. Imagens assustadoras irrompem nas redes em um tom de filme de terror. Casas levadas pela força das águas, florestas que se tornam cinzas, cidades inteiras destruídas com centenas de milhares de deslocados climáticos.
Ainda assim, o negacionismo científico e ambiental persiste e avança como há muito não se via. Políticos de extrema-direita falam abertamente contrários à realidade do Novo Regime Climático e seus efeitos perversos. Manipulação e desinformação são utilizadas sem o menor pudor para fins políticos inescrupulosos. Nunca a pauta ambiental e os instrumentos de proteção ecológica foram tão atacados por um Congresso como o atual.
Os incêndios no Pantanal, as secas na Amazônia ou as enchentes no Rio Grande do Sul não foram suficientes para provocar uma reação impactante dos Poderes Legislativo e Executivo. Seguem em uma letargia angustiante. No cenário internacional, as recentes vitórias eleitorais da extrema-direita na Europa e a concreta possibilidade do retorno de Trump à presidência dos Estados Unidos são alarmantes, sob o ponto de vista de suas bandeiras antiambientais.
Com os alertas dos especialistas e dos ativistas ambientais sendo categoricamente ignorados pelos líderes mundiais e pelas grandes corporações há décadas, as margens para possíveis reações se estreitaram. As elites político-econômicas não estão, e nunca estiveram, dispostas a alterar significativamente a mortal e destrutiva máquina do desenvolvimento econômico. O sensível ponto de não retorno, tão sublinhado pelos peritos, se não foi ultrapassado, está muito próximo de ser. O precipício parece quase inevitável.
Entretanto, mesmo em meio às fundadas previsões apocalípticas existem imprescindíveis bolsões de lucidez que resistem ao negacionismo e ao modelo de desenvolvimento predatório onipresente. Autorizados pensadores têm dedicado seu tempo para propor alternativas de sobrevivência, não sem transformações profundas no estilo de vida. A crença arrogante em um crescimento ilimitado e a qualquer custo precisa ser abandonada.
Por outro lado, ao redor do planeta centenas de milhares de comunidades indígenas e comunidades tradicionais vivem suas existências outras que não puderam ser domesticadas pelo sistema capitalista acumulativo. Fundadas em suas ancestralidades e em suas cosmovisões plurais comprovam que as lógicas da competição e do lucro não são o único caminho, como parece óbvio para a quase totalidade de uma sociedade globalizada e hiperconectada. Seus corpos, suas espiritualidades, suas culturas ainda que massacradas e perseguidas são sinais visíveis de racionalidades e paradigmas diversos.
Para aprofundar essas intuições, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove o debate Colapso climático e as políticas de sobrevivência. Limites e possibilidades ecológicas, no próximo dia 4 de julho, às 17h30.
Participarão da discussão a Prof.ª Dr.ª Déborah Danowski (PUC-Rio), o Prof. Dr. Moysés Pinto Neto e o Prof. Dr. Francisco Eliseu Aquino (UFRGS).
Pensar em ideias para adiar o fim do mundo, como provoca Ailton Krenak, é agarrar-se a futuros possíveis. Para tanto. é preciso uma boa dose de ciência, ancestralidade e utopia!
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Colapso climático e as políticas de sobrevivência. Limites e possibilidades ecológicas em debate no IHU - Instituto Humanitas Unisinos - IHU