Divergências sobre o financiamento climático podem travar transição energética

Ali Mohamed Hussein (à direita), um refugiado, e Ahmed Hussein, um membro da comunidade local, gerenciam em conjunto a minirrede solar no Campo de Refugiados de Buramino (Foto: ACNUR | Giulia Naboni)

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29 Mai 2024

Divisão entre países ricos e pobres segue travando negociações sobre ampliação do financiamento climático e pode afetar investimentos em renováveis, alerta chefe da Agência Internacional.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 24-05-2024.

Faltando menos de seis meses para a Conferência do Clima de Baku (COP29), os governos ainda seguem distantes dos consensos necessários para destravar o financiamento para ação climática. Pontos básicos dessa agenda, como valores, fontes de financiamento, receptores dos recursos e governança dos fundos, não parecem estar próximas de uma solução, ao menos no curto prazo.

Em entrevista à Bloomberg, o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (IEA), Fatih Birol, destacou que as decisões que os países tomarão na COP29 sobre financiamento climático serão decisivas para impulsionar os investimentos em energias renováveis nas economias emergentes e em desenvolvimento.

Segundo Birol, os investimentos globais em energia limpa estão crescendo, mas a quantidade de dinheiro destinada a esses países permaneceu estável em 15% do montante total desde 2015. Sem a elevação dos fluxos de financiamento climático, dificilmente as nações em desenvolvimento conseguirão acelerar a transição energética.

“Este é, na minha opinião, o ponto crítico da nossa jornada para alcançar a meta climática [global]. Este será um tema-chave para os diálogos de alto nível com nossos colegas do Azerbaijão e do resto do mundo”, afirmou o chefe da IEA.

A Bloomberg destacou o plano traçado pelo governo de Joe Biden nos EUA para ajudar as nações mais pobres a aliviar os encargos de suas dívidas externas para liberar recursos para adaptação climática. A proposta foi formulada em parceria com o governo do Quênia e apresentada nesta semana em Washington, durante a visita do presidente William Ruto aos EUA.

A chamada “Visão Nairóbi-Washington” defende que os países credores forneçam formas para aliviar o peso da dívida dos países mais pobres e vulneráveis e para que as instituições financeiras multilaterais considerem esse ponto em seus pacotes de apoio. A proposta também insta os credores a concederem empréstimos mais transparentes e com maior participação do setor privado. Em artigo ao Project Syndicate, Ruto denuncia que os recursos necessários para a transição energética estão, na verdade, saindo dos países mais pobres e indo para os mais ricos por meio do pagamento de juros. “De fato, os países em desenvolvimento são agora contribuintes líquidos de fluxos financeiros para a economia global”.

Em tempo: Uma obra da Cruz Vermelha de Malawi para reconstruir casas destruídas pelo ciclone Freddy em 2023 está na mira do FBI nos EUA. Segundo a investigação, o empreendimento teria sido objeto de fraude por um empresário nigeriano, Dozy Mmobuosi, com suspeita de superfaturamento. O Climate Home visitou a aldeia de Mchenga, onde a obra foi realizada, e identificou o risco de colapso de muitas das construções, feitas com materiais inadequados.

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