01 Dezembro 2023
"Aprender a associar, em vez de dividir, porque quando o círculo se amplia, abraçamos mais mundo. Aprender a não cancelar, mas a integrar o vórtice exterior ou interior que irrompe mesmo sem motivo aparente; a imperfeição que se esconde em toda parte e com a qual só com muito esforço nos reconciliamos; o que à primeira vista é dissonante e cujas possibilidades de harmonia compreenderemos mais tarde", escreve José Tolentino Mendonça, cardeal português e prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, em artigo publicado por Avvenire, 29-11-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Algumas tarefas nunca terminam. Por exemplo, aprender a escutar, em vez de temer, pois a escuta é uma forma de hospitalidade da vida, e o medo uma forma de rejeição.
Aprender a associar, em vez de dividir, porque quando o círculo se amplia, abraçamos mais mundo. Aprender a não cancelar, mas a integrar o vórtice exterior ou interior que irrompe mesmo sem motivo aparente; a imperfeição que se esconde em toda parte e com a qual só com muito esforço nos reconciliamos; o que à primeira vista é dissonante e cujas possibilidades de harmonia compreenderemos mais tarde. Aprender a não deixar de lado, mas a interpretar a curva da solidão que surge no meio do caminho; o vazio que em certas horas se apodera da nossa casa, tornando-a desconhecida e quase abstrata; o sentimento daquilo que nos falta e que nos causa arrepios.
Aprender com o tempo não a estratégia da fuga, mas a paciente sabedoria da confiança, que nos coloca diante de Deus e uns diante dos outros assim como somos. E nós somos frágeis e fortes, vacilantes e seguros, competentes e incapazes, desejantes e conformistas, sonhadores e já acomodados. Mas somos filhos e filhas, irmãos e irmãs, e é por isso que a cada momento a força comum da confiança pode sobrepor-se à dispersão e conjugar-se para que aconteça aquele milagre que é o florescer da vida.
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O florescer da vida. Artigo de José Tolentino Mendonça - Instituto Humanitas Unisinos - IHU