Igreja da Inglaterra apoia planos para bênçãos experimentais de casamentos entre pessoas do mesmo sexo

A votação estreita do Sínodo Geral a favor significa que os serviços para celebrar os casamentos gays poderão ser realizados dentro de semanas.

Serviços religiosos dedicados para abençoar os casamentos de casais do mesmo sexo poderão ser realizados dentro de semanas, após uma votação estreita no órgão governante da Igreja da Inglaterra.

A reportagem é de Harriet Sherwood, publicada por The Guardian, 15-11-2023.

O Sínodo Geral apoiou um plano para realizar serviços autônomos de bênçãos para casais do mesmo sexo, em caráter experimental.

Significa que os cristãos gays poderão convidar familiares e amigos para um serviço especial, que poderá ser realizado aos sábados, para abençoar e celebrar os seus casamentos. Música, leituras, confetes e outros recursos significariam que tais serviços poderiam ser muito semelhantes a um casamento religioso padrão.

A proposta de serviços autônomos a título experimental surgiu numa alteração a uma moção que assinalava o progresso feito pelos bispos nas questões divisivas da sexualidade, conhecidas na Igreja da Inglaterra como Viver no Amor e na Fé. A emenda foi aprovada por um voto; a moção alterada foi aprovada por 227 votos a 203.

Steven Croft, o bispo de Oxford, que propôs a alteração, disse que os serviços autônomos “experimentais” seriam voluntários e nenhum membro do clero seria obrigado a oferecer tais serviços.

No mês passado, os bispos concordaram em recomendar orações especiais de bênção para casais do mesmo sexo para utilização nos serviços religiosos existentes. É provável que comecem antes do Natal.

Os bispos também concordaram no mês passado em iniciar um processo de dois anos para autorizar serviços especiais autônomos ao abrigo do direito canônico.

A proposta de serviços autônomos experimentais significa que estes podem começar ao mesmo tempo que o processo de autorização permanente está em curso.

Numa declaração conjunta, Justin Welby, o arcebispo de Canterbury, e Stephen Cottrell, o arcebispo de York – que apoiou a emenda, disseram: “Ouvimos em alto e bom som, através de um extenso debate durante dois dias, a profundidade do sentimento através a igreja sobre essas questões extremamente importantes.

“Embora esta moção tenha sido aprovada por pouco, não subestimamos a profundidade do sentimento e refletiremos sobre tudo o que ouvimos enquanto procuramos avançar juntos”.

Sarah Mullally, bispo de Londres e copresidente do grupo diretor Vivendo no Amor e na Fé, disse: “A verdade é – e como vimos novamente hoje – que a Igreja da Inglaterra não tem a mesma opinião sobre questões de sexualidade e casamento”.

Os bispos iriam agora “considerar a melhor forma de implementar” a decisão do Sínodo, acrescentou ela. 

Jayne Ozanne, uma defensora do casamento igualitário dentro da Igreja da Inglaterra, disse que a decisão ofereceu “pequenos pedaços de esperança às pessoas LGBT+”.

Ela acrescentou: “A Igreja da Inglaterra continua profundamente homofóbica, independentemente do que os bispos e arcebispos possam dizer. Temo que grande parte da nação julgue a Igreja da Inglaterra como sendo abusiva, hipócrita e desamorosa – eles estão, infelizmente, corretos”.

Daniel Matovu, advogado e membro leigo do Sínodo, disse aos membros que a proposta era “contrária e totalmente inconsistente com a palavra de Deus”. Ele disse que a Bíblia deixa claro que um homem que dorme com outro homem não pode entrar no reino dos céus.

O Sínodo votou contra uma série de alterações vistas pelos ativistas pró-LGBTQ+ como uma tentativa de adiar ainda mais os movimentos glaciais da Igreja da Inglaterra em direção à igualdade no casamento. A Igreja tem tentado evitar uma divisão entre progressistas e tradicionalistas nestas questões há mais de 20 anos.

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