15 Setembro 2023
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 14-09-2023.
Uma caravana pela ecologia integral. Cinco jovens de diferentes regiões da América Latina estão "peregrinando" por toda a Europa ao longo deste mês para defender a vida e a terra das comunidades indígenas afetadas pela superexploração de grandes multinacionais de mineração, que silenciam as vozes das comunidades e seu direito de dizer não e contribuir para deter um modelo econômico baseado na exploração da Mãe Terra, na destruição da vida e na acumulação de capital à custa de seus direitos. Uma tarefa de grande importância.
Rebeca Collado, do Enlace-se pela Justiça, explicou a convicção de que "trabalhar em aliança" alcança mais pessoas, mais lugares. É melhor. Por isso, o grupo reúne os esforços da CONFER (Conferência dos Religiosos da Espanha), da Manos Unidas, Justiça e Paz, do CEDIS (Centro de Estudos para o Desenvolvimento e Inclusão Social), da Caritas e da REDES (Rede de Entidades para o Desenvolvimento Solidário) em prol de uma Cidadania Integral. Cidadãos e guardiões de um mundo global enfrentam aqueles que destroem florestas, selvas e comunidades inteiras. Em última análise, é um apelo revigorante para proteger os "pulmões" do planeta.
Imagem: Divulgação
De 13 a 30 de setembro, a II Caravana pela Ecologia Integral percorrerá a Europa com paradas na Espanha (Madri, Santiago de Compostela, Valladolid), Bélgica (Bruxelas e instituições da União Europeia), Itália (Roma e Vaticano) e Alemanha (Tübingen). Sob o lema 'Juventude: mineração, defesa da vida e justiça intergeracional', eles pretendem exigir "responsabilidades e compromissos civis, políticos e normativos nacionais e internacionais, como a Diretiva Europeia sobre Devida Diligência Empresarial em Sustentabilidade (CSDDD, Corporate Sustainability Due Diligence Directive), bem como abordagens solidárias na Igreja".
A punto de comenzar la #ruedadePrensa de presentación de la II Caravana por la Ecología Integral con @guilhecavalli Valentina Vidal y Mons Londoño @iglesiaymineria @SeasonCreation
— Enlázate por la Justicia (@EnlazatePJ) September 14, 2023
Estamos en @ManosUnidasONGD y el #STREAMING en diferido, en unas horas en YouTube. #noalamineria pic.twitter.com/az0Ol9SErY
Acompanhados por Noel Londoño, bispo de Jericó (Colômbia), cinco jovens vindos da Argentina, Brasil, Equador, Guatemala e Peru, denunciarão nas próximas semanas na Europa as consequências do extrativismo e da mineração em seus países e explicarão as formas criativas e audaciosas das comunidades afetadas para enfrentá-las, desafiando a ambição empresarial, as imposições transnacionais, os projetos extrativistas e os crimes ambientais da mineração predatória.
Dois deles estiveram esta manhã na sede da Manos Unidas em Madri: Valentina Vidal, da Caritas Argentina, e Guilherme Cavalli, da Igrejas e Mineração (Brasil), que denunciou a situação enfrentada em toda a América, pedindo mudanças sistêmicas para "propor outros modelos de relação com a Mãe Terra". Nesse sentido, a caravana está comprometida com a justiça intergeracional, com jovens cuidando de seus mais velhos e pensando no futuro.
"Queremos refletir sobre isso na Europa", enfatizou Guilherme, que destacou como fundamental que "as comunidades sejam levadas em consideração", conforme estipulado nos acordos entre a UE e o Mercosul. "Queremos trazer para o debate as vozes dos territórios, que devem ser os principais interlocutores dos processos em curso na Europa".
A proteção da água, o desinvestimento em mineração e a defesa das comunidades indígenas são alguns dos desafios apresentados pela Caravana, que concentra sua atenção em bancos e entidades empresariais que buscam o lucro a qualquer custo. "Desejamos reestruturar uma economia solidária", explicou Cavalli. "É preciso repensar os consumos que fazemos, porque o Norte global se mantém à custa do sofrimento do Sul", denunciou. "É preciso refletir sobre os ritmos de consumo que temos".
Valentina Vidal, da Patagônia, explicou as respostas que estão sendo dadas no terreno para defender o território contra projetos extrativos ou "projetos de morte" nas terras mapuches, afetadas pela extração de ouro, urânio ou lítio. "Precisamos que a voz dos povos seja ouvida, porque eles não estão sendo levados em consideração", denunciou. "A água é para os povos, não para as mineradoras", enfatizou, dando voz a tantos que, na Argentina e no mundo, clamam por um cuidado e distribuição justa dos bens da criação.
Finalmente, Dom Noel Londoño descreveu os riscos da mineração nas montanhas de sua terra, em um momento em que as empresas até aceitaram as consequências dos deslizamentos. "Eles vão em busca de cobre e nos propuseram construir uma catedral de cobre", explicou. Ele abriu a porta do seu escritório para eles. Mas não conseguiu evitar que a empresa, com capital sul-africano, continuasse avançando. Por isso, ele também se colocou a caminho. "O que eles fazem é vulgar e escandaloso".
Valentina Vidal, Argentina. (Foto: Reprodução | Religión Digital)
Assistente social e missionária claretiana de 24 anos. Na Patagônia Argentina, ela participa da Assembleia em Defesa da Água e do Território, e trabalha na Caritas Argentina na área de resposta alimentar e desenvolvimento comunitário em colaboração com o Ministério do Desenvolvimento Social da Nação.
Guilherme Cavalli, Brasil. (Foto: Reprodução | Religión Digital)
Graduado em filosofia e jornalismo, com estudos de pós-graduação em Direitos Humanos, Responsabilidade Social e Cidadania Global, depois de passar pelas Pontifícias Obras Missionárias, no Brasil, e pelo Conselho Indigenista Missionário. Faz parte da equipe da rede Iglesias y Minería, coordenando a Campanha de Desinvestimento em Mineração.
Lucy Ximena Urvina, Equador. (Foto: Reprodução | Religión Digital)
Natural da Amazônia, de Archidona, estudou sociologia com ênfase em Relações Internacionais, Ecologia Política e Mudança Climática. Preocupada desde jovem com a situação ambiental dos indígenas kichwas e seu território, em 2015 juntou-se como animadora ao Movimento Laudato Si'.
Alex Donalson García, Guatemala. (Foto: Reprodução | Religión Digital)
Originário do município de Casillas, faz parte da resistência pacífica contra a Mina El Escobal, da Pan American Silver, em San Rafael Las Flores, Santa Rosa. Participou de vários projetos em prol da Casa Comum e colabora ativamente no grupo de Cientistas Comunitários da Comissão Diocesana de Defesa da Natureza (CODIDENA).
Daniela Andrade, Peru. (Foto: Reprodução | Religión Digital)
Comunicadora e educadora popular, vive na Amazônia peruana, território dos povos kukama e urarina, em meio a conflitos ambientais devido à exploração de petróleo, madeira e mineração ilegal. Lá, atua na defesa do território e na promoção e defesa dos direitos humanos e dos direitos dos rios. Faz parte da Rede Iglesias y Minería e do Vicariato Apostólico de Iquitos.
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“O Norte global se sustenta com o sofrimento do Sul”: A América lança à Europa um apelo pela Cidadania Integral de um planeta que está se afogando - Instituto Humanitas Unisinos - IHU