Francisco na Mongólia sonha com a China e a Rússia

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29 Agosto 2023

Ulaan-Baatar, capital da Mongólia, é o destino formal da viagem que o papa iniciará quinta-feira; mas a viagem substancial, embora inatingível por enquanto, é dupla: Moscou e Pequim. É possível, portanto, que nos quatro dias de estadia Francisco diga algumas palavras ou tenha encontros que dizem respeito diretamente à China ou à Rússia, países que atualmente são "proibidos" para ele.

A reportagem é de Luigi Sandri, publicada por L'Adige, 28-08-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Existem atualmente 1.450 católicos mongóis: um número totalmente exíguo, 0,02% dos 3,5 milhões habitantes, em sua maioria nômades, espalhados por um país do tamanho de cinco Itálias, mas em sua maioria deserto, e onde os habitantes, por religião, estão distribuídos da seguinte forma: budistas, 53%, muçulmanos 3%, xamânicos 2,9%. Além dos católicos, há também 35 mil protestantes e cerca de mil ortodoxos. Notável (o 38%) o número daqueles que se proclamam ateus. Quem lidera os católicos é o cardeal piemontês Giorgio Marengo (nascido em 1974!), prefeito apostólico de Ulaan-Baatar.

Nesse quadro tão variegado, é previsível que Bergoglio convide todos à tolerância mútua e, juntos, a cooperar unidos para ajudar o seu país a ser o mensageiro da paz naquela área nevrálgica. Voando sobre a Rússia e, talvez, a China, que tipo de mensagem o papa enviará aos presidentes dos seus respectivos países? Quem, o patriarcado de Moscou escolherá para atender o peregrino na Mongólia? Em alguns lugares se falou - se o avião papal tiver de pousar na Rússia para uma pausa técnica - de um eventual encontro de Francisco com Kirill, o chefe da Igreja Russa. Hipótese que, no entanto, tem poucas probabilidades de ocorrer, porque o patriarca disse repetidamente que, caso venha a se realizar, não poderia ser um "acessório", mas sim o propósito único e preciso de tal viagem.

Se é a primeira vez que um bispo de Roma chega à distante Mongólia, certamente não é o primeiro cristão a visitá-la. Naquele país, a partir do VII/VIII séculos, chegaram os "nestorianos" (cristãos iraquianos-persas que não estavam em comunhão nem com os bizantinos nem com os latinos) que nomearam bispos e converteram algumas tribos mongóis. Depois, na Idade Média, embora a Europa tivesse sido aterrorizada pelo mongol Genghis Khan, fundador de um vastíssimo império que se estendia da Ásia Central à Polônia e à Ucrânia, os papas do século XIII favoreceram missões exploratórias junto aos mongóis. Naquelas terras, enviado por Inocêncio IV, chegou em 1245 o franciscano Giovanni di Pian del Carpine que, depois de dois anos, regressou à Itália e escreveu a fascinante "Historia Mongolorum quos nos Tartaros appellamus" (História dos Mongóis, a quem chamamos Tártaros, em tradução livre).

Subjugada durante séculos pela China, a Mongólia tornou-se uma república independente em 1924, e entrou na órbita soviética, com uma rígida política antirreligiosa. Com o fim da URSS, o país mudou muito e hoje respeita a liberdade de consciência. A viagem de Francisco terá que se confrontar com tal contexto em movimento. Antecipação, talvez, do dia em que um papa desembarcará em Moscou e em Pequim.

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