06 Mai 2023
"A melhor síntese conclusiva deste livro talvez seja a constatação de que as Humanidades, assim como grande parte das ciências, continuam pré-darwinianas. O desafio, portanto, é levar adiante a imprescindível reconsideração dos pensamentos de Darwin e de Marx, suscitada pelo fecho do terceiro capítulo", escreve José Eli da Veiga em seu novo livro O Antropoceno e a Ciência do Sistema Terra (Ed. 34). A seguir, reproduzimos trechos da obra publicados por A Terra é Redonda, 03-05-2023.
José Eli da Veiga é professor sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP).
O objeto central deste livro é a recepção, pelas humanidades, da proposta de nova época, saída da chamada ciência do sistema terra, tema do livro de 2019. Tal recepção esteve longe de ser homogênea, incluindo a explícita rejeição embutida na expressão ‘Capitaloceno’. O trocadilho tem sido usado para enfatizar que os crescentes estragos ecossistêmicos não devem ser atribuídos à espécie humana, mas ao capitalismo.
Desnecessário dizer que tal protesto partiu de pesquisadores das humanidades mais escandalizados com a constatação de que parte de seus pares estaria engolindo o que lhes soava como abusiva imposição da cronologia das geociências. Aparentemente, um caso típico de desencontro entre as “duas culturas”.
Tem sido tênue, caso esteja realmente ocorrendo, a redução da distância que tem separado aquilo que o físico molecular e romancista britânico C.P. Snow (1905-1980) considerou serem Duas Culturas, em célebre conferência de Cambridge, no dia 7 de maio de 1959 (Edusp, 1995). Ainda são por demais incipientes as iniciativas que realmente compensam o reducionismo imposto pela sempre crescente – e forçosa – fragmentação do conhecimento em novas disciplinas.
É conveniente, portanto, conhecer o vídeo da conversa “Ciências e Humanidades Sessenta Anos Depois”, realizada no IEA/USP, no exato sexagésimo aniversário da conferência de C. P. Snow. Com protagonistas há muito empenhados em desafios transdisciplinares: os professores sêniores Sonia Barros de Oliveira (Geociências-USP) e Ricardo Abramovay (IEE-USP):
O conteúdo deste livro certamente exibe o estágio atual de um dos principais choques entre as duas culturas, na pegada de C.P. Snow, ao propor descrição analítica da recepção da ideia de antropoceno pelas humanidades.
Porém, o que tal exercício mais parece revelar é a incipiência do conhecimento das duas culturas no que se refere às quatro dinâmicas históricas da Terra: do planeta, da vida, da natureza humana e da civilização. Talvez ainda mais: a debilidade teórica de grande parte das ciências e de quase todas as humanidades.
A exposição segue moldes semelhantes aos do, já mencionado, livro de 2019: três capítulos, bem diferentes em conteúdo e estilo. O primeiro propõe uma síntese, nos moldes de divulgação científica, do que precisa ser conhecido sobre os mais pertinentes debates, convidando o leitor a sobrevoar o que há de mais importante sobre o tema, antes de se inteirar de seus intrincados fundamentos científicos e filosóficos.
O segundo é um profundo mergulho nas evidências, mediante inspeção dos principais documentos, com mínimo sacrifício da precisão em nome de maior eficácia comunicativa. Tal é a natureza dos dois artigos científicos em que se apoia: ‘A Ciência da Sustentabilidade’ (2021) e ‘Antropoceno e Humanidades’ (2022). Ao apresentar seleção da literatura mais candente, o segundo capítulo é um enfático convite à reflexão sobre as mais valiosas contribuições da segunda cultura sobre o Antropoceno.
O terceiro, bem mais teórico, procura destrinchar uma das maiores dificuldades encontradas nas reações das Humanidades à ideia de Antropoceno: a da relação das “novas ciências da complexidade” com o materialismo darwiniano. Com achados que levam a várias indagações, apresentadas em estilo que só não chega a ser tão leve quanto o do primeiro capítulo porque a inevitável dissecação de certas ideias envolve grau mais elevado de abstração.
O leitor facilmente perceberá que este livro não pode ter a pretensão de propor soluções aos muitos problemas, de ordem epistemológica, revelados pelas investigações das quais resulta. Muito menos enveredar por discussões sobre as ontologias e suas eventuais “viradas”. Mesmo assim, poderá vir a abrir caminhos que venham a facilitar a superação – eminentemente científica, em vez de filosófica – dos identificados hiatos e desafio, título do epílogo.
Ao dele se aproximar, o leitor também terá observado que muitas passagens deste livro só confirmam a necessidade de que sejam banidos raciocínios do tipo “se é isto, não pode ser aquilo”. Quase sempre, tais vícios devem ser virados de cabeça para baixo, graças ao “também”, ao “do mesmo modo”, ou “ao mesmo tempo”.
Mais: frequentemente, no lugar de “sim ou não”, impõe-se o “nem presente, nem ausente”, como ressaltou o filósofo australiano Peter Godfrey-Smith em entrevista ao geógrafo Eduardo Sombini, no Ilustríssima, da Folha de S. Paulo, de 2 de julho de 2022. Sempre será preferível procurar pelo que pode ser razoável em cada discurso, pois uma das principais apostas deste livro é persuadir o leitor de que, com extrema frequência, lógicas contrárias nutrem-se uma da outra, completando-se enquanto se opõem.
O que foi dito neste primeiro capítulo não esgota os desentendimentos sobre o nexo entre evolução e dialéticas. Também há, por exemplo, uma espécie de vício em se deixar de lado, ou simplesmente ignorar, os dois tipos de contradições não antagônicas, em que os opostos se reproduzem em movimentos que podem ser ondulatórios ou embrionários. Além disto, continuam muito na moda os filósofos que rejeitaram a ideia de que alguma contradição (ou tensão) possa existir fora da mente humana, o que chega a escandalizar muitos cientistas. Por exemplo, os que estudam o desenvolvimento celular.
(Foto: Reprodução da capa do livro de José Eli da Veiga)
A revisão apresentada até aqui faz pensar que a ciência da sustentabilidade e a ciência do sistema terra sejam iniciativas em coevolução. Talvez até possam resultar, no futuro, em uma nova ciência unificada, fruto de uma espécie de simbiose ou hibridação.
No entanto, por sequer ser uma hipótese testável, tal sugestão deve ser entendida apenas como conjectura útil ao acompanhamento dos resultados de próximas pesquisas, pois certamente mostrarão o compasso de aproximação ou distanciamento entre tão abrangentes propostas heurísticas.
Por enquanto, estas duas candidatas a ciências transdisciplinares parecem participar de uma espécie de disputa por legitimação, na qual a ciência do sistema terra está bem mais adiantada, mas em clara desvantagem potencial quando se considera a maior abrangência, pertinência, relevância e oportunidade de uma ciência da sustentabilidade.
Seja qual for o desenlace, uma coisa já parece certa: tudo dependerá do desenvolvimento das pesquisas sobre complexidade. Nada disso poderá avançar enquanto não for possível desfazer a ilusão meramente “sistemológica”.
Nesta altura, a mais importante indagação só pode estar voltada às possíveis vias de superação do que foi chamado acima de “evolucionismo linear e teleológico”, dominante entre as melhores análises a respeito do processo civilizador, alicerce do que se deve entender por Humanidades, a começar pelas científicas.
Então, a terceira parte deste livro não poderia deixar de apresentar o que prometem ser pistas para um futuro enfrentamento do desafio de se ir além de uma sucessão de estágios de desenvolvimento, resultantes de precárias interpretações dos relacionamentos de tecnologias com formas de organização. Exercício que, inevitavelmente, levanta questões sobre o que tem sido chamado de “complexidade”.
É neste sentido fundamental que a Ecologia — como uma ciência dos meandros, interações e compatibilidades — é constitutiva do pensamento darwiniano e inclui todos os componentes e tendências evolutivas das sociedades humanas, reagindo às pressões do clima, do meio ambiente e da história.
A interferência permanente, ou a relação de habitação mútua, entre “natureza” e “cultura” é — no texto darwiniano e no que nele se inspira — o cadinho da compreensão complexos processos socioevolutivos que hoje devem constituir o programa de uma ecologia científica.
Especialmente em seu necessário confronto com a questão dos limites e equilíbrios entre os componentes humanos do desenvolvimento da natureza e o que tal “natureza” (no sentido de um ambiente global continuamente modificado) não pode deixar de impor como sendo, em sua “metabolização” (noção marxista, como é mais conhecida hoje) de modificar artefatos, suas condições últimas de compatibilidade e suas próprias “normas de reação”.
É esta compreensão dos limites que ainda não conseguiu alcançar, apesar dos incessantes alertas, uma ecologia científica que integre verdadeiramente os parâmetros transformadores da atividade econômica e a análise de suas consequências naturais e sociais de longo prazo.
O grande movimento da civilização segundo Darwin, o único verdadeiro fundador da racionalidade ecológica, precisa hoje de Marx para que a fita de Möbius não deixe de ser um símbolo do infinito. O problema é que Marx e Engels, a partir de 1862, apesar de terem mantido uma simpatia materialista por Darwin, procuraram caracterizar como “ideológico” o conceito central de seleção natural. Tal preconceito levou muitos marxistas a atribuir a Darwin a responsabilidade pelo aparecimento de um “darwinismo social” burguês. As consequências podem ser medidas pelo não reconhecimento, na antropologia do naturalista, de uma verdadeira dialética da natureza que os dois revolucionários alemães não teriam repudiado, caso a tivessem estudado e entendido.
Sobre a relação tão delicada entre Darwin e Marx, vale a pena dar atenção à contribuição de Lilian Truchon, na edição 407 da revista La Pensée. “Como a fundamental contribuição de Marx está do lado da história social, e não da articulação do “natural” e do “social” (o que se deve a Darwin), não há necessariamente “confronto” entre Marx e Darwin, como dizem muitos”.
O que existe é diferença entre dois pontos de vista sobre a história, um ligado à longa dinâmica dos eventos evolutivos, o outro à dinâmica bem mais breve dos eventos históricos. No que diz respeito ao futuro da humanidade, ambos têm em comum o objetivo universalista de um movimento de luta que tende a produzir sua própria abolição.
Darwin, quando dá conta de uma tendência evolutiva por ele denominada “civilização”, que se caracteriza pela redução tendencial da luta biológica em favor de uma ética antisseletiva e de instituições destinadas a neutralizar suas últimas consequências eliminatórias (ou seja, pela “eliminação tendencial da eliminação”). Marx, quando identifica os elementos objetivos do comunismo como “movimento real” que abole o atual estado social na busca de uma “sociedade sem classes”, ou seja, sem luta.
Ao contrário do que pensaram os teóricos da Escola de Frankfurt (especialmente Horkheimer e Adorno), o problema não é o excesso do uso da razão nas relações humanas entre si e com a natureza. O sistema de maximização do lucro no curto prazo mostra o quanto estão ausentes a inteligência racional global e a previsão, em benefício de uma racionalidade setorial míope que é “hipertélica”. Isto é, a situação em que algo excede as finalidades para as quais foi concebido.
O que importa, portanto, é combater inequivocamente a violência regressiva de um sistema que impõe aos atores da produção uma competição desenfreada na exploração impensada e irracional de setores vitais da natureza. É disto que os humanos, associando-se segundo “um plano deliberado”, deveriam, hoje, não menos deliberadamente, libertar-se.
Não se sabe quase nada sobre a vida social dos humanos em tempos considerados ‘pré-históricos’, ou mesmo no intervalo de alguns milênios que separaram a virada neolítica da emergência das primeiras civilizações. Mas, daí em diante, é indiscutível que o desenvolvimento das sociedades foi muito favorecido pelo abrandamento meteorológico, depois de um período glacial que durou uns 100 mil anos.
O que se pode afirmar, com razoável certeza, é que, antes da chamada revolução ou transição demográfica neolítica, ou de “primeira revolução agrícola”, a evolução humana dependeu essencialmente de predações, extrativismos vegetais, pescas e caçadas.
Isto quer dizer que a atenuação climática dos últimos 12 mil anos permitiu o chamado ‘processo civilizador’, malgrado algumas abruptas e calamitosas alterações. Como, por exemplo, a que, há 4,2 mil anos, desintegrou o Estado mesopotâmico semita, na região da Acádia (centro do atual Iraque); no bem mais célebre “colapso maia”, entre os séculos VIII e IX; na derrocada da colonização nórdica da Groenlândia, há cerca de 600 anos; ou, entre 1640 e 1715, com a ‘Crise Global do Século XVII”, em meio à chamada Pequena Idade do Gelo, que dizimou um terço da população mundial.
Mesmo com tais instabilidades, o curto lapso dos últimos 12 milênios foi tão distinto de tudo o que o precedeu nos 4,5 bilhões de anos da história planetária, que as geociências convencionaram batizá-los com o prefixo Holo, para bem destacar que esta seria a mais recente Época.
Porém, passou a ser bem duvidosa a manutenção das constâncias ecológicas tão formidáveis que propiciaram decisivos avanços sociais, impulsionados essencialmente por razoáveis graus de cooperação e coesão entre os humanos. Tal vantagem comparativa passou a ser desregulada por excessivas influências artificiais de suas próprias atividades.
Então, para distinguir esta nova etapa, em que a durabilidade da vida na Terra passou a depender demais da conduta de uma única espécie – a humana – grande parte dos pesquisadores que lidam com as Geociências consideraram bem mais apropriado substituir o prefixo Holo, propondo que no novo seja Antropo.
Embora ainda não oficializada, sequer em congresso mundial das próprias Geociências, a proposta de chamar de Antropoceno a Época posterior ao Holoceno foi muito bem acolhida em diversas outras áreas do conhecimento. Inclusive no tocante ao consenso sobre sua data de nascimento ser o início da chamada “Grande Aceleração”, de meados do século XX.
Porém, como se procurou esmiuçar no segundo capítulo deste livro, não foi o que aconteceu com vários setores das Humanidades, quando estas – com muito atraso – começaram a se posicionar sobre a questão. Como a responsabilidade pelos estragos ecossistêmicos seria do capitalismo, em vez do conjunto dos humanos, o mais correto seria chamar a nova Época de Capitaloceno, em vez de Antropoceno. Mas, como coexistem várias concepções sobre o próprio capitalismo, com periodizações das mais divergentes, tudo indica que tal discussão tenha entrado num sério e grave impasse.
A rigor, esta teria sido a síntese conclusiva de um livro voltado à descrição analítica das reações das Humanidades à proposta de Antropoceno, engendrada na ‘Ciência do Sistema Terra’. Todavia, uma mesma constatação resultou do exame, em separado, das discussões teóricas da concorrente ‘Ciência da Sustentabilidade’ (2.1) e das Humanidades, em geral (2.2). Em ambas, quaisquer avanços estão na dependência das pesquisas sobre ‘complexidade’. Ou, melhor dizendo, ambas precisam demais de progressos mais substanciais das “novas ciências da complexidade”.
Tudo indica que este possa ser considerado um outro sério e grava impasse, pois, como mostrou o início do terceiro capítulo, é pouco provável que os pesquisadores envolvidos em tão espinhoso imbróglio consigam sair da Torre de Babel que, involuntariamente, ajudam a construir.
Outra vez, poderia ser esta, então, a síntese, um pouco mais incisiva, deste livro. Porém, a dinâmica da pesquisa também sugeriu que a principal fraqueza das pesquisas sobre complexidade está em sua escassa atenção à teoria darwiniana da evolução. Deficiência tão séria, que permanecem na penumbra dois pensadores que, desde os anos 1980, vêm dando expressivas contribuições ao tema: Peter A. Corning e Patrick Tort.
Então, a melhor síntese conclusiva deste livro talvez seja a constatação de que as Humanidades, assim como grande parte das ciências, continuam pré-darwinianas. O desafio, portanto, é levar adiante a imprescindível reconsideração dos pensamentos de Darwin e de Marx, suscitada pelo fecho do terceiro capítulo.
Principalmente porque as Humanidades continuam a entender a relação entre natureza e cultura como sequência de dois universos separados por algum operador de ruptura. Como já foi dito, a diferença é que, para alguns, a fronteira não estaria na posse da linguagem simbólica, mas sim na invenção do fogo, na proibição do incesto, no registro externo da memória em suportes permanentes, na existência de rituais funerários ou na fabricação de ferramentas.
Em todas estas variantes, a cultura decorre de alguma mudança qualitativa, que possui o caráter irruptivo de um evento singular, introdutor da novidade. A única antropologia livre de tal orientação foi a proposta por Charles Darwin, em sua segunda grande obra, The Descent of Man, publicada em 1871. Infelizmente, desdenhada por darwinistas de todos os tempos e quadrantes, assim como pelo conjunto das Humanidades.
Para Darwin, a passagem não é simples, mas reversa. O movimento natureza > cultura não produz ruptura. A cultura é o avesso da natureza e vice-versa. O que antecedeu a cultura subsiste em todos os pontos de seu desenvolvimento, dada a impossível ruptura com a natureza. A interferência permanente — ou relação de habitação mútua — entre natureza e cultura é, na antropologia darwiniana, idêntica à mais frequente das relações dialéticas: a da continuidade na descontinuidade.
Também não poderia ser mais dialético o cerne da teoria exposta em sua conhecidíssima primeira grande obra, The Origin of Species, de 1859. Na dinâmica chamada de “seleção natural”, os responsáveis pela reprodução, ditos replicadores, resultam da superação da contradição entre espontâneas variações aleatórias e persistentes pressões das circunstâncias ambientais. Uma dinâmica simultaneamente demográfica e biogeográfica.
É uma pena que Marx não tenha percebido o alcance das duas revoluções científicas darwinianas. Chegou a elogiar o primeiro grande livro, mas condenou, com toda a razão, as duas subsequentes extrapolações ideológicas da ideia de seleção natural, inventadas já desde os anos 1860: a liberal, de Herbert Spencer, e a intervencionista, de Francis Galton. Daí nem ter lido a segunda grande obra, perdendo a oportunidade de encontrar fundamento ecológico ao seu poderoso materialismo.
Não obstante, por atribuir altíssima relevância às ciências naturais, Marx foi levado a adotar um conceito, da ainda nascente bioquímica, para fazer incessantes analogias sobre as relações da sociedade com a natureza: o metabolismo. Isto é, o conjunto de reações químicas, no interior das células, que garantem a vida. Fenômeno que envolve duas dinâmicas: a biossintética (anabolismo) e a degradativa (catabolismo), ambas irreversíveis, distintas, mas interligadas, cuja resultante é a vida.
Na contracorrente, os atuais ecomarxistas, ou ecossocialistas, empenham-se em recuperar e enaltecer o recurso à analogia metabólica como dos mais dialéticos. É muita pena que exagerem ao afirmar que Marx teria antevisto a crise ecológica do Antropoceno, só pelo fato de ter se referido – uma única vez e de raspão – à possibilidade de enfraquecimento de tal processo metabólico. É indevida a asserção de que uma ecologia já estaria presente na própria obra de Marx.
Em suma: nem começou a desejável aproximação entre as teorias de Marx e de Darwin, dinâmica que talvez faça com que as Humanidades e a Ciência do Sistema Terra coevoluam na direção de uma Ecologia que seja, ao mesmo tempo, social e natural.
José Eli da Veiga. O antropoceno e as humanidades. São Paulo, ed. 34, 2023, 208 págs.
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O antropoceno e as humanidades. Artigo de José Eli da Veiga - Instituto Humanitas Unisinos - IHU