Em uma carta à sua diocese, um bispo alemão pediu que a igreja reavaliasse sua ética sexual e considerasse as pessoas LGBTQ+ no centro deste trabalho.

A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 24-04-2023.

Dom Heiner Wilmer, SCJ, de da diocese de Hildesheim, na Alemanha, divulgou uma carta aos católicos de sua diocese na conclusão do Caminho Sinodal da Alemanha, que teve sua assembleia final encerrada em março. Na carta de sete páginas, Wilmer abordou muitos dos tópicos presentes no processo plurianual, escrevendo sobre questões LGBTQ+:

“As pessoas LGBTQ estão justamente no centro das consultas do Caminho Sinodal. Tornou-se claro que precisamos de mudanças significativas na moralidade sexual na Igreja Católica. As percepções e discussões do caminho sinodal serão importantes para a Igreja universal. É muito importante para mim que as pessoas LGBT recebam apoio pastoral, espiritual e litúrgico. Congratulo-me com o fato de o Caminho Sinodal defender a criação de um grupo de trabalho para fornecer uma apostila para celebrações de bênçãos para casais do mesmo sexo e divorciados recasados”.

Wilmer escreveu várias vezes sobre o impacto pessoal e profundo que o processo do Caminho Sinodal teve sobre ele. Em uma assembleia em 2022, um documento sobre a revisão da abordagem da Igreja à sexualidade falhou, pois não recebeu o número necessário de votos dos bispos. Wilmer observou este momento:

“No salão de exposições de Frankfurt havia cenas dramáticas. Mulheres e homens, jovens e velhos, derramaram lágrimas, balançaram as cabeças. Alguns apenas se sentaram mudos e petrificados em sua mesa. Outros pularam, repreenderam e expressaram sua decepção. No meio do salão encontrei um pequeno grupo que rapidamente cresceu. Eles se cercaram, cruzaram os braços sobre os ombros do vizinho, unidos no sofrimento comum. Despercebida pela multidão, uma jovem desmaiou em um canto do corredor, inconsciente no chão. Ela mesma é vítima de violência sexualizada na Igreja, pois durante anos foi abusada por um padre”.

O bispo disse que compartilhava da decepção daquele momento, o que o convenceu ainda mais de que o Caminho Sinodal deve continuar. Em sua carta em março, Wilmer também abordou outros tópicos do processo, incluindo abuso sexual na igreja, o papel das mulheres e o futuro do sacerdócio. Ele mencionou muitas reformas que estão sendo realizadas na Diocese de Hildesheim, incluindo o respeito pelas vidas e relacionamentos privados dos obreiros da Igreja, ligados aos esforços dos obreiros da igreja LGBTQ+ alemães por proteção.

Wilmer concluiu sua carta com palavras de esperança, escrevendo:

“Afirmar a diversidade, abrir a comunidade e ajudá-los e dar-lhes participação em nossa comunidade. Acima de tudo, porém, somos enviados ao povo para ensiná-lo a contar a esperança. Nossa esperança repousa inteiramente em Deus. Agradeço o diálogo que iniciamos juntos sobre o futuro caminho de nossa diocese e peço a vocês que o continuem de forma crítica e construtiva... Já estou encantado e entusiasmado com as novas surpresas do Espírito Santo em nossa igreja e em nosso mundo”.

Para ler uma reflexão sobre Bondings 2.0 sobre o significado do Caminho Sinodal para pessoas LGBTQ+, escrita pela delegada da juventude não binária Mara Klein, clique aqui. Para saber mais sobre o Caminho Sinodal, clique aqui.

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