Alemanha. Dom Kohlgraf, bispo de Mainz, diz que criar uma Pastoral LGBTQIA+ não é difícil

Peter Kohlgraf, bispo de Mainz. Foto: Kath.ch

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09 Dezembro 2022

Um bispo alemão endossou o ministério pastoral LGBTQIA+ sugerindo que “não é difícil fazer”, acrescentando que a teologia não deve ser feita de forma abstrata, mas com pessoas específicas em mente.

A reportagem é de Bobby Nichols, publicada por New Ways Ministry, 03-12-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Dom Peter Kohlgraf, bispo de Mainz, foi entrevistado por Kath.ch depois de criar uma Pastoral LGBTQIA+ em sua diocese. O bispo disse que as pessoas LGBTQIA+ frequentemente o abordam com preocupações, dizendo: “Somos afetados e pedimos que você seja uma voz para nós”. Ele acrescentou: “Fico feliz quando alguém ainda quer algo da Igreja hoje”.

Como porta-voz dos católicos LGBTQIA+, Kohlgraf afirmou que “a homossexualidade não é pecado” e que a Igreja deveria trabalhar em direção a ministérios mais inclusivos:

“Devemos definir claramente o que é católico para nós. Isso não pode mais ser sexualidade. No entanto, não podemos simplesmente dizer: O que acontece dentro de quatro paredes é privado. Não sou completamente indiferente à vida privada dos meus agentes pastorais. Não estou falando de orientação sexual. Mas o comportamento. Por exemplo, se um homem de família bate nos filhos e na esposa, eu me importo”.

Durante o Caminho Sinodal, Kohlgraf trabalhou por uma reconsideração da posição da Igreja sobre a homossexualidade. No entanto, o documento de trabalho que pede tais esforços sobre a moralidade sexual foi rejeitado pela assembleia e não avançou mais. Kohlgraf acredita que se ele e seus colegas bispos “tivessem se comunicado de forma diferente antes, o resultado certamente teria sido diferente”.

Kohlgraf não quis rejeitar o texto porque sabia que enviaria um sinal errado: “Eu disse a mim mesmo: se eu rejeitar o texto agora, como bispo enviarei o sinal de que não quero mais falar sobre isso. Não consigo enviar o sinal. O que aconteceu no Caminho Sinodal e na teologia em geral não é apenas teórico”, argumenta Kohlgraf. Ele acrescenta: “eu falo e penso sobre questões teóricas de forma completamente diferente quando percebo que se trata de pessoas específicas”

Na entrevista, o bispo falou da avaliação dos participantes do Caminho Sinodal:

“Não votamos em teoria da teologia moral, mas as pessoas sentiram que votamos sobre suas vidas – e foram consideradas negativas. Quando as pessoas se sentem pessoalmente muito magoadas, não posso dizer: ‘Não seja bobo, falamos sobre conceitos e não sobre você’. Claro que é sempre sobre pessoas”.

Kohlgraf observa que um grupo pequeno, mas barulhento, frequentemente questiona sua fé católica:

“Existem certos grupos na Igreja que não são tão grandes assim – mas muito barulhentos... Recebo cartas em que as pessoas me acusam de não ser mais católico ou de ter esquecido os ensinamentos da Igreja. Eles afirmam que eu deveria representar a verdadeira doutrina e me lembrar de meu juramento de bispo”.

Enquanto grande parte da Igreja Católica permanece em silêncio sobre a violência e a marginalização das pessoas LGBTQIA+, Kohlgraf está criando um espaço positivo e afirmativo para que os católicos LGBTQIA+ se sintam seguros e em casa.

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