Cultura da impunidade é a marca de crimes cometidos contra jornalistas

Momento em que o corpo da jornalista palestina Al Jazeera chegou para ser velado. A profissional foi morta com um tiro na cabeça pelas tropas israelenses enquanto cobria um ataque, embora estivesse identificada com o colete de imprensa. (Foto: screenshot from youtube)

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16 Novembro 2022

De janeiro a outubro deste ano, 46 jornalistas foram assassinados no mundo, segundo a Repórteres Sem Fronteiras, e 247 estão presos. No Brasil, são 4 jornalistas mortos, entre eles Dom Phillips, do The Guardian. Na última década, 117 profissionais foram mortos, segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista. 

Apesar das campanhas de segurança e independência dos profissionais de imprensa, incentivado pela Unesco, a impunidade caiu apenas 9% na última década. Ou seja, de cada dez assassinatos de jornalistas, quase nove estão juridicamente em aberto, sem sentença aos assassinos. A taxa global de impunidade é de 86%. O dado foi lembrado em 2 de novembro, Dia Internacional para Acabar com a Impunidade dos Crimes contra Jornalistas.

Levantamento da agência da ONU mostra que 78% dos crimes ocorreram fora do expediente de trabalho. Jornalistas foram atingidos em casa, na rua. Alguns foram mortos na frente de familiares. O fato é que a impunidade leva a mais assassinatos com a omissão dos sistemas jurídicos.

“Quando um jornalista é assassinado, toda a sociedade sofre”, declarou o chefe da área de Liberdade de Expressão e Segurança de Jornalistas da Unesco, o brasileiro Guilherme Canela. Uma imprensa livre, independente, plural, operando em ambiente seguro, agregou, “é uma precondição para a consolidação democrática, para a promoção dos direitos humanos e para o desenvolvimento sustentável”.

A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, destacou que “a liberdade de expressão não pode ser protegida quando há um número tão impressionante de casos não resolvidos”. Os crimes, frisou, têm um efeito assustador para repórteres investigativos. Ela fez um apelo aos 193 Estados-membros da ONU para que os governos redobrem esforços para acabar com a impunidade dos crimes contra jornalistas.

O conselheiro da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Beraba, lembrou que a cultura da impunidade estimula novos crimes, “o que é intolerável em uma sociedade democrática como a que tentamos construir”. O Brasil ocupa o nono lugar no ranking dos países que são marcados pela impunidade.

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