30 Abril 2021
Em questão de cinco dias, no começo de abril, dois jornalistas foram assassinados na Bahia. A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, condenou e cobrou das autoridades a apuração dos crimes. Nenhum país deve permitir a impunidade, fortalecendo os que usam a violência e minam a liberdade de imprensa, o acesso à informação e o direito fundamental da liberdade de expressão, defendeu.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
No dia 4 de abril, o radialista e humorista Weverton Rabelo Fróes, 32 anos, conhecido como Toninho Locutor, foi morto na cidade de Planaltino, a 320Km de Salvador, em frente a sua casa por um homem que se achegou numa moto, abriu fogo e fugiu. Toninho apresentava um programa humorístico na Rádio Antena 1, e era proprietário de emissora local. Cinco dias depois, o produtor de televisão José Bonfim Pitangueiras, 43 anos, foi executado por dois homens em Salvador. Ele era produtor da TV Record.
“As autoridades locais e federais devem identificar e levar à justiça os responsáveis por esses crimes, fazendo todo o possível para garantir a proteção dos jornalistas”, declarou o diretor da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) para a América Latina, Emmanuel Colombié.
O jornalista manifestou preocupação com “os inúmeros ataques à liberdade de imprensa registrados recentemente, e o ambiente deletério em que trabalham atualmente os jornalistas brasileiros”.
Em 6 de abril, a Rádio Comunidade, de Santa Cruz do Capibaribe, Pernambuco, foi invadida por quatro pessoas que se apresentaram como apoiadores do presidente Jair Messias Bolsonaro e ameaçaram os jornalistas que estavam na emissora. Eles disseram que não gostaram das críticas que o apresentador Júnior Albuquerque dirigiu ao governo federal pela maneira como está conduzindo o combate à pandemia do coronavírus.
Em 17 de março, a redação do jornal Folha da Região, de Olímpia, ao norte de São Paulo, foi incendiada. Um militar e bombeiro da cidade, divulgou o site do RSF, confessou que ter ateado fogo no jornal “em revolta contra a imprensa” que não está ajudando “na luta contra a situação da crise sanitária”.
Em Boa Vista, Roraima, o jornalista Diego Santos, apresentador do programa Verdade no Ar, da TV Norte Boa Vista, afiliada ao SBT, recebeu ameaça por correio, no dia 1º de abril, num envelope contendo duas balas de arma de fogo. O jornalista tem denunciado, regularmente, corrupções de políticos e facções criminosas que atuam no Estado.
Segundo o Portal da Unesco, o Brasil está entre os dez países do mundo no item impunidade em casos de assassinato de jornalistas.
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Unesco e RSF cobram apuração de crime contra jornalistas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU