08 Novembro 2022
"Os 12 princípios de Manhattan são recomendações para estabelecer uma abordagem mais holística para prevenir doenças epidêmicas/epizoóticas", escreve Willian Barbosa Sales, biólogo, doutor em Saúde e Meio Ambiente, coordenador dos cursos de pós-graduação área da Saúde do Centro Universitário Internacional Uninter, em artigo publicado por EcoDebate, 07-11-2022.
Em setembro de 2004, especialistas da área da saúde se reuniram globalmente para um simpósio em New York, organizado pela Wildlife Conservation Society e The Rockefeller University. Esse evento estava focado nos movimentos atuais e potenciais de doenças emergentes e reemergentes relacionadas a homens, animais e meio ambiente.
Os representantes presentes nesse simpósio faziam parte de organizações mundiais da saúde, além de organizações globais relacionadas com a agricultura e a vida selvagem. Como resultado, apresentaram os “12 princípios de Manhattan”, ou seja, recomendações para estabelecer uma abordagem mais holística para prevenir doenças epidêmicas/epizoóticas e para manter a integridade dos ecossistemas para benefício mútuo entre humanos, animais e meio ambiente.
A pandemia do novo coronavírus (covid-19), causada pelo vírus SARS-CoV-2 de origem zoonótica, com os surtos recentes do vírus do Nilo Ocidental, febre hemorrágica do Ebola, SARS, Monkeypox, doença da vaca louca, gripe aviária, nos fazem quebrar paradigmas, ver a saúde na totalidade, como “Saúde Única” ou “One Health”, como usado internacionalmente. A globalização nos impõe uma conversão de leitura de mundo, incluindo a Saúde Única, tendo uma visão holística entre a saúde humana, saúde animal e saúde ambiental.
Os “12 princípios de Manhattan” começam a ser evidenciados e entraram em prática de forma veemente diante de todas as consequências ocasionadas pela covid-19. Muitos desses princípios já são aplicados, contudo, outros infelizmente, em nosso país, estão distantes de serem alcançados, mas temos esperança de um futuro melhor.
Fenômenos como a perda de espécies, degradação de habitats, poluição, espécies exóticas invasoras estão alterando fundamentalmente a vida em nosso planeta, do nível micro ao macro, ou seja, desde as grandes florestas, as profundezas dos oceanos até as cidades mais densamente povoadas.
O aumento de doenças infecciosas emergentes e reemergentes ameaça não apenas seres humanos com seus suprimentos de alimentos e economias, mas também a fauna e flora que compõem a biodiversidade necessária que sustenta a infraestrutura homeostática da vida em nível global.
Não podemos priorizar a saúde humana, entendendo apenas uma parte, quando estamos cercados por um todo. Sendo assim, não existe saúde humana sem saúde animal e ambiental. Quando o equilíbrio entre essa tríade é quebrado, abre-se espaço para o surgimento de doenças emergentes e reemergentes.
A saúde única é uma perspectiva hologramática de pensar em saúde dentro de um mundo globalizado. O convívio harmônico entre homens, animais e meio ambiente se coadunam, sendo fundamental para uma existência saudável e indissociável de um planeta saudável.
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Não existe saúde humana sem saúde animal e ambiental. Artigo de Willian Barbosa Sales - Instituto Humanitas Unisinos - IHU