19 Outubro 2022
O Angelus de 16 de outubro nos surpreendeu com o anúncio do Papa Francisco de prolongar o Sínodo sobre a Sinodalidade até outubro de 2024, realizando a Assembleia Sinodal em duas etapas, a já prevista para outubro do próximo ano e uma segunda para 2024.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Dom Miguel Cabrejos disse que este anúncio "envia uma mensagem muito positiva para o processo sinodal que começou em outubro de 2021 e que agora se encaminha para a fase continental". Para o presidente do Celam, "é sem dúvida uma decisão ousada na medida em que enfatiza a necessidade de priorizar o processo, mais do que o evento sinodal, com um apelo a um amplo discernimento, envolvendo toda a Igreja e não apenas a Assembleia Sinodal".
Neste sentido, "esta decisão favorecerá o amadurecimento do caminho em que estamos, como disse o Santo Padre, e nos ajudará a desenvolver em profundidade o chamado à comunhão, participação e missão, rumo a uma Igreja cada vez mais sinodal", enfatiza o Arcebispo de Trujillo.
Uma novidade que tem implicações para a Igreja da América Latina e do Caribe, pois "a decisão do Papa Francisco nos confirma na experiência eclesial e sinodal que temos vivido na América Latina e no Caribe", enfatiza o prelado peruano. Neste sentido, ele nos convida a pensar "sobre o que a Primeira Assembleia Eclesial de nosso continente representou, com uma ampla participação do Povo de Deus, e sobre os frutos que germinarão à medida que enfrentarmos os desafios pastorais que discernimos, assumindo a riqueza da Conferência de Aparecida e olhando para o futuro, com a certeza de que todos nós somos discípulos missionários em saída".
Seu presidente enfatiza que "do CELAM continuaremos a acompanhar e participar ativamente das orientações que o Bispo de Roma e a Secretaria Geral do Sínodo nos indicarão". Segundo Dom Miguel Cabrejos, "por enquanto nossas energias estão concentradas na fase continental do Sínodo, que incluirá quatro assembleias regionais entre fevereiro e março de 2023".
Um processo sinodal do qual Mauricio López faz um balanço da experiência da Igreja latino-americana e caribenha, destacando em primeiro lugar que "este processo contínuo do Sínodo da Sinodalidade é uma experiência viva de discernimento e eclesialidade". Independentemente de suas etapas e documentos, "o essencial é que seja uma experiência no caminho, ou para dizer mais claramente que o caminho em si é a experiência", enfatiza o diretor do Centro de Programas e Redes de Ação Pastoral do Celam (CEPRAP).
Mauricio fala de um processo sem precedentes na Igreja universal, do que pode ser a mais ampla consulta já realizada na história, chegando a milhares e milhares de pessoas que participaram da etapa diocesana, dos processos de escuta e consulta. Um processo que está entrando na etapa continental, "que visa acolher a síntese de toda a Igreja universal para entrar numa perspectiva de aprofundamento do discernimento, que é o que mais ecoa em nossas realidades particulares, no coração de cada pessoa", afirma o diretor do CEPRAP, que se pergunta sobre as questões que ainda estão faltando, as questões que surgem do processo e, sobretudo, as perspectivas que se abrem.
Em relação à realidade latino-americana, ele salienta que "foi fundamental ter vivido dois processos que marcaram esta experiência, o Sínodo Amazônico, como uma extensão da escuta do Povo de Deus, alcançando as periferias, e a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe". Lembrando as palavras de Dom Miguel Cabrejos, isso acontece "numa perspectiva de inserir o discernimento comunitário como uma ferramenta viva para poder buscar o que o Espírito Santo quer nos dizer, e além dos documentos magistrais, encontrar no sensus fidei os convites para as reformas de nossa Igreja, para as novidades estruturais".
Estas novidades se refletem em nossa realidade, nas palavras de Mauricio López, "na criação da Conferência Eclesial da Amazônia, na renovação e reestruturação do Celam, na própria Assembleia Eclesial". Daí ele faz "um balanço muito positivo, sobretudo pelo que significa 'aggiornar' e dar vida ao que o Concílio Vaticano II vem expressando há 60 anos como a voz do Espírito nesta chave do kairos de Deus".
Com as duas sessões da Assembleia Sinodal, "o que o Papa Francisco está tentando fomentar é uma dinâmica de reciprocidade, de circularidade. Ao acrescentar um ano ao processo, o que ele está fazendo é abrir o espaço para que o discernimento seja aprofundado", enfatiza Maurício. Para ele, esta primeira etapa talvez tenha sido curta no tempo, afirmando que "talvez estejamos aprendendo a discernir em comum e nesta perspectiva eclesial a caminhar juntos".
Isto o leva a ver que, após a primeira assembleia em outubro de 2023, com o que sair dela, "teremos realmente a possibilidade de voltar ao Povo de Deus, em toda sua diversidade, para garantir que este povo possa também contribuir para a construção do que serão os documentos finais, seja uma exortação apostólica ou sobretudo as novas perspectivas para uma Igreja mais sinodal em termos de comunhão, participação e missão".
Mauricio insiste que "a extensão deste processo é poder garantir o aprofundamento do discernimento, o retorno deste processo ao Povo de Deus e uma dinâmica circular para que seja o Povo de Deus quem recebe a graça do processo discernido, o enriquece novamente com sua própria visão, o apropria mais e depois lança, junto com o Papa Francisco, as perspectivas do horizonte à luz deste processo".
Reconhecendo que o caminho é a experiência e o caminho não termina, o caminho continua, "este prolongamento do processo é um ensaio de um desejo de que este processo sinodal seja estabelecido como uma forma de ser Igreja, e que seja sustentado mesmo depois de outubro de 2024, entendendo que esta dimensão é constitutiva de ser Igreja", enfatiza o diretor do CEPRAP.
A partir daí, ele sustenta que "a América Latina tem isto muito claro de sua própria tradição magisterial, episcopal e agora eclesial, e temos uma grande responsabilidade de continuar a tirar desta experiência, honrando as vozes, contribuindo para a Igreja universal e, sobretudo, não desistindo de continuar a aprofundar uma sinodalidade mais plena e mais discernida em comunidade".
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A prorrogação do Sínodo até 2024 “nos confirma na experiência eclesial e sinodal que temos vivido na América Latina e no Caribe” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU