19 Outubro 2022
Grupos que visitam o papa são aconselhados a não beijar o anel do Papa Francisco.
A reportagem é de Loup Besmond de Senneville, publicada por La Croix International, 17-10-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A pequena frase é frequentemente pronunciada diante de audiências papais como parte das recomendações que os porteiros do Vaticano fazem aos grupos que estão prestes a se encontrar com o Papa Francisco em uma das salas majestosas do Palácio Apostólico.
A sequência dos acontecimentos é sempre a mesma: o papa chega na frente dos peregrinos, um deles o cumprimenta em nome de todo o grupo e depois se dirige a eles. Depois, todos na sala têm a oportunidade de se apresentar e cumprimentar individualmente o papa.
Mas antes que qualquer uma dessas audiências realmente comece – não importa se o grupo é formado por religiosos ou leigos consagrados, líderes empresariais ou eleitos, membros de movimentos eclesiásticos ou teólogos –, alguns protocolos são apontados.
E entre elas está uma sugestão que provoca às vezes a perplexidade ou a diversão dos visitantes: “Por favor, não beije o anel do Santo Padre”.
Durante pandemias, tal recomendação é certamente compreensível. Mas é preciso admitir que, desde o início da crise da covid-19, o Papa Francisco nunca tomou muita precaução para si mesmo.
Ele prefere continuar apertando as mãos e, na maioria das vezes, pede a seus convidados que retirem suas máscaras quando os cumprimenta.
O pedido para não beijar o anel é muito mais do que uma medida sanitária para proteger o papa. Como Alessandro Gisotti, então diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, explicou em 2019, o papa está realmente tentando evitar o “contágio” entre as pessoas que beijam seu anel.
Mas, mais do que isso, Francisco não gosta muito desse gesto, assim como não gosta das pessoas que se ajoelham diante dele. Ele vê isso como outra manifestação do clericalismo – um clericalismo que ele nunca para de lutar.