30 Agosto 2022
Encontro de Cardeais (Foto: Luis Miguel Modino)
Quase duzentos cardeais reuniram-se na Sala Sinodal para discutir a última Constituição do Papa Francisco, a Praedicate Evangelium, um encontro que começou com a escuta uns dos outros, algo de particular importância num Colégio de Cardeais que reúne "as vozes das muitas igrejas que estão representadas", como afirma o Cardeal Michael Czerny, que não hesita em descrever o momento como uma "experiência de Igreja e uma esperança de Igreja".
Cardeal Michael Czerny
Foto: Luis Miguel Modino
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
O Cardeal Omella expressou-se no mesmo sentido, salientando a fraternidade, normalidade e clima de liberdade vivido entre os cardeais, que ele vê como uma forma de "pôr em prática a sinodalidade". O Arcebispo de Barcelona destacou o preâmbulo da última Constituição Apostólica de Francisco, "onde há uma grande insistência na evangelização e que a Igreja e todas as estruturas estão lá para evangelizar e não para controlar, para impor, mas para proclamar Jesus Cristo", disse o presidente da Conferência Episcopal Espanhola.
Cardeal Omella
Foto: Luis Miguel Modino
Isto foi algo em que o Papa também insistiu no seu breve discurso de abertura, deixando claro que "no fundo é para desenvolver o Concílio Vaticano II e a sinodalidade, que trabalhamos segundo estas linhas de trabalho em comunhão". Algo que tem de ser realizado nas dioceses e paróquias, "porque se não, não faz sentido", insiste o Cardeal Omella, que disse que isto tem sido realçado nos grupos. Do seu ponto de vista, "estamos todos envolvidos, não só os cardeais e aqueles que trabalham nas cúrias, mas também bispos, padres, pais de família e todos os batizados".
Para o presidente do episcopado espanhol, "a nossa grande missão é evangelizar, o problema é como", insistindo na necessidade de ações mais do que palavras, "acima de tudo caridade, fraternidade, trabalhar pela justiça, pela paz". Neste sentido, disse que, no seu grupo de trabalho, no qual os cardeais foram divididos por língua, foi recordada a Carta de Diogneto, onde se insiste que os cristãos têm um estilo diferente, que são "como a alma dentro do corpo", algo que ele chamou a assumir sem qualquer vergonha.
De modo algum se pode falar de um pré-conclave, algo em que o Arcebispo de Barcelona insistiu, tal como o Cardeal Rodríguez Maradiaga, que vê estas especulações como uma "novela barata", com o presidente da Conferência Episcopal Espanhola a reconhecer que "encontrar cardeais de outros lugares faz-nos crescer em comunhão e conhecimento, isso é bom, mas sem que isso nos leve a falar de um pré-conclave".
Cardeal Rodríguez Maradiaga
Foto: Luis Miguel Modino
Falando do Praedicate Evangelium, o Cardeal Maradiaga salientou que "não é considerado um simples texto canônico, mas um novo espírito", algo que ele vê como muito importante. Tal como no caso do Cardeal Omella, o cardeal hondurenho salientou o fato de a Igreja estar perante "um paradigma que pode ser posto em prática nas cúrias diocesanas", um muito bom passo em frente, segundo ele.
Falando da intervenção do Papa, o Cardeal Rodríguez Maradiaga salientou a sua gratidão por todo o trabalho da Cúria, e a sua insistência "em que lhe ponhamos os dentes e o ponhamos em prática". Uma reunião da qual ele não espera surpresas, incluindo novas nomeações imediatas entre os escalões superiores da Cúria.
Finalmente, o Cardeal Adalberto Martínez Flores, um dos que receberam o capelo a 27 de agosto, salientou que "o Santo Padre parecia muito bem, estava muito feliz". O Arcebispo de Asunción vê este momento como uma oportunidade para os cardeais se conhecerem, destacando a alegria do povo paraguaio pela sua nomeação, "por este olhar do Santo Padre para o Paraguai".
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Cardeal Czerny: “Praedicate Evangelium, uma experiência de Igreja e uma esperança da Igreja” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU