26 Mai 2022
A nomeação do Papa após os três escolhidos pela Conferência Episcopal Italiana reunida em Roma para a Assembleia Geral. O ex-presidente Bassetti leu a comunicação do Pontífice. Romano, pertencente à Comunidade de Santo Egídio, pastor da Arquidiocese de Bolonha desde 2015, é conhecido por seu compromisso com os marginalizados.
A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican News, 24-05-2022.
O Papa escolheu o cardeal Matteo Maria Zuppi, 66 anos, arcebispo de Bolonha, como o novo presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI). A nomeação ocorreu nesta manhã de terça-feira (24/05), logo após o término da primeira sessão de trabalhos da 76ª Assembleia Geral da CEI no Hilton Rome Airport de Fiumicino, durante a qual os bispos de toda a Itália procederam à eleição dos três nomes para a nomeação do presidente que substituiria o cardeal Gualtiero Bassetti, 80 anos, arcebispo de Perugia-Città della Pieve.
O cardeal Bassetti, que terminou seu mandato de cinco anos, foi quem leu a comunicação do Papa com a escolha de Zuppi. Uma escolha que repete uma história que já ocorreu na década de 1969-1979, quando a CEI foi guiada pelo arcebispo de Bolonha, Antonio Poma, à frente da Igreja em Bolonha desde 1968.
Antes de chegar a Bolonha, onde o Papa Francisco o nomeou pastor em 27 de outubro de 2015, sucedendo o cardeal Carlo Caffarra, Zuppi – sempre conhecido por todos como "Dom Matteo" e ainda assim chamado – começou sua história pessoal e sacerdotal em Roma. Na verdade, ele nasceu na capital italiana numa família de seis filhos: ele é o quinto. Uma primeira etapa importante foi 1973, anos em que estudou no colégio Virgilio, onde conheceu Andrea Riccardi, fundador de Santo Egídio.
Passou a frequentar a Comunidade e colaborou nas atividades a serviço dos últimos promovidas pelo organismo: desde escolas populares para crianças marginalizadas nas favelas romanas, até iniciativas para idosos sozinhos e não autossuficientes, para imigrantes e sem-teto, doentes terminais e nômades, deficientes e viciados em drogas, prisioneiros e vítimas de conflitos; iniciativas ecumênicas pela unidade entre os cristãos até as do diálogo inter-religioso, que tomou forma nos Encontros de Assis.
Matteo Zuppi. (Foto: Francesco Pierantoni | Flickr CC)
Aos 22 anos, após se formar em Letras e Filosofia na Universidade La Sapienza, com uma tese em História do Cristianismo, o futuro cardeal entrou no seminário da diocese suburbicária de Palestrina, seguindo os cursos de preparação para o sacerdócio na Pontifícia Universidade Lateranense, onde obteve um bacharelado em Teologia. Foi ordenado sacerdote para o clero de Palestrina em 9 de maio de 1981 e logo depois vigário do pároco da Basílica Romana de Santa Maria em Trastevere, como sucessor de dom Vincenzo Paglia.
Incardinado em Roma em 15 de novembro de 1988, Zuppi na capital ocupou vários cargos: de 1983 a 2012, reitor da igreja de Santa Croce alla Lungara, membro do conselho presbiteriano diocesano de 1995 a 2012; de 2005 a 2010, prefeito da terceira prefeitura de Roma. De 2000 a 2012 foi assistente eclesiástico geral da Comunidade de Santo Egídio e foi naqueles anos que viveu outro momento fundamental: em nome da Comunidade de Santo Egídio, Zuppi atuou como mediador em Moçambique no processo que levou à paz após mais de dezessete anos de sangrenta guerra civil.
Em 2010, foi chamado para guiar a paróquia dos Santos Simão e Judas Tadeu em Torre Angela, na periferia leste da cidade, onde ainda é lembrado com muito carinho. Em 2011, foi prefeito da décima sétima prefeitura de Roma; pouco depois, em 31 de janeiro de 2012, Bento XVI o nomeou bispo titular de Villanova e auxiliar de Roma (para o Setor Central). Recebeu a ordenação episcopal em 14 de abril, pelas mãos do então cardeal Vigário Agostino Vallini. Gaudium Domini fortitudo vestra é o lema escolhido.
2015 foi o ano de sua nomeação para a sede metropolitana de Bolonha, onde Zuppi logo recebeu grande apreciação do clero local e onde imediatamente mostrou um forte compromisso com a pastoral dos últimos: dos desempregados aos migrantes. Como arcebispo, em 1° de outubro de 2017, ele recebeu o Papa Francisco numa visita pastoral à Arquidiocese. O Pontífice então o criou cardeal no consistório de 5 de outubro de 2019 com o título de Santo Egídio. Zuppi também é membro do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e da APSA.
Várias mensagens de saudações foram enviadas nessas horas ao novo presidente da CEI por políticos de todos os partidos ou do mundo das associações, como Ação Católica, ACLI, ProVita & Famiglia, Fórum das Famílias, Migrantes e a Comunidade João XXIII. Felicitações ao cardeal também da União Budista Italiana que assegura continuar a "relação frutuosa e amigável" com a CEI. O rabino-chefe de Roma, Riccardo Di Segni, numa mensagem em nome da Comunidade Judaica de Roma, escreve que ao cardeal Zuppi "nos liga uma relação de amizade e estima consolidada ao longo do tempo. Estou certo de que sua orientação crível e sábia da CEI será fundamental para continuar no percurso da colaboração entre judeus e católicos".
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Cardeal Zuppi é o novo presidente dos bispos italianos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU