06 Mai 2022
Papa Francisco afirma que Patriarca Kirill não pode ser um coroinha de Putin. Comissão Europeia sanciona o chefe da Igreja Ortodoxa Russa como faz com os oligarcas.
A reportagem é de Anne-Bénédicte Hoffner, editora-chefe do jornal La Croix, 05-05-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Com sua característica franqueza, o Papa Francisco descreveu perfeitamente o encontro por Zoom com o Patriarca Kirill de Moscou de 16 de março, três semanas depois de começar as hostilidades na Ucrânia.
“Os primeiros vinte minutos, com um papel me suas mãos, ele leu para mim todas as justificativas para a guerra. Eu o escutei e disse, ‘eu não entendo nada disso’”, contou o papa em uma entrevista publicada na terça-feira no jornal italiano Corriere della Sera.
“Irmão, nós não somos clérigos do estado, nós não podemos usar as linguagens da política, mas devemos usar a linguagem de Jesus”, repreendeu-o Francisco.
“O patriarca não pode se tornar um coroinha do Putin”, falou ao jornalista que o entrevistava.
A Comissão Europeia compartilha da convicção do papa. Como a sexta de uma série de medidas em resposta à guerra na Ucrânia, propôs sancionar o chefe da Igreja Ortodoxa Russa, como o fez a muitos oligarcas e líderes militares.
O Patriarca Kirill, “um aliado de muito tempo do presidente Vladimir Putin, tornou-se um dos apoiadores principais das agressões militares da Rússia contra a Ucrânia”, destacou o documento da Comissão.
Os limites entre a política e religião é um debate tão velho quanto o cristianismo – ou mais, cristandade – e atravessa as Igrejas.
Mas para o Papa Francisco, a causa é clara.
“Cristandade não existe mais!”, disse ele durante sua mensagem de Natal 2019 à Cúria Romana em 2019.
Não há dúvidas que as comunicações com o Patriarca de Moscou e toda a Rússia nessa questão particular é muito pobre.
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Patriarca Kirill, o coroinha do Putin - Instituto Humanitas Unisinos - IHU