“As Forças Armadas vêm sinalizando obediência primeiro ao presidente (da República) e seu projeto político, e não ao País”, denunciam entidades e institutos brasileiros, que repudiaram a nota da cúpula militar, emitida pelo ministro da Defesa, general Braga Netto, na noite de 7 de julho, criticando a CPI da Covid.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
O “Pacto pela Democracia” destaca que os chefes militares, ao afirmarem que “não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições”, e prometerem uma reação “mais dura” caso a CPI volte a fazer citações suspeitas de corrupção envolvendo militares, “transgridem fronteiras estruturantes de qualquer regime efetivamente democrático”.
Militares estão participando cada vez mais da política e a política “tem entrado cada vez mais nos quartéis, autorizados por membros da alta cúpula, como o general da ativa Eduardo Pazuello, que frequentou ato político do presidente da República sem ser punido, contrariando o regimento militar”, diz a nota das entidades.
Nos último anos, prossegue o texto, “a prática da intimidação dos poderes da República tem sido crescente por parte das Forças Armadas no Brasil”. A nota responsabiliza o governo federal pela “desastrosa gestão da pandemia” e condena o seu autoritarismo, com ambições golpistas.
A nota vem assinada por 60 entidade, entre elas a Associação Brasileira de Imprensa, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, a Frente Evangélica pelo Estado de Direito, o Instituto de Estudos Socioeconômicos, Oxfam Brasil, e o Observatório Judaico de Direitos Humanos no Brasil.
Nota do Instituto Humanitas Unisinos - IHU
Nesta quinta-feira, 15-07, às 17h, o IHU realiza a webconferência Regulações pela violência: impacto das operações policiais e as ações das milícias, com o Prof. Dr. Daniel Hirata.
Leia mais
- Desmilitarização. O Brasil precisa debater a herança da ditadura no sistema policial. Revista IHU On-Line, Nº 497
- 1964. Um golpe civil-militar. Impactos, (des)caminhos, processos. Revista IHU On-Line, Nº 437
- Da desinformação à corrupção: estratégias do governo Bolsonaro na pandemia. Entrevista especial com Isabela Kalil
- Bolsonaro detém o comando, mas não lidera as Forças Armadas
- “Projeto Bolsonaro” é finito, mas é preciso ficar atento aos militares. Entrevista especial com Piero Leirner
- “Bolsonaro é testa de ferro de um projeto político de militares”, aponta antropólogo
- Presença militar no governo Bolsonaro é corporativista e sem projeto, diz pesquisador
- A militarização do Estado. Artigo de Raúl Zibechi
- Desmilitarizar o Brasil
- Militares deixaram de ser vistos como o lado racional do governo, diz pesquisador
- A confissão do general: o governo dos militares, e a derrota do chanceler
- O contrato de vassalagem e a cegueira estratégica dos militares
- A lenta construção de um “estado vassalo” e o papel dos militares brasileiros. Artigo de José Luís Fiori
- As sombras na relação entre militares e a democracia. Entrevista especial com José Murilo de Carvalho
- Bolsonaro tem papel de ‘causar explosão’ para permitir ação ‘reparadora’ de militares, diz antropólogo
- Uma escalada militar, em meio à “crise pandêmica”. Artigo de José Luís Fiori e William Nozaki
- Forças Armadas na caserna!
- Forças armadas não são milícias
- A democracia permanece distante da política de poder das Forças Armadas
- As Forças Armadas e o governo Bolsonaro
- ‘Forças Armadas não têm projeto de retomada de poder’, avalia cientista política
- "Desde FHC, presidentes usam Forças Armadas como gambiarra"
- As Forças Armadas não agem contra o 'caos', mas são parte fundamental dele
- PMs, milícias e governo Bolsonaro: uma relação de apoio, favores, vantagens, privilégios e carteiradas. Entrevista especial com Jacqueline Muniz
- O que são milícias?