06 Mai 2021
“Nosso trabalho carrega uma responsabilidade ética e profética que não podemos evadir e que ultrapassa nossas filiações contratuais e inclusive eclesiais”, asseguram em uma carta pública de 04 de maio um grupo de 36 teólogos, biblistas, educadores e educadoras de distintas comunidades e confissões religiosas da Colômbia para se posicionar ante a situação de convulsão política que o país vive desde 28 de abril.
A reportagem é de Jordi Pacheco, publicada por Religión Digital, 05-05-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Ante a rebelião social gerada pelas massivas mobilizações cidadãs, os assinantes da carta denunciam o assassinato, desaparição, perseguição, repressão e violações por parte do Estado contra as muitas pessoas que estão nas ruas da Colômbia, especialmente os jovens que protestam contra o governo de Iván Duque e seu grupo político. “As medidas implementadas pelo Governo vão em detrimento da vida, dignidade, saúde, educação e trabalho da população; a geração de violência e destruição por dentro das marchas é por parte de atores externos infiltrados, que se utilizam das justas causas e reivindicações dos que marcham”, asseguram na carta. “Rogamos para que cesse a violência e a repressão que custou a vida de civis, policiais e muitos feridos”, exigem.
A carta denuncia ao mesmo tempo o assassinato e perseguição de lideranças sociais, indígenas e rurais por parte de grupos armados em todo o território nacional e “a indiferença, invisibilização e estigmatização de seus trabalhos”; também o assassinato e a perseguição daqueles que assinaram o Acordo de Paz; a perseguição e estigmatização de professores, especialmente aqueles que trabalham em zonas de conflitos e com presença de grupos armados. Para o grupo, “a corrupção incrustada nas diferentes esferas do poder” tornou-se “em destrutora de vidas e dignidade”.
Conscientes de sua responsabilidade como acadêmicos e pastores de referência e longe de querer se isolar em seus “trabalhos diários”, ante o atual contexto de rebelião, eles denunciam “com veemência” a promoção da violência por parte de “setores que se autodenominam cristãos, crentes ou religiosos, que usam o nome de Deus ou de Jesus para justificar a morte, a anulação ou discriminação e qualquer ser humano”. Por isso, consideram necessário dizer que “essas posturas são absolutamente incompatíveis e incoerentes a respeito das ações e mensagem mais fundamental de Jesus de Nazaré”.
“Não podemos consentir que em um país como o nosso, que se identifica cristão em sua maioria, existam níveis de fome, violência, injustiça e desigualdade tão desumanos”, enfatizam.
É sabido que a Colômbia necessita de um diálogo “respeitoso e plural”, apelam a participação de todas e todos para construir “um projeto comum que saiba fazer da diversidade e da diferença uma autêntica riqueza em benefício da dignidade humana”.
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Colômbia. Teólogos, biblistas e professores denunciam a repressão nas ruas do país - Instituto Humanitas Unisinos - IHU